segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

NA DESPORTIVA


MADAÍL RECORRE PARA A ONU
Por Quincas Berro D’Água (*)


A assembleia geral extraordinária da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) chumbou a proposta de revisão dos estatutos de forma a adequá-los ao novo Regime Jurídico. O documento apadrinhado pelo Presidente da Federação, obteve 353 votos a favor e 147 contra. Preocupado com o impasse criado e as consequências desportivas e financeiras que daí poderão advir, Madaíl já requereu uma reunião com o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, para pedir a formação de um painel de peritos internacionais para monitorizar a situação, à semelhança do que foi feito no referendo do Sudão, e forçar os membros da assembleia a dar como aprovados os novos estatutos. “Cavaco Silva foi reeleito com 52,94% dos votos (quase tantos como os votos contra). Com 70,6% de votos a favor (mais do dobro dos votos contra) como é que me chumbam os estatutos! Como é possível!”, explicou Madaíl ao Presidente Ban. (O da ONU, ou o d’Os Ban, grupo musical do João Loureiro, ainda não pudemos confirmar, mas um deles foi de certeza.)

Por outro lado, depois dos problemas havidos na referida assembleia com o voto electrónico, que acabou por ser substituído pelo voto verbal, Madaíl conseguiu junto do Ministro da Administração Interna que os cartões do cidadão - a ideia mais genial e sofisticada de sempre para a realização de eleições -, passem a ser utizáveis nas votações da Federação. De futuro, o cartão de cidadão dos membros da Assembleia-geral da FPF irá definir logo o sentido de voto, para adiantar serviço e, sobretudo, para não haver surpresas.

(*) Serviço especial Fbicancas /WikiLeaks/Supermercados LIDL

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça


OBRIGADO, KING
Por JMMA

Numerosas figuras da nossa sociedade, na terça-feira, encheram o Coliseu dos Recreios em Lisboa, para festejar o aniversário do Eusébio.

Como tudo o que é extraordinário, a Gala do Eusébio, assim se chamava o evento, fez-me pensar, e os meus amigos bem sabem como isso é raro em mim.

Se 69 é número bizarro, se o “Rei” está vivo, qual então o sentido da celebração? Depois lá descobri.

É facto que em Portugal temos o hábito de só homenagear as pessoas depois de morrerem, altura em que a homenagem, parecendo que não, é apreciada pelo próprio com menor entusiasmo. Mas no caso das pessoas que vivem para sempre, como o Eusébio, as homenagens póstumas correriam o risco de ficar adiadas indefinidamente. Por isso, não só acompanhei pela televisão o desenrolar da festa, como achei muito bem que jovens como Ronaldo, e Nuno Gomes, Vitor Baía ou Zé Mourinho, prestassem as suas homenagens a Eusébio, antes que seja tarde e morram sem conseguir fazê-lo. Por outro lado, se o que dizem alguns dos presentes, enquanto vivos, já faz pouco sentido (estou a lembrar-me de Madaíl), imaginem como seria depois de falecidos.

Agora a sério. A minha admiração por Eusébio nasceu num momento particular, um célebre jogo em Amesterdão. A primeira parte, alucinante e imprevisível mas com ascendente da equipa madrilena, terminara com o resultado em 3 – 2, desfavorável ao Benfica. A segunda parte seria, contudo, completamente dominada pelos encarnados, que lograram o empate aos 50 minutos. A partir deste golo, o Benfica “encosta às cordas” a equipa espanhola e Eusébio arranca para uma segunda parte de luxo. "No lo creo", exclama a dada altura Di Stefano (um dos Deuses do Olimpo que marcou presença na Gala), ajoelhado com as mãos na cabeça, como mostram os vídeos do jogo, múltiplas vezes repetidos. Resultado final: 5 – 3. Benfica campeão europeu pela segunda vez consecutiva. Dois golos decisivos de Eusébio.

Eusébio era aquilo tudo que toda a gente diz: os golos do meio campo, as arrancadas a deixarem todos para trás, a força felina. Mas era também aquela força anímica que num ápice, como no jogo da final de Amesterdão (e tantos outros), resolve a quadratura do círculo. Aprendi, desde então, que um herói não é apenas aquele que vence. É alguém que acredita sempre e consegue tornar simples o impossível. Em miúdo, eu tinha em casa álbuns, bonecos, cromos, e ele foi o meu primeiro herói.

