sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Bom Ano 2011!

Toques de Cabeça



ADEUS, ATÉ PARA O ANO
Por JMMA



Cumprido mais um ano de Toques de Cabeça, chegou a altura de fazer algum balanço, agora que me despeço desta rubrica e dos meus dois leitores (incluindo eu próprio), até regressar no ano que vem, com uma nova rubrica, absolutamente igual a esta, e, espero, com os mesmos leitores absolutamente iguais a estes.

Tentei, durante estes 365 dias, ser igual a mim mesmo, um JMMA que não tenta enganar ninguém sobre a sua identidade clubística, que é sobre ela completamente transparente, isento e independente. Poderia ter arranjado um pseudónimo mais expressivo, Dragon Ball, por exemplo (embora de dragons esteja o mundo cheio) ou mesmo Pinto C’Est Moi, por exemplo, mas este exemplo não seria exemplo para ninguém.

Assim, durante 365 dias, limitei-me a ser eu próprio, um assíduo e pertinaz crítico da realidade futebolística portoguesa (com o), objectivo quando não tinha de o ser, e sincero quando não tinha de o ser. E fui, durante estes 365 dias, o cronista mais lido, comentado e discutido do mundo de língua futebolesa e quiçá (como diria o grande domador de leões Paulo Sérgio) de todo o mundo, incluindo o Footbicancas, já que todos os outros cronistas meus colegas, no ano que passou, primaram pela assiduidade na ausência. Portanto, Toques de Cabeça C’Est Moi, e, de um modo geral, a verdade C’Est Moi também, embora a concorrência persista em ignorar-me. A “Águia de Ouro” - Nobel benfiquista - dará cabo deles.

Sei que Toques de Cabeça acordou muita gente para a realidade, e sei também que se um elefante..., três elefantes acordam muito mais. Por isso, fiz rodar alguns talentos suplementares por rubricas alternativas, tipo equipa B, como “Inquérito” e “Falar Verdade a Mentir”. Sempre, porém, com a mesma isenção e objectividade do benfiquista que sabe ver as coisas. Ou do benfiquista que, pelo menos, sabe uma coisa: é que, em futebol, o comentário objectivo e as conversas entre adeptos são tão parecidos, tão parecidos, como a Bíblia e a Playboy.

E prontos. Assim me despeço. Não, porém, sem antes desejar aos meus respeitados rivais que em 2011 vejam os esforços dos vossos clubes plenamente coroados de êxito: para o FCP, na luta pelo segundo lugar do Campeonato, evidentemente; e para o Sporting, na consagração como o quarto grande. Evidentemente.

Até para o Ano!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Cansaço de Falcão


Falcão saiu ao intervalo do jogo Paços de Ferreira – Porto porque, segundo Vilas Boas, estava completamente desgastado fisicamente e quase a atingir o limite.

O FootBicancas descobriu o porquê. É só ver a fotografia que vos deixo. Oh Falcão, tens que ser mais regrado!

Pôncio Monteiro: 1939 - 2010 - Um Abraço!


Toques de Cabeça


QUERIDO PAI NATAL

Sei que és meu amigo. E sei-o pela melhor das razões: porque sim. E sei também que me perdoas por não acreditar em ti. Em todo o caso, pela cor da indumentária que vestes (e isso é talvez o que mais temos em comum), tanto um como o outro, sabemos que, com conta e medida, o benfiquismo ainda é capaz de ser o menor dos defeitos humanos.

Escrevo-te estas linhas para te pôr ao corrente de umas desconversas que me têm trazido profundamente apreensivo, sobretudo porque, a serem verdade, põem em causa o teu proverbial sentido de justiça. O caso é que andam por aí uns vizinhos a dizer que os obsequiastes antecipadamente. Um, na sequência duma arbitragem à Dragão, falou em “prendas antecipadas” ao FC Porto; este, por sua vez, sem sequer negar, respondeu que “As prendas de Natal para o Sporting foram dadas no fim do Verão”. O futebolês, em Portugal, sempre foi um idioma cifrado, portanto, eu nem sei ao certo do que é que eles estão a falar – mas eles sabem. E o certo é que a nós ninguém nos deu nada, só nos tiraram, e não foi pouco.

Quero dizer-te, porém, que não imagino ver o teu nome envolvido em tais dislates, mas temo que aqui em baixo ninguém me dê ouvidos se te mantiveres nas divinas tintas e não corrigires rapidamente as propaladas injustiças. Assim, Pai Natal, para amanhã, quando passares por cima das chaminés dos clubes de futebol, a minha lista de recomendações é a seguinte.

1. Concede aos adeptos portistas a capacidade de compreender que não é pelo volume do resultado que, nós, benfiquistas, deixamos de estar ao seu lado nos sentimentos, tão insistentemente expressos, acerca do tal jogo dos 5-0. Têm razão, sim senhor: a arbitragem foi isenta, e isso só pode ser considerado um escândalo. É raríssimo um jogo no Dragão em que a equipa da casa não é beneficiada. Como é que a Liga ousou não respeitar as tradições ancestrais! Inadmissível.

2. Já agora, não te esqueças de conceder também a sua papidade o presidente do Porto boa saúde e clarividência de espírito no Ano que vai entrar, a fim de ele poder continuar a elucidar-nos, principalmente em matérias relacionadas com a verdade desportiva e com a gestão do plantel do Benfica. Pelo Natal, época de circo, é-nos indispensável . É que os palhaços fazem-nos rir, e esse senhor também.

3. Ao Sporting, em primeiro lugar, vê se concedes o tal “pinheiro” pedido por Paulo Sérgio para o ataque leonino, já que disso depende a possibilidade de o clube sanear as finanças através do recurso aos apoios comunitários a fundo perdido, previstos para a lavoura.

4. Mas vê se se concedes também aos sportinguistas a capacidade de continuar a acreditar na estratégia de futuro do presidente Bettencourt, quando este diz que os adeptos não devem pensar nos pontos perdidos mas apenas nos pontos que vão perder. Chama-lhes a atenção que Bettencourt disse que os sportinguistas iriam ter muitas alegrias nesta época, e a prova de que tinha razão foi a vitória do Porto sobre o Benfica.

5. Finalmente, peço-te que deixes um sofá em Alvalade. Sim, uma cadeira; a fim de evitar a repetição de um lapso bem desagradável ocorrido no último Sporting-Porto, que foi o facto de o Pinto da Costa, na tribuna de honra, se ter sentado em cima do Bettencourt julgando que era um pouf.

6. O campeonato está difícil para os encarnados. Mas é importante não esquecer que se trata de uma competição muito dura e longa. Será preciso Jesus sair para Deus começar a ajudar o Benfica? Não acredito. O Criador anda mas é a pregar partidas ao génio da táctica. E, com todo o respeito, são das de mau gosto. Podes dizer-me o que realmente se passa? Temos o campeonato, a taça de Portugal, a taça da Liga e uma taça UEFA para ganhar. Todos sabem, e os que não sabem sentem-no como evidência desarmante, que Jesus é capaz de nos salvar. É esse o significado da festa, amanhã. Mas se puderes pôr uns paus nas rodas do Villas-Boas, seria mais fácil. É esse o meu último pedido.

Beijinhos.

JMMA

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Falar Verdade a Mentir


EU (NÃO) TE PERDOO SOARES DIAS

Assim é que é jogar. Para mim um bom jogo é isto: aos dez minutos o Benfica já ganha por 2-0; depois, junto ao intervalo, sofre-se um bocadinho, que uma pitada de ‘suspense’ só anima, e até evita que os adeptos apressados abadonem o espectáculo a meio. Na segunda parte ainda se marcam mais três, para irmos para a cama mais aconchegadinhos.

Ao que parece, o Benfica concedeu aos sócios um desconto substancial no preço dos bilhetes para o Rio Ave. Quem diz que os preços eram caros? Viram os golos dos argentinos? O espectador paga para ver futebol e pelo mesmo preço ainda leva uma portentosa exibição de slalon. Não brinquem comigo, se fosse eu que mandasse, acho que Aimar, Sálvio e Saviola deviam ir para a relva equipados de esquis.

Estamos em plena quadra natalícia, em que as pessoas se apresentam aparentemente mais dadas aos sentimentos. É nestes períodos que mais se ouve proclamar os valores da solidariedade, da fraternidade, da família e da paz. Organizam-se programas televisivos dedicados ao Natal, as empresas promovem jantares de confraternização e muitas instituições promovem vendas de Natal para ajudar os desprotegidos da sorte.

Confesso que, atendendo às circunstâncias, ainda alimentei a esperança de que a gala televisiva transmitida a partir do Estádio da Mata Real, onde o líder, para o fim, parecia imbuído do espírito natalício, viesse a traduzir-se numa dessas festas de benemerência a favor dos desprotegidos da arbitragem. Afinal enganei-me.

Em cima da hora, quando já estava desenganado, um erro (mais um) de Artur Soares Dias deu a tranquilidade aos que menos precisam e menos mereciam. Quando até já nem fazia falta (ao FCP, entenda-se. Olhem se fosse a favor do Paços!), o árbitro de Braga resolveu meter os pés pelas mãos, assinalando grande penalidade a favor do FC Porto por pretensa mão de um pacense que, na realidade, cortou a bola com o pé. E, pronto, arruma-se a questão por causa dos nervos.

Decisivo ou não, pouco importa. O que releva (tal como os erros contra o Porto) é que mais uma vez se vê que vivemos numa sociedade que se diz justa, mas a realidade é bem diferente. Não é só o Natal que não igual para todos. Nada, nunca, é igual para todos.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Paços Ferreira: 0 - FCP: 3


E pronto, o ano de 2010 acabou sob o ponto de vista futebolístico e o Porto cumpriu com o pedido, isto é, manteve os 8 pontos de avanço, depois de o Benfica ter ganho ontem de forma concludente.

