terça-feira, 30 de novembro de 2010

INQUÉRITO



O QUE É QUE ACHA DE UMA CANDIDATURA CONJUNTA DE ESPANHA E PORTUGAL AO CAMPEONATO MUNDIAL DE SESTA?


BETO MALUCO

Pacifista desportivo. Inventor de faixas e coreografias de claque, são de sua autoria palavras de ordem como «Make love, not war» e «Águias e dragões: por um futebol de afectos». Sendo um fiel seguidor do Jornal A Bola, é também Presidente do Clube dos amigos da Revista J. Fair play e igualdade de género no balneário, são as suas grandes bandeiras no âmbito do Movimento Grandepiça (espécie de Greenpeace português para o futebol).

Oh pá, desde que vi na televisão o ‘beijogol’ da jornalista ao Iker Casillas, logo após o jogo da final com a Holanda na zona de entrevistas rápidas do Soccer City de Joanesburgo, nem queiram saber!,só me apetece é ir para Espanha dormir a sesta. Se Portugal e Espanha estiverem juntos na sesta, isso é que vai ser bom. Já me sabe dizer quando é que abrem as inscrições? Quero ficar no grupo da Sara Carbonero!


GILBERTO MADAIL

Pessoa que agradece todos os dias aos jornais o que sabe sobre o futebol português. Entre um ‘não’ e um ‘sim’, opta sempre pelo ‘nim’. É o maior especialista português em fugas para frente.

Se temos as infra-estruturas físicas para a prática da Sesta porque não? E mesmo que não tenhamos. Acusam-nos de cometer disparates na organização do Euro 2004. Que em vez de 10 estádios (mais do que o caderno de encargos obrigava) construimos uma manada de «elefantes brancos». Balelas! Excessos sempre houve, desde a Expo’98, ao Centro Cultural de Belém passando pela Casa da Música. Esbanjar dinheiros públicos está-nos no sangue... De resto, os espanhóis sabem sempre o que estão a fazer. Agora vou só ali pintar o cabelo e depois vou a Madrid ver se o Real (face à cabazada) quer que lhe empreste o Paulo Bento para substituir o Mourinho nas duas próximas jornadas.


MOURINHO

Apesar da indigestão, ainda ‘Lo especial de la siesta’, e sempre sério candidato a um lugar no pódio.

Vêm-me falar em sesta? Ora porra, precisava era de uma cesta, para a real cabazada do Pepe, ontem, no Camp Nou. ‘Ahora mismo no sé como é que hey de guardio-la’. Bom, mas já que é assim, vamos lá então a essa coisa da sesta.

Eu acho que a sesta é sempre um hábito salutar. Aliás, estando em Madrid, qualquer principiante de ‘mind games’ lhe diria o mesmo. Mas não é isso. As melhores sestas da minha vida foram em Lisboa, no estádio da Luz. Nessa altura, tinha até uma almofada com desenhos do Vitinho e tudo. Mas penso que a sesta não deve conhecer fronteiras. Por isso, só posso estar de acordo com o campeonato ibérico da sesta! Que mais não fosse para ver se põem rapidamente a rolar o TGV para Badajoz, que tanta falta me faz. E se a coisa resultar, pode ser que o primeiro-ministro se lembre também de organizar os Jogos Olímpicos de 2020 com a Madeira, o Bugio e as Berlengas, para justificar o aeroporto de Alcochete. Ali, a dois passinhos de Setúbal... Dava-me mesmo jeito! Força, lá então com essa candidatura ibérica da Sesta!

PRESSÃO ALTA


Não Gostei!
Por JCR


Confesso que não gostei de ver o meu FCP jogar ontem frente ao SCP.
A sobranceria com que enfrentou o jogo e o adversário, similar àquela que colocou em campo frente ao Portimonense e Moreirense, não me agradaram e fazem-me crer que a mensagem de rigor colectivo passada após o jogo com o SLB, não foi bem interiorizada.

Um FCP na linha do que nos foi dado a observar até à 10ª jornada, chegava e sobrava (a meu ver) para vencer o jogo de ontem, ou, não vencendo, para convencer e dominar claramente o jogo e o adversário.