Pudesse o Eusébio voltar outra vez... Obrigado, King.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça


UMA IMAGEM QUE NÃO VALE UMA PALAVRA
JMMA



Hoje, no rescaldo do Benfica – Nacional, Jorge Jesus é o bombo da festa. Ao vivo e a cores, as imagens dizem o que dizem: alguém que queria bater, alguém que evita levar, gente à volta. As notícias em cima das imagens resumem: um desentendimento entre o treinador benfiquista e o jogador Luis Alberto, da equipa madeirense. Mas a pronta intervenção de vários jogadores e elementos da equipa técnica do Benfica evitaram que a confusão tomasse outras proporções. O cão de Pavlov que vive em mim sentiu-se logo assim: a favor do jogador alvo de agressão na forma tentada; contra o treinador descontrolado que se julga a tudo permitido. Porém, há sempre poréns, lembrei-me de um pormenor. As imagens não trazem som. Imagine-se que o jogador Luís tinha, por qualquer razão, insultado o treinador Jorge sobre uma questão íntima (o pai, a mãe, a irmã, ou outras coisas sagradas). Vai daí, mudei. Se foi esse o caso, o Jorge (por mais treinador que seja) tem o inalianável direito de dar nas trombas a um patife (por mais jogador que seja). Com as devidas e justas consequências, evidentemente! Sem subterfúgios, sem chicanas, nem discursos passa-culpas. Aqui na relva, como nos túneis. Tão simples, não é?


PS: E com isto lá transitou, sem julgado, mais uma vitória do FC Porto conquistada à custa de um penálti motivado pela deslocação do vento.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça



HOJE NÃO SE FALA DE FUTEBOL
Por JMMA



Não se pode. Amanhã vamos a votos para eleger o Presidente (não o do Sporting, o outro), e a lei impõe, na véspera, um dia de estágio para reflecção. Isto é desumano! Como é que um indivíduo há-de reflectir como deve ser, ao sábado, se já sabe de antemão que no dia seguinte não há futebol?!

Mesmo considerando o facto de que, por regra, as eleições onde o campeão em título se recandidata são, à partida, presumidamente menos competitivas, não me recordo de um campeonato tão entediante. E, se é verdade que as transmissões televisivas dos encontros (ditos debates) são praticamente inócuas no que respeita aos resultados, já as baixas assistências registadas exprimem um preocupante desinteresse dos adeptos pela competição, senão mesmo pela modalidade.

Dos seis candidatos em jogo, só dois, Alegre e Cavaco (tipo Porto e Benfica), disputam efectivamente o título. Os outros não conseguiram sair do papel de figurantes secundários, com o único objectivo de roubar pontos aos dois ‘grandes’, vulgarizando o nível de qualidade dos jogos ad nausea. Digo que são dois porque o Sporting (representado aqui por Fernando Nobre) quer pela força das circunstâncias em que competiu, quer pela sua manifesta dificuldade em geri-las, foi-se tornando também ele próprio improvável.

Sobre a forma como decorreu a prova, pode dizer-se que, dada a diferença pontual em relação ao líder, precocemente registada logo no arranque da prova, a estratégia de Alegre é forçar o prolongamento para poder decidir a seu favor num mata-mata. Quanto a Cavaco, pode-se dizer que fez o campeonato todo a jogar à defesa, não carregando sobre o adversário mas passando-lhe a bola e deixando-o tomar a iniciativa do jogo.

Cavaco optou assim por um jogo de contenção, nunca dizendo mais do que o necessário, nem sequer quando foi instado a esclarecer alguns esqueletos (tipo apito dourado) descobertos no armário. Ainda assim fê-lo sem jogar tanto à defesa como o desastrado Carlos Queiroz, abdicando de um catenaccio que seria mal visto pelos adeptos de Direita, que prefeririam vê-lo fazer “jogo bonito”. Pelo contrário, Cavaco jogou à defesa mas com uma pressão alta sobre o adversário, como se tem visto nos recados que foi mandando para dentro do terreno sobre algumas jogadas, como os cortes salariais na função pública ou a situação do crédito externo, num tipo de marcação directa como faria Mourinho.

Em relação à equipa em funções (capitaneada por Sócrates), Cavaco não quis cair no erro histórico de Artur Jorge, quando chegou ao Benfica e decidiu, para se afirmar, desmantelar a equipa de Toni, condenando o clube ao fracasso durante mais de uma década. E, de resto, o seu prestígio como treinador para o resto da vida. Aliás, se Cavaco anunciasse esse propósito, arriscava-se mesmo a não ser reconduzido, como sucedeu com Octávio Machado, quando foi despedido do FC Porto, na era pré-Mourinho.

Apoiado numa equipa sem grandes estrelas, Cavaco apostou claramente num jogo táctico, de paciência, esperando os erros do adversário, ciente de que não foi o Barcelona de Messi e Iniesta – foi, sim, o Inter de Diego Milito e Goran Pandev que venceu a Liga dos Campeões.

Triste campanha esta. Mas enfim, os dados estão lançados. Agora, resta esperar até domingo para sabermos com que resultados - e, depois, com que consequências, porque neste jogo de que estamos a falar (que, repito, não é futebol) isso é que conta.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

NA DESPORTIVA


O FMI JÁ ESTÁ EM ALVALADE

Por Quincas Berro D’Água (*)

O Footbicancas em Alvalade – Apesar de Sócrates tudo ter feito para impedir a indesejada intervenção do FMI em Portugal, a verdade é que (e esta é uma notícia de que só o Footbicancas e o professor Marcelo têm conhecimento) os Rui Santos e os Freitas Lobo estrangeiros, enviados pelo FMI, já estão em Lisboa para libertar o Sporting do jugo dos três D: Dívidas, Derrotas e Desilusões. Para se inteirarem do estado do clube, Dias Ferreira (outro D) levou esta noite os técnicos do FMI a assistir a “O Dia Seguinte”, comer uma bifana e uma mini numa roulotte e neste momento andam todos a fugir à frente de um bando da Juve Leo apostado em impedir a entrada da delegação e respectiva comitiva em Alvalade.