A vitória de hoje é que não foi concludente. O Porto jogou bem na primeira meia hora de jogo, mas depois foi-se abaixo das canetas. Não só por culpa própria, mas principalmente porque o Paços fez um grande jogo. Sim senhor, a jogar assim, vão à Europa.

Mas o que mais me motivou a escrever hoje no grande FootBicancas foram os comentários que li no Facebook, pois, permitam-me a arrogância, as vitórias estão a ser muito normais este ano. É extraordinário a onda que imediatamente se levantou por causa do penalti. Até dou de borla que ele realmente não existiu. Até admito. O que não entendo é a sede com que se está a olhar para os árbitros nos jogos do Porto. Procura-se um erro como quem procura uma agulha no palheiro. Se ao menos se procurasse a agulha independentemente da cor…

Os especialistas em arbitragem só não viram um penalti sobre o Hulk e a forma como o Soares Dias transformou uma expulsão do Filipe Anunciação num amarelo para o Álvaro Pereira (curiosamente na falta que deu origem ao tal penalti).

Para terminar, repito um comentário que deixei no Facebook: vitória muito sofrida e resultado enganador pelo exagero e não pela justiça. “Quem vier falar do árbitro será simplesmente por má fé” e, acrescento, desespero.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Toques de Cabeça


LIVROS PARA O NATAL
Por JMMA

Há quem pense que o descanso amolece os miolos. Que, em época de ócio, as leituras se devem resumir ao jornal desportivo. Ora, é precisamente o contrário: sei de experiência feita que as noites longas de Inverno são perfeitas para o desenvolvimento do QI. Há muito tempo para pensar e há muitos livros que nos fazem pensar... Sugiro, portanto, ao leitor que aproveite a pausa natalícia e confirme esta minha tese em algum dos títulos seguintes, todos em português, todos recentes, e dois deles acabadinhos de sair:

Os Donos de Portugal – Cem Anos de Poder Económico em Portugal (1910-2010), Jorge Costa e outros, Afrontamento.

Logo na introdução leio: “Queremos simplesmente conhecer os donos de Portugal e fazer a história política da sua acumulação económica. ”Vai da I República à democracia pós-1974, passando, claro, pela ditadura. É a história político-económica da acumulação de capital em Portugal nos últimos 100 anos. O que fica demonstrado com este livro é, antes de mais, que a economia portuguesa sempre foi um território de desigualdade extrema e vem-se agravando progressivamente. Os donos de Portugal, nos últimos cem anos, são uma família de famílias, cruzam-se uns com os outros, mostrando que o processo de selecção é endogâmico. Diz uma das conclusões: “É sempre o Estado, fosse ele ditatorial ou não, que protege, que selecciona, que ampara, que financia, que organiza o monopólio, que paga a renda.” Isto é, os donos de Portugal instalam-se sobre o privilégio e o favorecimento. Os escândalos do BCP, do BPN e do BPP revelaram as faces da ganância. No caso do BCP, indo até ao ponto de sacar uns dinheiritos ao Irão, como se viu há dias através das revelações do Wikileaks. Como não ler?

Como o Futebol Explica O Mundo – Um Olhar Inesperado sobre a Globalização, Franklin Foer, Palavra.

Parece que não há-de ter nada a ver com o anterior, mas tem e muito. Explica o falhanço da globalização em apagar ódios antigos no interior das grandes rivalidades do futebol. Traça com minúcia uma aprofundada análise do fenómeno do hooliganismo. Recorre ao futebol (cá estão as afinidades) para abordar algumas facetas da economia, tais como a persistência da corrupção, a emergência de novas e poderosas oligarquias, a promiscuidade entre os poderes e o futebol, que tem como símbolo máximo Sílvio Berlusconi, o primeiro-ministro italiano e presidente do AC Milan. Por último, recorre ao futebol, à convivência do jogo, como forma de obstar ao regresso do tribalismo. Muito interessante.

Mas não sou ingénuo a ponto de ver os leitores do Footbicancas, sem excepção, a gastarem os seus tempos de lazer natalício embrenhados nos vícios do processo português de acumulação capitalista, ou a discernir sobre o Mundo a partir dos fenómenos que caracterizam o futebol moderno e vice-versa . Talvez um tema de natureza mais prática os atraia melhor. Nesse caso sugiro então o seguinte.

As Manobras de Pinto da Costa - Desmontando um Mito, Marco Alves, Zebra.

Mas note bem o leitor. Este livro não é um ataque ao mito, muito menos à personalidade que lhe está associada. Como o autor adverte, o que se descreve «são apenas factos». Se tem ou não a ver com os temas das obras anteriormente propostas – cada qual que julgue por si.


Bom Natal.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Falar Verdade a Mentir


SAVIOLA E AIMAR ACUSADOS DE OCULTAÇÃO DE CADÁVER

Com o FC Porto a fazer um treino com bola, leões e águias tinham pela frente adversários complicados na prova rainha do futebol português. Mas, no momento em que escrevo, verifico que tanto o Sporting como o Benfica, alcançaram plenamente os objectivos que se proponham.

«Amanhã [Sábado], para nós, é a final da Taça de Portugal», dizia Paulo Sérgio na antevisão do jogo com o Setúbal. Talvez a afirmação efectivamente proferida tivesse sido - «Amanhã, para nós, é “o” final da Taça de Portugal». Erros de percepção ou de transcrição jornalística são sempre possíveis. De qualquer modo, há que reconhecer que a meta dos leões foi conseguida, nos precisos termos em que o seu treinador prometeu.

Quanto ao Benfica, após vitória concludente sobre o Braga, acaba de se qualificar com ganas para os oitavos-de-final. Quando os profetas e a impaciência dos adeptos já agoiravam um Natal sem Jesus, reedita-se a história de Mark Twain: as notícias que anunciavam a sua morte afinal eram exageradas.

Haverá, certamente, ainda muito mais a esperar de uma equipa campeã nacional em título. Mas agora o que intriga sobremaneira os observadores é o mistério da ressurreição. Podemos aqui avançar em primeira mão uma notícia que, com certeza, poderá fazer luz sobre esta magna interrogação.

Segundo acabámos de saber de fonte fidedigna, uma denúncia anónima está a dar origem a investigações que poderão beliscar a honra de Saviola e de Aimar. Os dois argentinos são acusados de sequestrar a crise do Benfica, podendo a todo o momento ser processados pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Os cães pisteiros do ‘Trio de Ataque’ e do ‘Dia Seguinte’, tal como o médico que todos os anos passa o atestado de robustez física ao Mantorras, estão malucos. É um odor a crise morta nas imediações da Luz que não se pode. Saviola e Aimar, cada um com seu golo, cortaram a crise aos bocadinhos, embrulharam as partes num plástico e esconderam-nos junto à parede do Media Markt. “Eles até juntaram algumas oportunidades de golo falhadas só para baralhar as provas”, revelou o autor da denúncia anónima.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Toques de Cabeça



QUE HORAS SERÃO EM KUALA LUMPUR?
Por JMMA

O leitor está a ver aquele tipo de cronista irritante que aproveita todas as viagens para dar a saber onde esteve e se pôr a gabar o estrangeiro com o objectivo evidente de depreciar Portugal? Pois bem, ontem, quando assistia pela televisão àquele simulacro de noite europeia no mítico inferno da Luz, desertei. Quando já só o que queria era abstrair daquela apagada e vil tristeza, pus-me a pensar à frente do écrã: que horas serão agora em Kuala Lumpur? Só indo lá ver...

Imediatamente, estava eu a passear nas ruas de Kuala Lumpur, que é muito mais multicultural que a Cova da Moura na Amadora, ou a praça do Rossio em Lisboa, e pus-me a pensar como na verdade é fácil cair na tentação do cronista irritante. Uma pessoa sai de Portugal (neste caso do estádio da Luz) e vê-se em cidades grandiosas, com gente que labuta à séria, economias que progridem no ranking. E pensa: então mas eu sou compatriota disto ou das birras de balneário do Benfica, das arbitragens manhosas do Elmano, das PT que se esquivam ao Fisco, do Pinto da Costa...? Não é difícil começar a acreditar que se nasceu num país errado.

Não é o meu caso. Os países exóticos, para mim, são como o zoo ou os hotéis: é interessante visitá-los, mas não servem para viver lá. Kuala Lumpur, que nunca visitei mas imagino, é nesse aspecto uma cidade exemplar. Há monumentos magníficos em Kuala Lumpur, é verdade. Mas não há bifes da Portugália com imperial. As vistas são deslumbrantes. Mas as pessoas falam uma língua bizarra. O malaio (Bahasa Melayu), composto por múltiplos dialetos difíceis de compreender para maioria dos kualalumpurenses (se assim se pode dizer), é para nós uma lingua completamente ininteligível. Excepto o papiá, línguajar crioulo de base portuguesa, deixado pelos navegadores e seus descendentes miscigenados, que apesar de esquisito, ainda assim dá para arranhar alguma coisa.

Tanto assim que, vendo pela televisão o resto do jogo da Luz relatado em malaio, consegui perceber tudo. Por exemplo, a palavra «Deus», nas expressões «seja o que Deus quiser» ou «Deus nos acuda», em malaio diz-se «Lyon». Já em relação à conhecida expressão «Quem tramou o Roger Rabit», à falta de tradução própria, o malaio não diz «Roger Rabit», diz «Jorge Jesus». Mas o mais interessante é que a palavra «andor», pronunciada à maneira do norte, no falar dos malaios diz-se «elmanosantos». O que, na verdade, sendo o andor um utensílio para transportar santos à mão, faz obviamente todo o sentido. O mesmo sucede, aliás, com o termo crioulo «xistra», que pela similitude fonética se vê logo que quer dizer «cesta» (de fruta, docinhos, etc.), pronunciada à moda de Guimarães.