As razões da vinda do FMI remontam a sexta-feira, após o duplo desastre desportivo e directivo. Com efeito, ao que pudemos constatar, foi com grande emoção que três (repito, três) dos muitos milhares de sócios sportinguistas que elegeram Bettencourt, acorreram logo a Alvalade clamando pela continuidade do presidente demissionário, não se importando sequer com a venda de Liedson no Mercado Abastecedor de Lisboa (MARL) ao preço da maçã podre, se for caso disso.

Como se sabe, a presidência de Bettencourt, em 18 meses de mandato, fica marcada pela extraordinária reestruturação financeira do clube, através de uma operação inédita que está a ser seguida por economistas de todo o mundo (por uma razão qualquer apenas residentes em África), que consiste em reduzir o capital da SAD para metade. Na verdade, para um clube com 12 mil sócios, convenhamos que um capital de 45 milhões de euros é um desperdício, é como um tipo viver sozinho com um gato num palácio com 150 divisões! Desportivamente, outros feitos marcam também o mandato de Bettencourt: zero títulos, muitas polémicas, sucessivos directores desportivos (Pedro Barbosa, Sá Pinto, Salema Garção, Costinha, Couceiro), três treinadores (após o “forever”) e, ainda um amigo do peito - o Jorge Amado.

Mesmo assim, para a delegação do FMI o cenário é negro. A carrada de pontos perdidos pelos Leões (mais de 40%) supera em gravidade o peso do Estado na Economia portuguesa. Comparado com o magro diferencial entre golos metidos e sofridos pelo Sporting, o défice da balança comercial do país não passa de um fait divers. Os parceiros bancários do clube (BES e BCP) estão mais nervosos que os mercados da dívida pública. No mandato do presidente demissionário o valor em bolsa das acções da SAD sofreu um tombo de 43%, estando agora nos 14 milhões de euros, mais ou menos o mesmo que a cláusula de rescisão do Djaló. E, por fim, perante tamanho descalabro, até Ângela Merkel já avisou que quer ver o guarda-redes Hildebrand como titular, ou então o Sporting terá de sair da Taça Europa e Portugal terá de sair do Euro.

Constatando, portanto, que o Sporting afinal ainda está pior do que o País, os técnicos do FMI decidiram que as sessões de trabalho para a recuperação deverão decorrer na mesa de operações do afamado cirurgião e sportinguista Eduardo Barroso. E mesmo assim não é garantido que o paciente se safe.

(*) Alvalade. Serviço especial Fbicancas /WikiLeaks/Supermercados LIDL

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

NA DESPORTIVA



GOSTEI
Por Zé Bento (*)



Villas-Boas, que além de treinador de futebol revela uma especial apetência para a cultura, anunciou ao mundo antes do jogo com a galática equipa da II Divisão Série Sul, o Pinhalnovense, que a Taça é uma competição que “não queremos deixar fugir". Imagina o leitor por quê? Porque “interessa fazer história”. Veio o jogo. O Porto passou com euforia às meias-finais. E eu, que não sou de clubismos, até gostei.

Gostei sim senhor, gostei de ouvir o treinador que está no topo do mundo justificar no fim do jogo: «Tivemos muitas dificuldades porque encontrámos um Pinhalnovense com grande organização e com muita qualidade." É bonito elogiar os vencidos. Mas, eu, fanatismos à parte, tenho de felicitar o Villas-Boas por mais um sucesso notável: dantes gabava-se que fazia o Benfica parecer o Penafiel, mas agora até já faz o Pinhalnovense parecer o Real Madrid. Realmente, um bom treinador é aquele consegue sempre ir mais além.

Gostei. Gostei e muito, quando, já perto dos 80 minutos de jogo e com o estádio num silêncio ensuedecedor, nas bancadas do Dragão finalmente explodiu em uníssono o grito de «gooooooolo!» Na relva, o autor da celebrada proeza erguia os olhos e benzia-se em jeito de agradecimento para os Céus. Há muito que não presenciava tamanho suspiro de alívio.

Gostei. Gostei sim senhor, de ver o árbitro perdoar ao Pinhalnovense (equipado de azul e branco) uma falta que me pareceu susceptível de punição com grande penalidade. Além de ser bonito (para o interesse do jogo, bem entendido) mais uma vez se confirma a tradição. Já viram que é raríssimo haver um jogo no Dragão em que a equipa azul e branca não é beneficiada!

Gostei. Achei de morrer a rir a figura revisteira de Paulo Fonseca, o jovem técnico do Pinhalnovense. Uma espécie de pseudónimo de Elvis Presley, disfarçado para efeitos de flash interview com a poupa do Tim Tim e a boca do Topo Gigio. Gostei sobretudo quando, ao confirmar que passar às meias-finais era um sonho para o Pinhalnovense, o rei do rock’n roll rematou em directo para o mundo: “Quem sabe para o ano não o ‘consígamos’.

Que jogo!

(*) Benfiquista Bem Humorado

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça


MOURINHO, O PORTUGUÊS QUE DEU A VOLTA AO MUNDO
Por JMMA

O prémio de “melhor treinador do mundo” de 2010 é de Mourinho e assenta-lhe bem. Desde segunda-feira que toda a gente o sabe graças ao formidável concerto que a rádio, os jornais e as televisões nos deram sobre a Gala da Bola de Ouro, acontecida em Zurique. Havia dúvidas? Digamos que faltava o selo de garantia, e o que a FIFA veio agora anunciar ao mundo foi apenas a aposição desse selo.

Entretanto por toda a Europa futebolizada, os jornais espraiaram-se em dissertações elogiosas sobre o passado, os sucessos, o estilo, a vocação e mesmo sobre o carácter altivo do grande Mou. Em Portugal, por entre a mesma quantidade extraordinária de comentários entusiastas, assistimos ainda a derrames de sentimento nacionalista que vão ao ponto de ver no galardão de Mourinho a afirmação internacional de uma “escola portuguesa” de treinadores topo de gama. Quanto a mim, digo e assumo: no sentido em que falamos, Mourinho não é português.

Como se sabe, o português-tipo é prestável e acomodatício, qualidades louváveis mas que muitas vezes o fazem passar por bananas quando se impunha marrar a direito. A humildade e o receio perdem-nos. Mas daquela cerimónia em Zurique ficou a prova (mais uma) de que por Mourinho não perpassa nem um módico de humildade ou reverência. Muito menos de receio. Depois das palavras e abraços da praxe, Mourinho fez aquilo que o faz único. Cito o DN: “Tendo sido treinador do Inter e do Real Madrid, não gostou - disse para microfones que haveriam de amplificar as palavras (e ele sabia-o) -, não gostou que tivesse sido apresentado só como treinador do Real Madrid."

O premiado podia calar-se, já que o seu actual patrão é o Real Madrid e a opinião pública a que presta contas é a espanhola. Seria muito mais fácil não dar pretexto a irritações espanholas (que ontem já se fizeram ouvir). Quase certo que o português típico optaria por rasar o muro. Altivez num português é tão raro... Daí (desse brio de Mourinho) me parecer que, nós, mais do que do sítio onde nascemos, somos dos sítios onde vivemos. E se por alguma razão o “Special One” merece ser admirado na origem, não é por ter nascido nesse sítio, mas sim porque se tornou maior do que ele.

De todo o modo, e já que o “melhor treinador do mundo” é nosso, não se lhe chame Mourinho que tem conotação africana e, como se sabe, por cá há quem não goste. Chame-se-lhe Fernão. Fernão de Magalhães, o português que deu a volta ao mundo pago pelos espanhóis.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça



AFINAL O TAMANHO NÃO CONTA
Por JMMA

Engam-se redondamente os que acreditam que as medidas físicas e os índices de velocidade e de força determinam a eficácia de um jogador de futebol, tal como se enganam os que julgam que os testes de inteligência têm alguma coisa a ver com o talento ou que existe uma relação entre o tamanho do pénis e o prazer sexual.

No futebol a habilidade é mais determinante do que as condições atlléticas, e em muitos casos a habilidade consiste na arte de converter as limitações em virtudes. As estrelas do Mundial de 1994 foram dois baixotes algo rechonchudos, Romário e Maradona. Graças ao seu minúsculo tamanho, o irlandês George Best conseguia escapar aos defesas espadaúdos, que lhe caíam em cima com tudo mas que não conseguiam travá-lo. Apesar de ter os pés a apontar um para o outro, ou graças a isso, Ricardo Quaresma tornou-se o mestre da trivela, sucedendo nesse talento ao internacional sérvio Ljubinko Drulović e ao brasileiro Rivellino, que, por sinal, em termos atléticos também não eram nenhuns titãs talhados por Miguel Ângelo.

Messi, bi-Bola de Ouro em 2010, à vista desarmada é a antítese do futebolista ideal: minorca (1,69 m), olhos juntos (holóptico), perneta (perna direita disfuncional). Mas, cá está, os futebolistas não se medem pela graça das linhas, como o discóbolo. E ainda bem. Futebol é uma ideia pessoal. Uma ideia que a partir dos sete anos todos temos: "Será que eu?..." E a partir dos 12 quase todos perdemos: "Afinal, eu ..." Por isso é que são necessários tipos como o Messi - para vivermos a ilusão.Se eu tivesse insistido, talvez...

Cristiano Ronaldo, vejo-o jogar, e sei que aqueles arranques não são para mim. Mas ser Messi estava ao meu alcance. Até lhe conheço o truque. Como bem explicou alguém entendido, Messi «sem perna direita, escolheu seguir a carreira à direita, onde não tem pé direito para centrar. Então, quando com bola, tem de obliquar para o centro povoado de adversários, a arranjar posição para usar a perna boa. Aí, ele, que é holóptico (olhos juntos), vê melhor ao perto que os dicópticos (olhos afastados) jogadores comuns, e guarda melhor a bola consigo. A necessidade aguçou-lhe o engenho.»