Vejam, pois, como são extraordinários os vestígios culturais do império colonial português no Oriente! Quando me apercebi, até me chegaram as lágrimas aos olhos. Mas eu sou assim: cinco minutos fora de Portugal e começo a ficar com saudades do Filipe Vieira, do Pinto da Costa... Cinco minutos talvez seja exagero. Dez talvez. De meia hora não passa.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

PRESSÃO ALTA


ESCÂNDALO!

Por JCR

Foi hoje e uma vez mais descolorida, a exibição do FCP.

Mau grado a espaços na primeira parte tenha dominado o jogo e o adversário (como expectável e até mesmo exigível), a imagem global hoje deixada foi demasiadamente pobre, e incompreensível.

Como pobre foi o argumento apresentado pelo adjunto ‘Vitor Pereira’ no final, de que a equipa manifestou cansaço na segunda parte, resultante do esforço dispendido na 5ª feira em ‘Viena’, agravado pela viagem de madrugada, blá, blá, blá.
Ocorre-me recordar – não apelando em demasia à memória - que o Porto defrontara o ‘Besiktas’ igualmente a uma 5ª feira, tendo cumprido no domingo imediatamente a seguir a melhor exibição da época frente ao ‘Benfica’.

A equipa não jogou bem, ponto!
O esquema de jogo delineado não funcionou, ponto!
A ala esquerda não convenceu, sendo gritante (pelo menos ao momento) a inadequação de ‘Rafa’ à titularidade, ponto!
(Nota: Parece-me ter sido equívoca a utilização em ‘Viena’ de ‘Varela’ e ‘Fernando’.)

É preocupante, a meu ver, a dicotomia existente no plantel entre a excelência de alguns jogadores e a mediania dos seus substitutos directos e naturais.
Os únicos ‘suplentes’ com nível para enfrentar a titularidade sem quaisquer reservas, são (uma vez mais na minha opinião) ‘Fucile’/’Sapunaru’, ‘Maicon’/’Otamendi’, ‘R. Micael’ e ‘Souza’’, sendo que este último (vá-se lá saber porquê) não tem feito parte sequer das segundas escolhas.

Daí que uma lesão pontual ou grave possa tornar-se facilmente uma desesperante dor de cabeça.
A título de exemplo ficam as exibições cumpridas após a lesão de ‘A. Pereira’, excepção feita ao jogo de ‘Viena’ que, ainda assim, não se configura propriamente como o melhor dos modelos.

Do mal o menos… não se perdeu hoje pontos.

Adiante…

Eis que HOJE o caldo se entornou, no “sempre pacífico” mundo da análise/comentário desportivo (e descomprometido) nacional, em especial no que respeita as arbitragens!

Isto depois de uma semana/jornada passada, em que pouco ou nada se falou, porque nada de anormal e relevante sucedeu neste plano, senão que o ‘João Moutinho’ deveria ter sido admoestado com amarelo aos 13’ do jogo com o ‘Sporting’.

A mesma semana em que vi ser inventada uma nova regra para a avaliação dos fora-de-jogo, em que aguardo serenamente pela acção disciplinar que vai por certo valer a entrada violenta do ‘Moutinho’ sobre o ‘Maniche’, em que se descobriu que o ‘Maicon’ pôde ser expulso por ser ingénuo e porque o ‘’Liedson’ é perito na arte de saber expulsar adversários, e em que me foi dado a saber que uma entrada por trás sem bola às pernas do adversário aos 2’, é coisa pouca e sem relevo…

A mesma semana ainda, em que um “energúmeno sem nível” (alguns o pensam, e aqui e ali o dizem!) que se passeia pelo banco de suplentes do FCP, veio mostrar pública repulsa pela nota positiva atribuída a um árbitro que, apenas e só, teve uma actuação irrepreensível, sem erros com directa e grave influência no resultado final do jogo.

Mas centremo-nos nos casos de hoje, esses sim IMPORTANTES, GRAVES, VERGONHOSOS e ESCANDALOSOS para a nação futebolística:

A grande penalidade favorável ao FCP não o é (ponto, dizem eles!), simplesmente porque não se vê.
Confesso que nem eu a vejo, tão-somente porque não ma dão a ver e porque apenas me são dados 2 planos distantes da jogada. A milagrosa câmara à traseira da baliza (que permite ver a 2ª grande penalidade do jogo, e a sua execução, mas já lá vamos!), aparentemente – azar dos azares - não funcionou naquele momento.
Vai daí, se não vemos (e eu, reitero, não vejo porque não me mostram), não há!
Não deixa de ser curioso que o jogador que comete a infracção (dizem eles que não toca no ‘Falcão’!), caia sobre o jogador do FCP após a queda deste. Efeito íman, por certo.
O caso para mim é, verdadeiramente, a realização do jogo não ter imagens claras para nos dar, pelo menos análogas às que nos deu na segunda parte.
Mas isto sou eu a teorizar sobre a conspiração que sempre envolve estas coisas, não?!?

Já estou como o outro, o “energúmeno sem nível”: se me mostrarem, e eu estiver errado, peço desculpa!

O verdadeiro caso (dizem eles!), ocorre aos 90’, quando o árbitro manda repetir a execução de uma grande penalidade favorável ao ‘Setúbal’, alegadamente porque (vejam lá a vergonha, o escândalo!) não tinha ainda apitado para a sua marcação.
O homem diz que não apitou como se impõe, sinaliza-o inclusive gestualmente, os jogadores do ‘Setúbal’ não contrariam a sinalética do árbitro (pelo menos que se veja, lá vamos nós outra vez!), o avançado do ‘Setúbal’ FALHA a segunda execução, e o caso nasce em si mesmo, qual (perdoem-me a comparação) concepção sem pecado.
E veja-se o caricato da coisa:
Haverá maior incoerência da parte de um árbitro, do que toda esta palhaçada em favor do FCP (dizem eles!), depois de aos 89’ assinalar uma grande penalidade (*) contra o mesmo FCP, no Dragão, com o resultado em 1-0 (caso que não é virgem, de resto, com este mesmo árbitro!).

E já agora: se o árbitro tem certeza da falta que vê e da decisão que toma, porque admoesta ‘Otamendi’ e não ‘Fucile’.
OK! Já sei! Se viesse a admoestar ‘Fucile’ teria de o expulsar aos 89’, com o inerente prejuízo que daí adviria para o FCP.

Tenham lá paciência e não insultem - pelo menos - a minha (passe a imodéstia) inteligência.

(*) Não dando como errada a marcação pelo árbitro desta grande penalidade, mais não seja pela visão que lhe é dada da jogada, ainda me há-de explicar (quem quiser, se quiser) quando se deve assinalar falta ao defesa ou ao avançado estando ambos a agarrar-se mutuamente.
Será esta a velha questão da intensidade ?!?
Ou será que pende para o que cair primeiro ?!?

Acautelem ao menos todas estas mentes brilhantes, que neste País - também - há gente que (mau grado eventuais energúmenos sem nível) não só não é parva, como não se deixa tomar como tal.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Toques de Cabeça


AGRADEÇO À FIFA
Por JMMA

Assim que se soube que a organização do Mundial de 2018 ia para a Rússia, a verborreia futebolesca invadiu o tempo de antena das rádios e televisões nacionais. Seguiram-se horas de ressaibo e dislates, apontando o dedo acusador à pretensa (e abominável) filosofia de negócio que terá imperado na decisão da FIFA. Ora aí está (!), os rublos e o gás do Kremlin impuseram-se naturalmente à concorrência europeia, principalmente à bondade superior do «nosso» projecto. Putin, Abramovich e companhia têm o dinheiro que move montanhas e, pelos vistos, votos da FIFA.

Pensei cá para mim: se a organização do evento tivesse sido atribuída à Espanha – perdão: à Ibéria – como seria fácil o falatório do mau perder! Sabendo que na Rússia, como noticia hoje a nossa imprensa, que nada em dinheiro, mesmo assim se questiona se “o custo para ter o Mundial 2018 não é demasiado elevado” e se “não corresponde à política dos patrícios na Roma antiga, em que toda a relação com a plebe se resumia à oferta de pão e jogos”... Se isti é assim, imagine-se então quanto não haveria para dizer, nesta perspectiva, da ‘vaquinha’ ibérica. Sobretudo do seu apêndice português, sem dinheiro, sem economia, sem futuro, apenas fiado na crença atávico-madailesca de que o sonho comanda a vida.

No meio de toda essa verborreia e fantasia nacionais, acabou por vir dos cidadãos o que, infelizmente, não ouvi dizer aos comentadores encartados: que a candidatura ibérica era uma vergonha, pela oportunidade, claro, e sobretudo pela inadmissível relação de menoridade face à Espanha, como a seu tempo escrevi. Agradeço à FIFA ter-nos poupado à concretização desse vexame.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Toques de Cabeça


DECLARAÇÃO DE VOTO
Por JMMA

Tenho de reconhecer que existem pessoas bem melhores do que eu a expor ideias que eu gostaria de partilhar. Fazem-no com uma lucidez, uma concisão e uma objectividade que fico com inveja. Há dias, no DN, depois de confessar o «gosto imenso» pelo futebol, alguém falava assim sobre a vergonha que sentia, como português, pela «desgraçada parceria» luso-espanhola para a organização do Mundial de 2018.