Eu, que ainda tinha maior necessidade (sou mau com os dois pés), que grande carreira podia ter tido... Vá lá, felizmente que o tamanho do pénis também não conta.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça



TUDO O QUE VOCÊ QUERIA SABER SOBRE UM ASSUNTO DE QUE EU NÃO SEI NADA

Por JMMA

Se já nos haviamos esquecido de Carlos Queiroz e das declarações suicidas ao jornal Expresso, em que o ex-seleccionador aludia ao “vice” da Federação como sendo “a cabeça do polvo”, agora é Avelino Ribeiro e Lourenço Pinto que vêm ter connosco. Afinal o polvo tem em Madail uma segunda cabeça: Gilberto Madail não está a contar tudo à FIFA, omitindo informações importantes em relação aos actuais e novos estatutos, acusa Avelino Rodrigues, o presidente da assembleia geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), secundado por Lourenço Pinto, presidente da Associação de Futebol do Porto (AFP). Eu, por acaso, já tinha desconfiado. Desde logo, quando se tratou de transmitir ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) as deliberações do Conselho de Justiça, em 5 Julho de 2008, referentes à ratificação do processo ‘Apito Final’, ditando a subtracção de pontos ao FC Porto. Mas agora, afirmados pelo douto presidente da APF, convenhamos que estes golpes têm mais peso. Para este dirigente, que tem liderado o movimento associativo que reprovou a adaptação dos regulamentos federativos ao Regulamento Jurídico das Federações Desportivas (RJFD) - uma atitude que já levou o Governo a retirar parcialmente o estatuto de utilidade pública desportiva à FPF -, só assim se compreende que não tenha ainda havido uma intervenção da FIFA, repudiando as novas regras que, garantiu, “violam as próprias normas deste organismo”.

Se já nos impressionava a ingénua corrida de providências cautelares por parte dos funcionários públicos para obstar ao corte dos vencimentos, aparece-nos mais uma providência, esta, para obstar ao corte com a actual direcção federativa: a providência cautelar interposta pela Liga de clubes com o objectivo da não realização de eleições para a Federação Portuguesa de Futebol, agendadas para o dia 5 de Fevereiro.

Se nos esquecemos deles ou supomos que eles vão passar despercebidos, porque ninguém é tão enfatuado tanto tempo, eles voltam, voltam sempre. A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) assegurou entretanto que irá estar ausente das eleições da FPF, do próximo dia 5 de Fevereiro, por ainda não terem sido adequados os estatutos ao novo regime jurídico.

Perceberam? Eu não. A única alternativa que resta a quem gosta de futebol é ir estudar Direito. E, mesmo assim, não há garantias de virmos a perceber o que se passa, uma vez que nem todos os juristas atingem certas subtilezas das leis do futebol. Para mim, que só esta semana comprei o livro de introdução ao estudo do Direito, só tenho uma coisa como segura. Vá lá, duas. Primeira: o que é bom para os pintos, normalmente é duvidoso para o futebol. Segunda: com especialistas desta envergadura no futebol, nunca falta assunto.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Bom Ano 2011!

Toques de Cabeça



ADEUS, ATÉ PARA O ANO
Por JMMA



Cumprido mais um ano de Toques de Cabeça, chegou a altura de fazer algum balanço, agora que me despeço desta rubrica e dos meus dois leitores (incluindo eu próprio), até regressar no ano que vem, com uma nova rubrica, absolutamente igual a esta, e, espero, com os mesmos leitores absolutamente iguais a estes.

Tentei, durante estes 365 dias, ser igual a mim mesmo, um JMMA que não tenta enganar ninguém sobre a sua identidade clubística, que é sobre ela completamente transparente, isento e independente. Poderia ter arranjado um pseudónimo mais expressivo, Dragon Ball, por exemplo (embora de dragons esteja o mundo cheio) ou mesmo Pinto C’Est Moi, por exemplo, mas este exemplo não seria exemplo para ninguém.

Assim, durante 365 dias, limitei-me a ser eu próprio, um assíduo e pertinaz crítico da realidade futebolística portoguesa (com o), objectivo quando não tinha de o ser, e sincero quando não tinha de o ser. E fui, durante estes 365 dias, o cronista mais lido, comentado e discutido do mundo de língua futebolesa e quiçá (como diria o grande domador de leões Paulo Sérgio) de todo o mundo, incluindo o Footbicancas, já que todos os outros cronistas meus colegas, no ano que passou, primaram pela assiduidade na ausência. Portanto, Toques de Cabeça C’Est Moi, e, de um modo geral, a verdade C’Est Moi também, embora a concorrência persista em ignorar-me. A “Águia de Ouro” - Nobel benfiquista - dará cabo deles.