Nela, «aceitamos aparecer como uns pedintes que tudo fazem por um convite para a grande festa. Pela primeira vez no mundo, dois países juntam-se para tentar organizar uma competição desportiva sem ser em plano de igualdade. A prova começa em Barcelona e acaba em Madrid. Nos cartazes, Lisboa e Porto aparecem em pé de igualdade com Badajoz. O Governo, em dificuldades, apoia; o Presidente da República, em campanha, cala.»

Assino por baixo. Mas quero fazer uma anotação. Além da nossa condição de menoridade na “parceria”, há que sublinhar, com toda a veemência, que a árvore das patacas propalada pela imprensa com base num alegado estudo académico, apontando para um lucro de 1 000 milhões de euros (repito 1 000 milhões!) – só para Portugal – não pode ser entendida senão como um admirável número de ilusionismo por parte do inefável Dr. Madail, mais uma vez, «pour épater le bougeois». Será que ainda há quem acredite que o Pai Natal vem da Lapónia num trenó puxado por renas?!

Infelizmente a verdade é esta. É mais que evidente que o dito projecto não contribuiu em nada para a saída da crise tremenda em que nos encontramos. E nem sequer contribuiu para a solução de qualquer dos grandes problemas que nos afectam. Talvez que isso fosse exigir demais, bem sei. Mas então ao menos assegurem-nos que o projecto não os agrava, designadamente, pela inoportunidade dos sinais que transmite, contraditórios com a nossa pelintrice. Além da extensão dos custos que fatalmente sempre acabam por ser suportados pelo contribuintes. Se fossem só as estruturas do futebol, elas próprias, a pagá-los... nada a dizer. O problema é que todos pagamos com o dinheiro das nossas contribuições. Assim, não, senhor Madail.

Portanto, daqui a umas horas, quando a FIFA se reunir na Suíça para divulgar pomposamente qual a candidatura a que vai ser atribuída a organização do Mundial de Futebol de 2018, o meu desejo é que a chamada candidatura ibérica, na qual temos um papel humilhante, e nos vai custar os olhos da cara, seja derrotada!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

INQUÉRITO



O QUE É QUE ACHA DE UMA CANDIDATURA CONJUNTA DE ESPANHA E PORTUGAL AO CAMPEONATO MUNDIAL DE SESTA?


BETO MALUCO

Pacifista desportivo. Inventor de faixas e coreografias de claque, são de sua autoria palavras de ordem como «Make love, not war» e «Águias e dragões: por um futebol de afectos». Sendo um fiel seguidor do Jornal A Bola, é também Presidente do Clube dos amigos da Revista J. Fair play e igualdade de género no balneário, são as suas grandes bandeiras no âmbito do Movimento Grandepiça (espécie de Greenpeace português para o futebol).

Oh pá, desde que vi na televisão o ‘beijogol’ da jornalista ao Iker Casillas, logo após o jogo da final com a Holanda na zona de entrevistas rápidas do Soccer City de Joanesburgo, nem queiram saber!,só me apetece é ir para Espanha dormir a sesta. Se Portugal e Espanha estiverem juntos na sesta, isso é que vai ser bom. Já me sabe dizer quando é que abrem as inscrições? Quero ficar no grupo da Sara Carbonero!


GILBERTO MADAIL

Pessoa que agradece todos os dias aos jornais o que sabe sobre o futebol português. Entre um ‘não’ e um ‘sim’, opta sempre pelo ‘nim’. É o maior especialista português em fugas para frente.

Se temos as infra-estruturas físicas para a prática da Sesta porque não? E mesmo que não tenhamos. Acusam-nos de cometer disparates na organização do Euro 2004. Que em vez de 10 estádios (mais do que o caderno de encargos obrigava) construimos uma manada de «elefantes brancos». Balelas! Excessos sempre houve, desde a Expo’98, ao Centro Cultural de Belém passando pela Casa da Música. Esbanjar dinheiros públicos está-nos no sangue... De resto, os espanhóis sabem sempre o que estão a fazer. Agora vou só ali pintar o cabelo e depois vou a Madrid ver se o Real (face à cabazada) quer que lhe empreste o Paulo Bento para substituir o Mourinho nas duas próximas jornadas.


MOURINHO

Apesar da indigestão, ainda ‘Lo especial de la siesta’, e sempre sério candidato a um lugar no pódio.

Vêm-me falar em sesta? Ora porra, precisava era de uma cesta, para a real cabazada do Pepe, ontem, no Camp Nou. ‘Ahora mismo no sé como é que hey de guardio-la’. Bom, mas já que é assim, vamos lá então a essa coisa da sesta.

Eu acho que a sesta é sempre um hábito salutar. Aliás, estando em Madrid, qualquer principiante de ‘mind games’ lhe diria o mesmo. Mas não é isso. As melhores sestas da minha vida foram em Lisboa, no estádio da Luz. Nessa altura, tinha até uma almofada com desenhos do Vitinho e tudo. Mas penso que a sesta não deve conhecer fronteiras. Por isso, só posso estar de acordo com o campeonato ibérico da sesta! Que mais não fosse para ver se põem rapidamente a rolar o TGV para Badajoz, que tanta falta me faz. E se a coisa resultar, pode ser que o primeiro-ministro se lembre também de organizar os Jogos Olímpicos de 2020 com a Madeira, o Bugio e as Berlengas, para justificar o aeroporto de Alcochete. Ali, a dois passinhos de Setúbal... Dava-me mesmo jeito! Força, lá então com essa candidatura ibérica da Sesta!

PRESSÃO ALTA


Não Gostei!
Por JCR


Confesso que não gostei de ver o meu FCP jogar ontem frente ao SCP.
A sobranceria com que enfrentou o jogo e o adversário, similar àquela que colocou em campo frente ao Portimonense e Moreirense, não me agradaram e fazem-me crer que a mensagem de rigor colectivo passada após o jogo com o SLB, não foi bem interiorizada.

Um FCP na linha do que nos foi dado a observar até à 10ª jornada, chegava e sobrava (a meu ver) para vencer o jogo de ontem, ou, não vencendo, para convencer e dominar claramente o jogo e o adversário.

Não me parece lógico, que este FCP se veja hoje na necessidade de fazer “apelos à revolta” e “incremento dos índices de agressividade e motivação” ao intervalo dos jogos, independentemente das circunstâncias.
Creio, como antes referi, que um FCP atento, concentrado e focalizado como o que vimos até à 10ª jornada, não carece de tais intentos, para dominar e (quiçá) vencer os jogos que disputa (pelo menos a nível interno).

Dizendo-o de outro modo: o FCP que este ano nos tem sido dado a conhecer (e isto dos bons ou maus hábitos …), jogaria desde o primeiro minuto como jogou na segunda parte da partida, enquanto pôde …

Daqui parto noutra direcção …

Não gostei mesmo nada da arbitragem daquele que é por muitos identificado como (!!!) “Super-Dragão de Paredes”.

Estou certo de que, relativamente a este ponto, encontro concordância na generalidade dos que vêem o futebol pelo futebol.

A falta de critérios uniformes foi gritante, aqui e ali em eventual prejuízo do SCP, mas na grande maioria do jogo (e nos seus principais lances) em manifesto prejuízo do FCP.

Creio até que uma arbitragem destas, com erros que falseiam a “verdade desportiva”, porque com directa influência no resultado final, merecia da parte do FCP uma acção similar à assumida pelo SLB após o jogo em Guimarães.

E, como então sucedeu ao SLB, que não se iluda ou menorize os graves e claros erros da arbitragem, com a eventual exibição menos colorida (má, como já aqui assumi) do FCP.

O homem decidiu logo aos 2’ de jogo, contemporizar com o jogo violento ao não admoestar com ‘amarelo’ o ‘André Santos’, naquilo que (contra os que determinam as regras do jogo… repito, as regras do jogo) muitos consideram ser uma forma de procurar segurar a partida.

Escusado será dizer que o que assim se consegue é, normalmente, um jogo que descamba para lances polémicos com (habitualmente) alguma ”violência” à mistura.

Escusado será dizer, igualmente, que o visado da primeira entrada (de muitas!!!) foi o ‘João Moutinho’, mau grado também ele tenha tido aos 13’ uma entrada passível de ‘amarelo’, que o dito homem também contemporizou.

De notar, todavia, a habitual ‘choraminguice’ dos jogadores do SCP nos lances divididos em que sofriam faltas, estratégia que tão bem sabem dominar, quase em exclusivo no nosso futebol.

Que o ‘João Moutinho’ não é hoje bem quisto no reino do leão, já todos sabíamos.

Que se dispunham a criar condições para que o seu regresso fosse inesquecível pelos piores motivos, não surpreende.

O que já não se entende, é que tal venha a ter o foco principal dentro de campo, entre ex companheiros de equipa, alguns dos quais hoje companheiros de selecção, e até da parte do sempre “ponderado” treinador do SCP.
Temos sido bombardeados ao longo da semana com o exemplo ‘Figo-Barcelona’, onde, aí sim, o assunto morreu nas bancadas. Recordo ainda hoje o cuidado com que, por exemplo, ‘Xavi Hernandez’ em mais do que um momento confortou ‘Figo’ ao longo da partida, face ao que chegava das bancadas.

OK! Estamos em Portugal, sempre um pouco mais à frente.

Dizer que foi normal a atitude de alguns jogadores do SCP para com o ‘Moutinho’, é constatação que me dá pena, pela enormidade da sua desfaçatez.

E por aqui me fico.

Nada direi pois relativamente ao golo irregular do SCP, à impressionante entrada do ‘Maniche’, e à bem cavada expulsão do ‘Maicon’ quando o FCP acabava de empatar e estava (finalmente) claramente por cima, sufocando o SCP e em busca da vitória.

Apenas acrescento uma nota:

Quanto tinta correria na imprensa escrita portuguesa, quantos especiais-desporto se fariam ontem, hoje, amanhã, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª feira (e por aí adiante), quantos vestiriam luto se a circunstância fosse a inversa ou, se o contendor do SCP fosse outro.
Não custa pensar nisto, e ocorre-me ter o direito de o fazer.

Oxalá (digo eu), não venha isto a ser o início de algo bem mais complicado, ou pelo menos algo que pesará na contagem final.

(…)
A partir deste momento e até amanhã à noite, estou absolutamente concentrado na minha segunda paixão futebolística.

Que me perdoem os laivos de nacionalismo que a tantos agora ocorrem, mas sou desde pequeno um indefectível adepto do ‘Barcelona’, e não há ‘Mourinho’ (a quem para sempre serei reconhecido e de quem sou fan), ‘Ronaldo’ (o nosso melhor, que não - ao momento e a meu ver - do mundo), ‘R. Carvalho’ e ‘Pepe’, que me façam violar os meus votos de amor eterno ao grande ‘F.C. Barcelona’.
‘Més que un club’, simplesmente.
De resto, e não me levem a mal, tenho o ‘Real Madrid’ na mesma conta que tenho, em Portugal, o ‘Sporting’; digamos, usando de algum eufemismo, que não vou muito à bola com ambos.

Que seja um grande jogo, como estou certo será.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Falar Verdade a Mentir


O Benfica despediu-se hoje da Liga dos Campeões, ao perder por 3-0 em Israel com o Hapoel Telavive. O Footbicancas foi auscultar algumas reacções.

Luis Filipe Vieira confiante no futuro.

O presidente dos encarnados garantiu hoje, à saída do estádio Bloomfield, que o Benfica está apenas a atravessar uma fase menos boa, mas a Direcção mantém total confiança nos seus jogadores tal como na equipa técnica, esperando que uma vitória já na próxima jornada do campeonato, sobre o Beira-Mar, reponha a equipa na senda do sucesso. “Tudo pode acontecer, afinal, é isso exactamente que mostra a história da competição, onde os mais fracos muitas vezes batem o pé aos poderosos”, explicou o presidente benfiquista ao Footbicancas, incentivando os seus jogadores a “superarem-se” em Aveiro e a terem presente o exemplo da histórica vitória, esta semana, do pequeno Braga sobre o Arsenal. “Esperamos ganhar em Aveiro. Depois, bem, depois temos de ser realistas e esperar apenas fazer uma boa casa na Luz contra equipas grandes, como o Olhanense ou o Rio Ave”, concluiu Vieira.

‘A Bola’ garante que Jorge Jesus é o Roberto Bolaño do futebol.

“A Bola” também não se mostrou particularmente abalada com o triste adeus à Champions. Apesar da derrota, Jorge Jesus foi entusiasticamente comparado a Roberto Bolaño, o escritor chileno autor da obra «2666», unanimemente considerado o maior fenómeno literário da última década. “ Ambos fizeram uma obra-prima imensa, complexa, genial, admirada nos quatro cantos do mundo”, numa clara alusão ao “Baño de bola” que o Benfica acabava de dar ao Hapoel. No desenrolar da coversa com o representante d’ A Bola, Vilas Boas foi comparado a Dan Brown e Domingos Paciência a Corin Tellado.

Adeptos não vão crucificar Jesus antes da Páscoa.

Apesar do prematuro adeus à Champions, os adeptos benfiquistas prometem que não vão crucificar Jesus antes da Páscoa. O Footbicancas falou com um elemento dos No Name Boys, que costuma fazer cocktails Molotov numa bomba de gasolina da 2ª circular, que garantiu que os benfiquistas são muito religiosos e que, pelo menos até à Páscoa, o treinador não será crucificado pelos adeptos. Nessa altura, se as coisas não estiverem a correr bem então, sim, Jesus será açoitado, espancado, crucificado e a cruz colocada ao lado da estátua do Eusébio. E até haver um novo treinador, ficará guardada dia e noite pela claque para não se dar o caso de ele se lembrar de ressuscitar.


E pronto, fim de reportagem.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Toques de Cabeça



O BURRO SOU EU
Por JMMA

Um dia sonhei ser jogador de futebol. Um dia todos os miúdos que eu conhecia desejavam ser jogadores de futebol. Trabalhávamos para esse ideal horas e horas a fio, na rua ou no pátio da escola, a correr atrás de uma bola, a rematar à Eusébio, a defender à Costa Pereira, a cabecear à Torres, a centrar à Simões. Não havia nada, nenhum programa de televisão, nenhuma aventura, muito menos qualquer “T.P.C.” (trabalho para casa) que nos mobilizasse tanto, em que fôssemos tão sérios, quase profissionais. Na escola, à hora do recreio, corríamos das salas de aula para o pátio para jogar. Depois da escola corríamos para o “nosso campo”, um baldio atrás das nossas casas, para jogar mais.

Provavelmente, todos os portugueses pós Benfica europeu sonharam um dia ser jogadores de futebol. Mas agora, quando leio ou ouço alguns cronistas de futebol em Portugal – os chamados fazedores de opinião do indígena mundo da bola –, chego quase sempre a uma conclusão: Estes gajos percebem de futebol à brava, mas eu não percebo um caneco do que eles querem dizer. Aquilo são bissetrizes, expressões táctico-aritméticas, definições de espaços e losângulos para todos os gostos, transições para trás e para a frente. Mas o melhor são as metáforas e as citações. Cronista de bola à séria tem que usar pelo menos duas metáforas em cada parágrafo. Além de uma citação, que tanto pode ser de George Orwell como de Umberto Eco, ou de ambos.

Talvez os miúdos da escola continuem ainda a suspirar pelos intervalos das aulas para dar uns toques. Mas suspeito que este tipo de comportamento corre o risco de mudar num futuro próximo. Coitados dos miúdos, se ousarem seguir com atenção as análises científicas de alguns cronistas de serviço que por aí há receio bem que já tenham até alguma dificuldade em perceber o próprio jogo. A mesma coisa se observarem o ar sério, próprio de quem trata de problemas ao nível da física nuclear, que o CR9 (marca registada) faz quando se prepara para pontapear a bola. Ou se olharem para a cara crispada do Jorge Jesus a congeminar tácticas e a gesticular para dentro do campo.

Não, a ideia de que jogar à bola é uma coisa assim a modos que lúdica já não tem o mínimo sentido. Acho que acabou com o Ronaldinho Gaucho sempre a rir com os seus dentes de Bugs Bunny. Os senhores cronistas não brincam em serviço, aquilo é mesmo científico. Complicado, denso, chato, só ao alcance de algumas mentes privilegiadas.

O meu receio é este. Querem ver que um dia destes a miudagem leva os tempos de intervalo a suspirar pelo toque da campainha, para que termine o jogo, desejosos que recomecem as aulas de Matemática, Física, Química! Para poderem descansar o cérebro, evidentemente.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Toques de Cabeça

Lembro-me que...

Ainda o Mar Morto não tinha adoecido, nós os portugueses éramos muito melhores que os espanhóis. Ganhávamos grandes batalhas, jogos de hóquei em patins e um escudo valia duas pesetas. Hoje, a realidade é outra. Eles vêm cá passar férias, levam-nos o Mourinho, o Ronaldo, tutti quanti, e ainda por cima dormem a sesta e insistem em não perceber o português.

Este Verão foi demais. A Telefónica marcou um golo e Portugal tentou tirar a bola de dentro da baliza. Com um titubeante Henrique Granadeiro à ilharga, o ponta-de-lança da Telefónica, César Alierta, flectiu, contemporizou, tirou as medidas ao último reduto da PT e chutou em arco, longe do alcance do guardião da equipa portuguesa. Zeinal Bava bem se estirou mas era tarde. Estava lá dentro, era golo, ripa na rapaqueca, é disto que o meu povo gosta e, na tribuna de honra, Nuno ‘Ogoing’ Vasconcelos e Ricardo ‘BES’ Salgado pulavam nas poltronas, já a sentirem o dinheiro a cair-lhe nos bolsos. Mas quando os comunicados para a CMVM já estavam praticamente redigidos, a surpresa: um árbitro à Porto, José Sócrates, saltou da bancada, tirou o esférico dentro da baliza e declarou que não havia jogo. O avançado Alierta, na flash interview, declarou-se atónito com a estratégia «defensivista», um 5x5x1 com todos os homens atrás da linha da golden share. O jogo foi repetido, e voltámos a perder ( Vivo 0 – Telefónica 1). À volta de Queiroz vuvuzelas muitas.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Toques de Cabeça


Benfica – Naval (4-0)

UM LUGAR NO CORAÇÃO DA LUZ
Por JMMA


A história do futebol é feita principalmente de dribles e golos, mas há gestos raros que nos ficam carimbados na memória, e que no nosso imaginário têm mais força do que uma finta impossível. Perguntem aos benfiquistas qual o momento mais marcante da carreira de Rui Costa e nove em cada dez inquiridos não falarão nem de dribles nem de golos mas da comoção sentida aquando do «pior golo da vida dele», no estádio da Luz ao serviço da Fiorentina. Não há assistência genial nem pontapé de fora da área capazes de competir com aqueles olhos molhados – é por eles que Rui Costa será sempre lembrado.