Sei que Toques de Cabeça acordou muita gente para a realidade, e sei também que se um elefante..., três elefantes acordam muito mais. Por isso, fiz rodar alguns talentos suplementares por rubricas alternativas, tipo equipa B, como “Inquérito” e “Falar Verdade a Mentir”. Sempre, porém, com a mesma isenção e objectividade do benfiquista que sabe ver as coisas. Ou do benfiquista que, pelo menos, sabe uma coisa: é que, em futebol, o comentário objectivo e as conversas entre adeptos são tão parecidos, tão parecidos, como a Bíblia e a Playboy.

E prontos. Assim me despeço. Não, porém, sem antes desejar aos meus respeitados rivais que em 2011 vejam os esforços dos vossos clubes plenamente coroados de êxito: para o FCP, na luta pelo segundo lugar do Campeonato, evidentemente; e para o Sporting, na consagração como o quarto grande. Evidentemente.

Até para o Ano!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Cansaço de Falcão


Falcão saiu ao intervalo do jogo Paços de Ferreira – Porto porque, segundo Vilas Boas, estava completamente desgastado fisicamente e quase a atingir o limite.

O FootBicancas descobriu o porquê. É só ver a fotografia que vos deixo. Oh Falcão, tens que ser mais regrado!

Pôncio Monteiro: 1939 - 2010 - Um Abraço!


Toques de Cabeça


QUERIDO PAI NATAL

Sei que és meu amigo. E sei-o pela melhor das razões: porque sim. E sei também que me perdoas por não acreditar em ti. Em todo o caso, pela cor da indumentária que vestes (e isso é talvez o que mais temos em comum), tanto um como o outro, sabemos que, com conta e medida, o benfiquismo ainda é capaz de ser o menor dos defeitos humanos.

Escrevo-te estas linhas para te pôr ao corrente de umas desconversas que me têm trazido profundamente apreensivo, sobretudo porque, a serem verdade, põem em causa o teu proverbial sentido de justiça. O caso é que andam por aí uns vizinhos a dizer que os obsequiastes antecipadamente. Um, na sequência duma arbitragem à Dragão, falou em “prendas antecipadas” ao FC Porto; este, por sua vez, sem sequer negar, respondeu que “As prendas de Natal para o Sporting foram dadas no fim do Verão”. O futebolês, em Portugal, sempre foi um idioma cifrado, portanto, eu nem sei ao certo do que é que eles estão a falar – mas eles sabem. E o certo é que a nós ninguém nos deu nada, só nos tiraram, e não foi pouco.

Quero dizer-te, porém, que não imagino ver o teu nome envolvido em tais dislates, mas temo que aqui em baixo ninguém me dê ouvidos se te mantiveres nas divinas tintas e não corrigires rapidamente as propaladas injustiças. Assim, Pai Natal, para amanhã, quando passares por cima das chaminés dos clubes de futebol, a minha lista de recomendações é a seguinte.

1. Concede aos adeptos portistas a capacidade de compreender que não é pelo volume do resultado que, nós, benfiquistas, deixamos de estar ao seu lado nos sentimentos, tão insistentemente expressos, acerca do tal jogo dos 5-0. Têm razão, sim senhor: a arbitragem foi isenta, e isso só pode ser considerado um escândalo. É raríssimo um jogo no Dragão em que a equipa da casa não é beneficiada. Como é que a Liga ousou não respeitar as tradições ancestrais! Inadmissível.

2. Já agora, não te esqueças de conceder também a sua papidade o presidente do Porto boa saúde e clarividência de espírito no Ano que vai entrar, a fim de ele poder continuar a elucidar-nos, principalmente em matérias relacionadas com a verdade desportiva e com a gestão do plantel do Benfica. Pelo Natal, época de circo, é-nos indispensável . É que os palhaços fazem-nos rir, e esse senhor também.

3. Ao Sporting, em primeiro lugar, vê se concedes o tal “pinheiro” pedido por Paulo Sérgio para o ataque leonino, já que disso depende a possibilidade de o clube sanear as finanças através do recurso aos apoios comunitários a fundo perdido, previstos para a lavoura.

4. Mas vê se se concedes também aos sportinguistas a capacidade de continuar a acreditar na estratégia de futuro do presidente Bettencourt, quando este diz que os adeptos não devem pensar nos pontos perdidos mas apenas nos pontos que vão perder. Chama-lhes a atenção que Bettencourt disse que os sportinguistas iriam ter muitas alegrias nesta época, e a prova de que tinha razão foi a vitória do Porto sobre o Benfica.

5. Finalmente, peço-te que deixes um sofá em Alvalade. Sim, uma cadeira; a fim de evitar a repetição de um lapso bem desagradável ocorrido no último Sporting-Porto, que foi o facto de o Pinto da Costa, na tribuna de honra, se ter sentado em cima do Bettencourt julgando que era um pouf.

6. O campeonato está difícil para os encarnados. Mas é importante não esquecer que se trata de uma competição muito dura e longa. Será preciso Jesus sair para Deus começar a ajudar o Benfica? Não acredito. O Criador anda mas é a pregar partidas ao génio da táctica. E, com todo o respeito, são das de mau gosto. Podes dizer-me o que realmente se passa? Temos o campeonato, a taça de Portugal, a taça da Liga e uma taça UEFA para ganhar. Todos sabem, e os que não sabem sentem-no como evidência desarmante, que Jesus é capaz de nos salvar. É esse o significado da festa, amanhã. Mas se puderes pôr uns paus nas rodas do Villas-Boas, seria mais fácil. É esse o meu último pedido.

Beijinhos.

JMMA

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Falar Verdade a Mentir


EU (NÃO) TE PERDOO SOARES DIAS

Assim é que é jogar. Para mim um bom jogo é isto: aos dez minutos o Benfica já ganha por 2-0; depois, junto ao intervalo, sofre-se um bocadinho, que uma pitada de ‘suspense’ só anima, e até evita que os adeptos apressados abadonem o espectáculo a meio. Na segunda parte ainda se marcam mais três, para irmos para a cama mais aconchegadinhos.

Ao que parece, o Benfica concedeu aos sócios um desconto substancial no preço dos bilhetes para o Rio Ave. Quem diz que os preços eram caros? Viram os golos dos argentinos? O espectador paga para ver futebol e pelo mesmo preço ainda leva uma portentosa exibição de slalon. Não brinquem comigo, se fosse eu que mandasse, acho que Aimar, Sálvio e Saviola deviam ir para a relva equipados de esquis.

Estamos em plena quadra natalícia, em que as pessoas se apresentam aparentemente mais dadas aos sentimentos. É nestes períodos que mais se ouve proclamar os valores da solidariedade, da fraternidade, da família e da paz. Organizam-se programas televisivos dedicados ao Natal, as empresas promovem jantares de confraternização e muitas instituições promovem vendas de Natal para ajudar os desprotegidos da sorte.

Confesso que, atendendo às circunstâncias, ainda alimentei a esperança de que a gala televisiva transmitida a partir do Estádio da Mata Real, onde o líder, para o fim, parecia imbuído do espírito natalício, viesse a traduzir-se numa dessas festas de benemerência a favor dos desprotegidos da arbitragem. Afinal enganei-me.

Em cima da hora, quando já estava desenganado, um erro (mais um) de Artur Soares Dias deu a tranquilidade aos que menos precisam e menos mereciam. Quando até já nem fazia falta (ao FCP, entenda-se. Olhem se fosse a favor do Paços!), o árbitro de Braga resolveu meter os pés pelas mãos, assinalando grande penalidade a favor do FC Porto por pretensa mão de um pacense que, na realidade, cortou a bola com o pé. E, pronto, arruma-se a questão por causa dos nervos.

Decisivo ou não, pouco importa. O que releva (tal como os erros contra o Porto) é que mais uma vez se vê que vivemos numa sociedade que se diz justa, mas a realidade é bem diferente. Não é só o Natal que não igual para todos. Nada, nunca, é igual para todos.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Paços Ferreira: 0 - FCP: 3


E pronto, o ano de 2010 acabou sob o ponto de vista futebolístico e o Porto cumpriu com o pedido, isto é, manteve os 8 pontos de avanço, depois de o Benfica ter ganho ontem de forma concludente.

A vitória de hoje é que não foi concludente. O Porto jogou bem na primeira meia hora de jogo, mas depois foi-se abaixo das canetas. Não só por culpa própria, mas principalmente porque o Paços fez um grande jogo. Sim senhor, a jogar assim, vão à Europa.

Mas o que mais me motivou a escrever hoje no grande FootBicancas foram os comentários que li no Facebook, pois, permitam-me a arrogância, as vitórias estão a ser muito normais este ano. É extraordinário a onda que imediatamente se levantou por causa do penalti. Até dou de borla que ele realmente não existiu. Até admito. O que não entendo é a sede com que se está a olhar para os árbitros nos jogos do Porto. Procura-se um erro como quem procura uma agulha no palheiro. Se ao menos se procurasse a agulha independentemente da cor…

Os especialistas em arbitragem só não viram um penalti sobre o Hulk e a forma como o Soares Dias transformou uma expulsão do Filipe Anunciação num amarelo para o Álvaro Pereira (curiosamente na falta que deu origem ao tal penalti).

Para terminar, repito um comentário que deixei no Facebook: vitória muito sofrida e resultado enganador pelo exagero e não pela justiça. “Quem vier falar do árbitro será simplesmente por má fé” e, acrescento, desespero.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Toques de Cabeça


LIVROS PARA O NATAL
Por JMMA

Há quem pense que o descanso amolece os miolos. Que, em época de ócio, as leituras se devem resumir ao jornal desportivo. Ora, é precisamente o contrário: sei de experiência feita que as noites longas de Inverno são perfeitas para o desenvolvimento do QI. Há muito tempo para pensar e há muitos livros que nos fazem pensar... Sugiro, portanto, ao leitor que aproveite a pausa natalícia e confirme esta minha tese em algum dos títulos seguintes, todos em português, todos recentes, e dois deles acabadinhos de sair:

Os Donos de Portugal – Cem Anos de Poder Económico em Portugal (1910-2010), Jorge Costa e outros, Afrontamento.