Os adeptos de futebol são uma massa bruta e muitas vezes cruel, mas há instantes raros de surpreendente sensibilidade; cliques inesperados que podem baralhar os sentimentos e estremecer tudo. Foi o que sucedeu no jogo de hoje entre o Benfica e a Naval. O jogo estava prestes a terminar, o placard marcava 3-0, estava garantido o regresso tranquilizador do Benfica às vitórias dilatadas depois do desaire no Dragão. Mas, já o pano se preparava para descer, eis que Nuno Gomes, entrado para os cinco(!) minutos finais, depois de passar com ganas o guarda-redes da Naval , remata a bola de ângulo apertado para o fundo das redes, num lance rápido, milimetricamente desenhado. Goooolo!

Mas qual foi o momento mais emocionante do jogo? O golo, ademais tratando-se do golo 200 na presente edição da Liga? Não. Nada foi mais cativante, a meu ver, do que aconteceu depois do golo: o velho capitão a levantar os olhos ao alto, numa comovida dedicatória além-mundo que as câmaras captaram. O que representa esse gesto senão um desses instantes de rara grandeza que às vezes acontecem nos estádios, quando a persistência dá enfim frutos e o sofrimento de um jogador sem jogar se evapora com um arranque de raiva e um toque milimétrico na direcção da baliza?

Naquele olhar votivo, precedendo o carinho dos colegas e a ovação dos adeptos, a massa associativa viu simultaneamente todo o empenho, alegria e frustração de um jogador remetido para a condição de suplente, mas cuja dedicação à camisola jamais poderá ser posta em causa. Aquele momento de aparente comunicação transcendental fez tanto para a memória futura de Nuno Gomes na Luz quanto um hat trick ao Porto. E assim, estou certo, reservou Nuno Gomes um lugar no coração da Luz. Se preciso fosse.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

INQUÉRITO


MANUEL MACHADO (Mister)

Quer pela figura, quer por temperamento, quer pela forma peculiar como se expressa, cremos que o entrevistado de hoje do Footbicancas podia ser um venerando sacerdote em Paredes de Coura, uma personagem do século XIX saída de algum romance de Camilo, ou simplesmente o famigerado Homem do Fraque. Mas não, é um cromo do futebol. Se Guimarães não lhe deve de todo em todo o pão que come, pode afiançar-se que em grande parte lhe deve a alegria de dar água pela barba aos ‘grandes’.

(Entrevista escrita em 'manuelmachadês')


Já tirou pontos aos três grandes. Na última jornada foi em Alvalade contra tudo e contra todos, menos um. Agradeceu ao Maniche?

Olham para o Maniche como se lhe faltasse uma peça. Acho injusto. Às vezes, é mesmo preciso um esforço para se ver o óbvio - isso acontece quando se beliscam os interesses próprios, ou simplesmente quando se embaciam as lentes com que estamos mais habituados a ver a realidade. E o óbvio, em Alvalade, foi isto: o resultado premeia a equipa que foi mais eficaz sem o benefício da arbitragem. A primeira parte fica manchada por um conjunto de erros que, felizmente, não condicionaram o resultado final. Não é por termos vencido que vamos diluir esses juízos menos correctos. Se quer a minha opinião, tirando o Benquerença (que grande visão!), o futebol está repleto de míopes e nem todos usam óculos.

Mas o grande caso do jogo foi o da expulsão do Maniche, ou não?

Em termos do Sporting, os lagartos têm é que agradecer ao Maniche, que é o verdadeiro maestro daquela equipa. Pela primeira vez esta época acertou um pontapé e foi logo expulso. Logo o Maniche, que, desde que o Sá Pinto se reformou, é ele o mestre de cerimónias do balneário do Sporting. E pela maneira como o Sporting jogou na segunda parte, não me admirava nada que ele também fosse o maestro das músicas do Zé Cabra. Aquilo era cada um pró seu lado, caneco!

Continua a achar que "Na vida um vintém é sempre um vintém e um cretino é sempre um cretino”?

Absolutamente. Vir alguém com os dedos em riste fazer-me pirraça, como me fez um estimado colega, o ano passado, quando a minha equipa ( Nacional) foi goleada na Luz, parece-me uma brincadeira de crianças do tempo dos calções sem braguilha. Tenho lá pachorra! A esse meritíssimo colega, presentemente a atravessar uma fase menos boa, lembraria apenas que isto de ser treinador de futebol é como o vinho das melhores castas: primeiro alegra, depois inebria e um dia azeda.

E o ‘manuelmachadês’, há boas possibilidades de se tornar uma língua oficial?

Oficial já é, do que se trata é de conseguir para o ‘manuelmachadês’ o estatuto de «língua de trabalho» na UEFA, a par com as cinco línguas que já têm esse estatuto (o inglês, o francês, o espanhol, o gilbermadailês e o luisfreitaslobês). Em Portugal, o ‘manuelmachadês é o idioma oficial de três jornais desportivos, seis programas televisivos (Prolongamento, Mais Futebol, Dia Seguinte, Pontapé de Saída, Jogo Jogado e Trio d’ Ataque), e ainda a segunda língua do Canal Parlamento, logo a seguir ao ‘politiquês’. Estamos, dirigentes e corpo técnico do Guimarães, todos a trabalhar em conjunto para conquistar um lugar na Europa, criando assim condições privilegiadas para a internacionalização do ‘manuelmachadês’. Como vêem, um idioma em expansão.


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

FCP: 5 - SLB: 0 (Relato)

Lembro-me que...

Queiroz acreditava no título mundial

Portugal ainda não garantira a presença no Mundial na África do Sul. Ainda assim, a confiança de Carlos Queiroz, seleccionador, para ultrapassar a Bósnia-Herzegovina, nos dois jogos do play-off, era mais que suficiente, pois o técnico falava mesmo na conquista do título mundial.

"Penso que a parte mais complicada é o apuramento. Se nos qualificarmos, Portugal será certamente um dos favoritos a vencer o Mundial de 2010 ou então a ficar no pódio", disse ontem Carlos Queiroz em entrevista ao site oficial da FIFA.

Esclareça-se que «certamente», conforme dicionário diz, significa 'com certeza', 'sem dúvida'. E que «ontem», segundo esclarece o Diário de Notícias, foi em 26-10-2009, há pouco mais de um ano.

Quem diria! Parece que foi há séculos ou, até, que nem nunca existiu. Ainda bem que eu não acreditei.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Toques de Cabeça


APAGÃO DO BENFICA FOI PROVOCADO POR UMA CEGONHA
Por JMMA

Segundo notícia do canal Benfica TV, o colapso do Benfica no domingo deveu-se ao choque de uma cegonha com uma torre de iluminação do estádio da Luz. “Precisamente à hora em que o jogo estava a começar. Foi uma coisa horrível”, confirmou um popular a quem aquela estação televisiva independente teve de pagar 500 euros para contar o que viu. “Parecia o 11 de Setembro. O animal fez mal a aproximação ao ninho, foi enfeixar-se entre os holofotes e começaram a sair-lhe relâmpagos pelo orifício natural. Para mim foi um suicídio.”

Segundo os órgãos sociais do Benfica, “tratou-se de um ataque concertado das cegonhas ao nosso clube. No final da Supertaça, já uma cegonha tinha esbarrado com uma linha de alta tensão e cortado a Luz em todo o País. No passado domingo, novamente uma cegonha kamikase colidiu com uma torre de iluminação do nosso estádio e o País ficou sem Luz entre as 20,15 e as 22,30 h. Prevemos que, depois da linha de alta tensão e da torre, o próximo ataque das cegonhas contra os interesses do Benfica tenha como alvo a Casa do Benfica de Alpendorada, o jornal A Bola, ou o Alan Kardec (desaparecido em combate no jogo do Dragão) se este entretanto já tiver sido encontrado.”

Os prejuizos no campeonato ainda estão por contabilizar, mas Jorge Jesus já chamou a atenção para o “efeito cegonha” na tabela classificativa. Para o técnico dos encarnados, “o treinador assume as consequências das suas opções tácticas, mas não nos tentem assacar responsabilidades na goleada nem nos 10 pontos de atraso porque, essas, são da cegonha”.

Também, por sua vez, os órgãos sociais do Benfica atacaram ontem Francisco Ferreira (o careca da Quercus), que nomearam "persona non grata" por "nada fazer para aplicar a lei, pelo que a arbitragem e a Comissão Disciplinar da Caça à Cegonha continuam na Federação de Caça e Pesca “Calibre 12”, quando já deviam estar na Benfica TV desde 1 de Julho".

Rais-partam as cegonhas!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

FCP: 5 - SLB: 0


Que maravilha!

Há muito que não me divertia tanto a ver um jogo de futebol. E digo isto sem nenhuma ironia, pois para além dos 5 secos, o Porto jogou muito à bola.

Os 5 contribuíram para o festival completo, mas é uma delícia ver aquele meio campo (mesmo sem Fernando)! O Belluschi abriu o livro de uma forma espectacular (estou curioso para ler a crónica do Miguel Sousa Tavares) e fez, a par de Hulk, gato (outra curiosidade, ver o que o fedorento diz deste jogo) e sapato de todos aqueles que lhe apareciam pela frente, do famoso corredor esquerdo da defesa do SLB. Para além do Belluschi, existiu ainda uma maçã que está cada vez mais madura, ficando cada vez mais longe do seu estado “podre”. O número 8 Portista dá muita tranquilidade e classe ao pulmão de qualquer equipa, sendo que o homem parece ter pilhas duracell! Muito bom (além se lembra do Meireles??)

Depois, vem o trio, não o de Odemira, mas o trio que tira o sono a qualquer um (adversário, pois a mim não me tira nada!). Na verdade, o Porto tem hoje em dia 3 jogadores na frente que são o desespero para qualquer defesa. Não é por acaso que os 3 estão no topo da lista dos melhores marcadores. Só fiquei com pena do Varela não ter feito o seu segundo golo, pois dessa forma a coisa ficava mais equilibrada entre os três. Todos eles foram excelentes, mas o Hulk esteve irrepreensível. O rapaz é mesmo uma força da natureza e proporcionou um momento que ainda hoje me faz rir: Na jogada do primeiro golo, ver a imagem do David Luis a gatinhar atrás dele para ver se o apanhava, é qualquer coisa de maravilhoso. O tal que, segundo JJ, tinha uma velocidade capaz de segurar o Hulk. Muito bom.

Bom, quanto ao jogo já foi tudo dito e mais dito. Não obstante, não resisto ao facto de dedicar esta vitória ao RAP, de dizer que o mestre da táctica foi mais uma vez cilindrado pelo Porto e de concluir que afinal o LFV tinha razão, quando no inicio da época andava a querer distrair os seus adeptos, pois provavelmente já sentia o que o esperava. É obvio que o campeonato ainda não está decidido (longe disso), mas que é uma vantagem muito significativa, lá isso é!

Nota: como devem calcular (pelo menos aqueles que me conhecem) reprovo totalmente as bolas e outros objectos que foram arremessados para as 4 linhas, tendo inclusivamente atingido o Roberto, mas os energúmenos existem em todo lado. Nesta nota, confesso, que existe uma excepção dado a imaginação da mesma. Falo do Frango que foi lançado para o terreno. A par do gatinhar do David Luis, este foi dos momentos que mais me ri no estádio. Concordam comigo que teve a sua piada e afinal de contas o Frango não faz mal a ninguém!

FCP: 5 - SLB: 0


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Toques de Cabeça

Porto - Benfica

GANHA O PORTO, DISSE-ME O ÁRBITRO
Por JMMA

Escrevam aí, porque quero que fique preto no branco: o Porto vai ganhar. Tenho bons contactos, socorri-me de fontes fidedignas, aquelas que sabem, e repito (leiam nos meus lábios): no domingo o Porto vai g-a-n-h-a-r. Isso digo hoje, e é garantidíssimo. Amanhã, já não sei. Se calhar, posso até jurar o contrário: o Porto perde. Tão certo como eu estar aqui. Tornem a ler-me os lábios: p-e-r-d-e. Ah, isso aposto o que quiserem!...

Olha, encontrei a palavra certa: aposto. Não é bem como no Euromilhões, porque aí é aleatório, apenas números a rolar numa tômbola. O que eu faço com o Porto-Benfica é mais Totobola - deixo-me influenciar. Leio O JOGO e tendo a pôr “1” para o Porto que joga em casa, vai de vento em popa e se acaso o adversário tem a veleidade de lhe tirar pontos mesmo com justiça, faz birra porque o árbitro não o favorece com penaltes inexistentes. Leio A BOLA e tendo a pôr "2" para o Benfica, que acaba de dar um baile de bola ao Lyon, numa noite que apesar das abébias ao adversário em fim de festa, chegou a anunciar-se perfeita, e que ainda para mais sabe que joga no Dragão uma cartada decisiva.

Portanto, considerando que o Porto tem menos 48 horas de recuperação do que o Benfica mas em contrapartida joga em casa, levando em linha de conta a batalha táctica, a leitura dos treinadores, as condições de humidade, pressão e temperatura e respectivo efeito sobre o cheiro da relva à hora do jogo, pesando os prós, pesando os contra, efectivamente, o que posso adiantar sobre o jogo é que «tendo a...», «se calhar», «possivelmente», «penso eu de que...».

Mas se amanhã me virem peremptório e sem dúvidas quanto à vitória do Porto é porque almocei com o Pedro Proença, ou porque o Bertino Miranda ou o Ricardo Santos, árbitros auxiliares nomeados para o Dragão, me sopraram um telefonema explicando que a culpa é do Bin Laden. Sim, como sugeriu recentemente um dos senhores da «guerra» em recado propalado a partir da Turquia, o Aimar e o Bin Laden jogam na mesma equipa.

Enfim, caro leitor, vá por mim que sou ingénuo. Quer certezas com três dias de avanço sobre o Porto-Benfica? Pois sim, tente o Pedro Proença, o árbitro genial que em 2009, nesse mesmo Dragão, conseguiu o prodígio de converter uma infracção do Lisandro num penalti do Yebda. Oxalá ele não saiba.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

INQUÉRITO

BRUXO PAUL, Adivinho do Mundial

Molusco cefalópede da família dos videntes, cartomantes, exorcistas e tarólogos. Juntamente com o professor Marcelo, o professor Fofana e a taróloga Maya, foi fundador da Comissão Internacional de Bruxaria e Vidências para controlar as promessas fraudulentas dos políticos, as previsões erradas dos economistas e as arbitragens manhosas no futebol. Amigo de Portugal e grande admirador do Padre Fontes, foi cabeça de cartaz em várias edições do Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes. Ficou célebre no último Mundial por acertar os vencedores de todos os jogos da Alemanha e até da final entre a Espanha e a Holanda.

(Esta entrevista, pedida desde Agosto e inicialmente marcada para as proximidades do Natal, foi premonitoriamente antecipada, a pedido do polvo Paul, para 2ª-feira (25), seu último dia de vida.)

Vê no futuro alguma possibilidade de pôr termo à violência no futebol?

Eu de violência não percebo muito. Só sei o que me disse uma vez o Bruno Alves, um futebolista constantemente agredido por pessoas que lhe batem com o globo ocular no cotovelo. Mas palpita-me que, no futuro, haverá muito menos violência no futebol quando toda a gente for do FC Porto. Assim já não haverá em quem bater.

Prevê algum acontecimento sensacional para os próximos meses?

Prevejo dois. No estádio da Luz, a águia Vitória vai ser apanhada no balneário a acasalar com a cabeleira do David Luís. Em declarações ao jornal A Bola, a ave desculpar-se-á dizendo ter confundido a trunfa do defesa encarnado com uma namorada da adolescência. Por sua vez, em Alvalade, José Eduardo Bettencourt vai ser transferido a custo zero para o Santander, e vai vender PPR para a agência de São Domingos de Rana.

Quem acha que é a mãe do bebé do Cristiano Ronaldo?

Olhe, já há imenso tempo que ando a ver se consigo adivinhar isso. Neste momento estou indeciso entre a Paris Hilton, a fada Stella das Winx, uma empregada do Burger King em Miami e um poste de alta tensão em Santo Tirso.

Para terminar, tem já algum palpite para o próximo Porto – Benfica?

Bom, se a turba do sabão azul permitir que o jogo se realize (vamos crer que sim); se a greve anunciada permitir que haja árbitro (vamos crer que sim); ora bem, o resultado... o resultado... Perguntem ao árbitro. Desculpem, agora vou ali e já não venho.

(E no dia seguinte esticou o tentáculo!)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

FCP: 5 - Leiria: 1


É sempre a abrir! Ontem, a malta que foi ver o jogo saiu do estádio desejando por mais minutos de jogo. Ontem, foi pena que a duração do jogo fosse só de 90 minutos. Ontem, facilmente, via-se mais 30 minutos de bola. E porquê? Porque ontem a bola foi redonda, ou seja, o futebol Portista foi fluído, com muita circulação e notou-se que os jogadores se estavam a divertir. Esse feeling passou para as bancadas como há muito não se via.

De facto o Porto deste ano está a fervilhar. Não quero ainda embandeirar em arco, pois como muitos dizem (ainda este fim de semana ouvi comentadores a dizerem isso na TV) o Porto ainda não teve testes a sério, tirando o Braga. E é verdade. Até aqui foram só nabos, nomeadamente, o Besiktas e o Benfia, tendo o primeiro levado chapa 3 e o segundo chapa 2. Por isso, concordo com os comentadores da nossa praça, no que a este ponto diz respeito.

Voltando ao jogo, foi o melhor da época. A equipa foi muito dinâmica e está mais do que visto que de meio campo para a frente a coisa está bem oleada. Temos um Fernando que limpa bem o que apanha pela frente (embora, por vezes, seja muito verdinho como o lance do penalti de ontem ou a expulsão de Istambul), um Belluschi que está uns furos bem acima do que fez no ano passado (ontem jogou o Micael, tendo feito um passe de morte para o primeiro do Hulk e viu-se que está com vontade de dar corda aos sapatos – só assim conseguirá um lugar no onze) e finalmente um Moutinho que dá gosto. Não só pelo que joga, mas fundamentalmente por aquilo que representa para equipa nos dias que correm. É o ponto de equilíbrio, é um jogador que sabe quando é que tem jogar para a frente e quando é que tem que pausar o jogo a meio campo. Muito bom. Como diria o outro, estou maravilhado. Obrigado Sporting pela maçã.

Depois, temos uma linha avançada que pode deixar qualquer um de rastos. O trio Hulk, Varela e Falcão está a jogar de olhos fechados e de um momento para o outro consegue dar um esticão ao jogo, deixando o adversário KO. O Hulk é mesmo incrível, o Varela, embora menos exuberante do que o Brasileiro, consegue ser igualmente potente, tendo uma técnica acima da média (que o diga o defesa do Leiria) e finalmente o Falcão é um finalizador fino. Não será de grandes correrias, mas quase tudo aquilo que faz, faz bem. O seu primeiro golo é uma delícia para os olhinhos!