Logo na introdução leio: “Queremos simplesmente conhecer os donos de Portugal e fazer a história política da sua acumulação económica. ”Vai da I República à democracia pós-1974, passando, claro, pela ditadura. É a história político-económica da acumulação de capital em Portugal nos últimos 100 anos. O que fica demonstrado com este livro é, antes de mais, que a economia portuguesa sempre foi um território de desigualdade extrema e vem-se agravando progressivamente. Os donos de Portugal, nos últimos cem anos, são uma família de famílias, cruzam-se uns com os outros, mostrando que o processo de selecção é endogâmico. Diz uma das conclusões: “É sempre o Estado, fosse ele ditatorial ou não, que protege, que selecciona, que ampara, que financia, que organiza o monopólio, que paga a renda.” Isto é, os donos de Portugal instalam-se sobre o privilégio e o favorecimento. Os escândalos do BCP, do BPN e do BPP revelaram as faces da ganância. No caso do BCP, indo até ao ponto de sacar uns dinheiritos ao Irão, como se viu há dias através das revelações do Wikileaks. Como não ler?

Como o Futebol Explica O Mundo – Um Olhar Inesperado sobre a Globalização, Franklin Foer, Palavra.

Parece que não há-de ter nada a ver com o anterior, mas tem e muito. Explica o falhanço da globalização em apagar ódios antigos no interior das grandes rivalidades do futebol. Traça com minúcia uma aprofundada análise do fenómeno do hooliganismo. Recorre ao futebol (cá estão as afinidades) para abordar algumas facetas da economia, tais como a persistência da corrupção, a emergência de novas e poderosas oligarquias, a promiscuidade entre os poderes e o futebol, que tem como símbolo máximo Sílvio Berlusconi, o primeiro-ministro italiano e presidente do AC Milan. Por último, recorre ao futebol, à convivência do jogo, como forma de obstar ao regresso do tribalismo. Muito interessante.

Mas não sou ingénuo a ponto de ver os leitores do Footbicancas, sem excepção, a gastarem os seus tempos de lazer natalício embrenhados nos vícios do processo português de acumulação capitalista, ou a discernir sobre o Mundo a partir dos fenómenos que caracterizam o futebol moderno e vice-versa . Talvez um tema de natureza mais prática os atraia melhor. Nesse caso sugiro então o seguinte.

As Manobras de Pinto da Costa - Desmontando um Mito, Marco Alves, Zebra.

Mas note bem o leitor. Este livro não é um ataque ao mito, muito menos à personalidade que lhe está associada. Como o autor adverte, o que se descreve «são apenas factos». Se tem ou não a ver com os temas das obras anteriormente propostas – cada qual que julgue por si.


Bom Natal.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Falar Verdade a Mentir


SAVIOLA E AIMAR ACUSADOS DE OCULTAÇÃO DE CADÁVER

Com o FC Porto a fazer um treino com bola, leões e águias tinham pela frente adversários complicados na prova rainha do futebol português. Mas, no momento em que escrevo, verifico que tanto o Sporting como o Benfica, alcançaram plenamente os objectivos que se proponham.

«Amanhã [Sábado], para nós, é a final da Taça de Portugal», dizia Paulo Sérgio na antevisão do jogo com o Setúbal. Talvez a afirmação efectivamente proferida tivesse sido - «Amanhã, para nós, é “o” final da Taça de Portugal». Erros de percepção ou de transcrição jornalística são sempre possíveis. De qualquer modo, há que reconhecer que a meta dos leões foi conseguida, nos precisos termos em que o seu treinador prometeu.

Quanto ao Benfica, após vitória concludente sobre o Braga, acaba de se qualificar com ganas para os oitavos-de-final. Quando os profetas e a impaciência dos adeptos já agoiravam um Natal sem Jesus, reedita-se a história de Mark Twain: as notícias que anunciavam a sua morte afinal eram exageradas.

Haverá, certamente, ainda muito mais a esperar de uma equipa campeã nacional em título. Mas agora o que intriga sobremaneira os observadores é o mistério da ressurreição. Podemos aqui avançar em primeira mão uma notícia que, com certeza, poderá fazer luz sobre esta magna interrogação.

Segundo acabámos de saber de fonte fidedigna, uma denúncia anónima está a dar origem a investigações que poderão beliscar a honra de Saviola e de Aimar. Os dois argentinos são acusados de sequestrar a crise do Benfica, podendo a todo o momento ser processados pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Os cães pisteiros do ‘Trio de Ataque’ e do ‘Dia Seguinte’, tal como o médico que todos os anos passa o atestado de robustez física ao Mantorras, estão malucos. É um odor a crise morta nas imediações da Luz que não se pode. Saviola e Aimar, cada um com seu golo, cortaram a crise aos bocadinhos, embrulharam as partes num plástico e esconderam-nos junto à parede do Media Markt. “Eles até juntaram algumas oportunidades de golo falhadas só para baralhar as provas”, revelou o autor da denúncia anónima.