Em suma, o Porto está bem e mesmo para aqueles que não gostam de ver o Porto jogar, tenho um pedido: Vejam o Porto, se não for por mais nada, pelo Hulk. O homem é realmente extraordinário. Anda sempre com tracção às 4 rodas, tendo um motor de um Fórmula 1 e este ano está mais esperto. No ano passado disse várias vezes que ela era ainda um nabo no que diz respeito à finalização (no face-to-face com os GR perdia quase sempre os duelos), à protecção da bola (não sabia proteger a bola) e não tinha a perfeita noção do tempo de passe. Este ano está mais maduro, mais jogador de equipa e continua a ser explosivo como poucos. Arrisco mesmo a dizer que não conheço jogador tão explosivo como ele!

Toques de Cabeça

A JUSTIÇA É UMA RODA QUADRADA (SAIBA PORQUÊ)

Por JMMA

Carolina Salgado voltou este fim-de-semana às paginas da Imprensa. O motivo pode resumir-se em duas palavras: no Tribunal do Bolhão, Carolina leva dez meses de cadeia por difamação ao seu antigo companheiro, que terá apontado como mentor das agressões perpetradas a Ricardo Bexiga. Nada de surpreendente. Era pública a polémica entre a ré e o queixoso; e se a ré não é boa rês, é bom não esquecer que quem no-la apresentou foi o queixoso, mas também é bom que a Justiça faça o seu trabalho.

O que surpreende, hoje, é isto: porque será que os processos que envolvem pessoas importantes nunca têm este desfecho?

O caso "Apito Dourado" é exemplar. De dezasseis arguidos, nem um foi condenado. Havia várias pessoas acusadas de mais de cem crimes, nenhum foi provado. Mas não quero voltar à vaca fria. Até porque, do Freeport à Face Oculta, da Operação Furacão ao caso BPN, passando pelo processo Portucale, pelas alegadas negociatas em torno dos submarinos, por Isaltinos, Felgueiras, Ferreiras Torres... infelizmente, o que não falta são exemplos desafiantes para a nossa boa fé.

Há tempos (2009?) o DN trazia um artigo que desmontava a engrenagem das águas de bacalhau em todos os processos que em Portugal começam pela palavra “caso”. Passo a resumir com toda a vénia:

1) Os jornais publicam uma notícia sobre qualquer pessoa muito importante que alegadamente fez qualquer coisa muito má. 2) Essa pessoa muito importante considera-se vítima de perseguição por parte de forças ocultas. 3) Outras pessoas importantes vêm alertar para o vergonhoso desrespeito do segredo de justiça em Portugal, que possibilita a actuação de forças ocultas. 4) Inicia-se o debate sobre o segredo de justiça em Portugal. 5) Toda a gente tem opiniões firmes sobre o que é preciso fazer para que estas coisas não aconteçam. 6) Toda a gente conclui que não se pode reagir a quente, logo, nada se faz. 7) Outras pessoas importantes vêm alertar para o vergonhoso jornalismo que se faz em Portugal, que se deixa manipular por forças ocultas. 8) Inicia-se o debate sobre o jornalismo português. 9) Toda a gente tem opiniões firmes sobre o que é preciso mudar no jornalismo português. 10) Enquanto o mecanismo se desenrola do ponto 1) ao ponto 9) a justiça continua a investigar. 11) Após um período de investigação suficientemente longo para que já ninguém se lembre do que se estava a investigar a justiça finaliza as investigações e conclui que a pessoa muito importante: a) Afinal o que fez não era assim tão mau. b) O quer que tenha feito de muito mau já prescreveu. c) É possível que tenha feito algo de muito mau mas não se reuniram provas suficientes. d) As provas indicam que realmente fez algo de muito mau mas não podem ser aceites. 12) Pessoas importantes que são amigas dessa pessoa muito importante concluem que ela foi vítima de perseguição por parte de forças ocultas. 13) Pessoas importantes que não são amigas dessa pessoa muito importante concluem que em Portugal nada acontece às pessoas muito importantes que fazem coisas alegadamente muito más. 14) São publicadas clandestinamente peças-chave do processo (p.e. escutas) que inculpam notoriamente as pessoas importantes arguidas no caso, entretanto absolvidas. (15) Repetem-se os passos 4), 12) e 13) até que os jornais publiquem uma outra notícia sobre uma outra pessoa muito importante que alegadamente terá feito outra coisa muito má. E assim sucessivamente.

sábado, 23 de outubro de 2010

Vendo T3 Duplex em Famalicão


Este Post é para ver se há algum jogador interessado na compra do meu actual apartamento! Podem ser jogadores do Porto, Braga, Guimarães e mais cidades que tal, pois Famalicão fica no máximo a 30 minutos de qualquer um destes sítios!

Até o Ronaldo pode comprar, já que num dos seus quaisquer bólides, ele mete-se em Madrid numas míseras 5 horitas! :)


Anúncio na Casa SAPO



Abraço

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

INQUÉRITO

Francisco Costa (Ex-Ministro)

Tendo descoberto que afinal era um lagarto preso no corpo de um dragão, fez recentemente uma operação para mudar de nome. Desde então, passou a achar os Leões um clube bem mais grandioso até do que os próprios sócios imaginam, e ninguém lhe tira da cabeça que os «cinco violinos» sempre foram seis: Travassos, Peyroteo, Armani, Yves Saint Laurent, Hugo Boss e Maniche.

Acha que o «look» tem influência nos resultados da equipa?

Sem dúvida . Por mais que ‘póssamos’ estranhar, o «look» é a magia do futebol moderno. Sem o «look» metrossexual e a popularidade que este lhe granjeou junto do público feminino, David Beckham jamais teria alcançado o seu lugar cativo na selecção inglesa. É certo que nunca vi um campeonato de penteados empolgar um estádio, mas o facto é que Miguel Veloso, por exemplo, com os seus irreverentes cortes de cabelo (e só isso), chegou ao campeonato italiano, onde o pai Veloso, todo raçudo, não conseguiu chegar nem pouco mais ou menos. Decorre daí, aliás, a proibição de calças de ganga aos funcionários do Sporting. Para uma segunda fase, que esperamos concretizar em breve, pensamos abandonar as chuteiras, passando os nossos jogadores a apresentar-se em campo com sapatos de golfe, conforme manda a tradição aristocrática do clube.

Só me surpreende é que no Sporting ainda nem toda a gente comunga das minhas ideias sobre o «look». Não me refiro ao facto de o treinador, Paulo Sérgio, ter admitido recentemente que não vestia os fatos que eu uso. Isso é natural e em nada me incomoda. Até porque uma coisa é a «fashion», outra é o estilo. Por isso é que o Manuel Cajuda pode muito bem ter sido – como tanto insiste – o primeiro treinador a usar sobretudo no banco de suplentes, a verdade é que que isso jamais o fez ou fará confundir com o estilo de José Mourinho.

O que me tira do sério, isso sim, é ouvir por aqui e por ali, entre os sportinguistas, rumores de contestação ao director para o futebol, não pelo trabalho que eu faço mas pela roupa que eu visto. Tenho lá culpa de que o Sporting esteja de tanga! Em todo o caso, à cautela, já me preveni: vou deixar de combinar a gravata com o fato e o lenço da lapela. A partir de agora, e até melhores dias, só combino a cor da peúga com a jante do Porshe Panamera.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Toques de Cabeça

SE EU FOSSE SPORTINGUISTA (2)
Por JMMA


O post anterior (Se Eu Fosse Sportinguista) especulava sobre o alcance estratégico da actual gestão do Sporting, por onde perpassa a ideia tantas vezes assinalada, de uma certa submissão doentia de Alvalade à supremacia ‘imparável’ do FC Porto. E - supremo atrevimento -, rematava perguntando o que achariam os sportinguista disso mesmo.

Perante o acaso (não previsto) de se ter realizado uma assembleia geral em Alvalade na passada quarta-feira (13), a resposta surgiu pronta e objectiva. No primeiro grande teste à popularidade junto dos sócios, JE Bettencourt obteve uma vitória clara: viu aprovadas as contas referentes a 2009-10 com uma expressiva maioria de 60%. Sabendo, porém, que este presidente foi eleito há pouco mais de um ano com 90% dos votos, e já que sobre as contas propriamente ditas, segundo reza a Imprensa, a assembleia leonina pouco se pronunciou, forçoso é concluir que os 40% de votos negativos pretenderam penalizar Bettencourt pela inconsequência da sua gestão.

Isto é, como um conhecido sportinguista explicava um dia destes no jornal A Bola, há sportinguistas que gostam de ficar em segundo lugar mas ainda há sportinguistas (os tais 40%) que gostam de ficar em primeiro lugar. Como a questão tem tanto de crucial quanto de inconciliável, alguns sportinguistas debateram-na ao sopapo.

A verdade é que Bettencourt, que às tantas terá gritado para a assembleia "Ninguém me ensina a lidar com o senhor Pinto da Costa" (DN, 15.10.10), ainda não compreendeu realmente a questão fundamental. Consciente ou inconscientemente, o presidente do Sporting insiste em ser um arauto do estatuto de secundarização do Sporting e, ainda recentemente, na Grande Entrevista à RTP, sem nunca beliscar nem ao de leve o FC Porto, socorreu-se várias vezes da farpa ao Benfica para disfarçar as suas fraquezas. Não entende que, com essa secundarização, instala-se a desmagnetização na ‘massa adepta’, e sem magnetismo pode haver presidência, mas não há liderança. Pode haver impulsos, mas não há soluções. Pode haver gestão, mas não há visão.

Não haja dúvidas: o caminho para o sucesso é outro. É por isso que a impressão com que muitas vezes se fica, olhando para o Sporting nestes anos subsequentes ao plano Roquete, de tão dispersos e tão desperdiçados esforços, lembra a famosa história do barão de Münchausen, que pretendia sair de um pântano onde tinha caído, puxando... pelos próprios cabelos!