Não me parece lógico, que este FCP se veja hoje na necessidade de fazer “apelos à revolta” e “incremento dos índices de agressividade e motivação” ao intervalo dos jogos, independentemente das circunstâncias.
Creio, como antes referi, que um FCP atento, concentrado e focalizado como o que vimos até à 10ª jornada, não carece de tais intentos, para dominar e (quiçá) vencer os jogos que disputa (pelo menos a nível interno).

Dizendo-o de outro modo: o FCP que este ano nos tem sido dado a conhecer (e isto dos bons ou maus hábitos …), jogaria desde o primeiro minuto como jogou na segunda parte da partida, enquanto pôde …

Daqui parto noutra direcção …

Não gostei mesmo nada da arbitragem daquele que é por muitos identificado como (!!!) “Super-Dragão de Paredes”.

Estou certo de que, relativamente a este ponto, encontro concordância na generalidade dos que vêem o futebol pelo futebol.

A falta de critérios uniformes foi gritante, aqui e ali em eventual prejuízo do SCP, mas na grande maioria do jogo (e nos seus principais lances) em manifesto prejuízo do FCP.

Creio até que uma arbitragem destas, com erros que falseiam a “verdade desportiva”, porque com directa influência no resultado final, merecia da parte do FCP uma acção similar à assumida pelo SLB após o jogo em Guimarães.

E, como então sucedeu ao SLB, que não se iluda ou menorize os graves e claros erros da arbitragem, com a eventual exibição menos colorida (má, como já aqui assumi) do FCP.

O homem decidiu logo aos 2’ de jogo, contemporizar com o jogo violento ao não admoestar com ‘amarelo’ o ‘André Santos’, naquilo que (contra os que determinam as regras do jogo… repito, as regras do jogo) muitos consideram ser uma forma de procurar segurar a partida.

Escusado será dizer que o que assim se consegue é, normalmente, um jogo que descamba para lances polémicos com (habitualmente) alguma ”violência” à mistura.

Escusado será dizer, igualmente, que o visado da primeira entrada (de muitas!!!) foi o ‘João Moutinho’, mau grado também ele tenha tido aos 13’ uma entrada passível de ‘amarelo’, que o dito homem também contemporizou.

De notar, todavia, a habitual ‘choraminguice’ dos jogadores do SCP nos lances divididos em que sofriam faltas, estratégia que tão bem sabem dominar, quase em exclusivo no nosso futebol.

Que o ‘João Moutinho’ não é hoje bem quisto no reino do leão, já todos sabíamos.

Que se dispunham a criar condições para que o seu regresso fosse inesquecível pelos piores motivos, não surpreende.

O que já não se entende, é que tal venha a ter o foco principal dentro de campo, entre ex companheiros de equipa, alguns dos quais hoje companheiros de selecção, e até da parte do sempre “ponderado” treinador do SCP.
Temos sido bombardeados ao longo da semana com o exemplo ‘Figo-Barcelona’, onde, aí sim, o assunto morreu nas bancadas. Recordo ainda hoje o cuidado com que, por exemplo, ‘Xavi Hernandez’ em mais do que um momento confortou ‘Figo’ ao longo da partida, face ao que chegava das bancadas.

OK! Estamos em Portugal, sempre um pouco mais à frente.

Dizer que foi normal a atitude de alguns jogadores do SCP para com o ‘Moutinho’, é constatação que me dá pena, pela enormidade da sua desfaçatez.

E por aqui me fico.

Nada direi pois relativamente ao golo irregular do SCP, à impressionante entrada do ‘Maniche’, e à bem cavada expulsão do ‘Maicon’ quando o FCP acabava de empatar e estava (finalmente) claramente por cima, sufocando o SCP e em busca da vitória.

Apenas acrescento uma nota:

Quanto tinta correria na imprensa escrita portuguesa, quantos especiais-desporto se fariam ontem, hoje, amanhã, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª feira (e por aí adiante), quantos vestiriam luto se a circunstância fosse a inversa ou, se o contendor do SCP fosse outro.
Não custa pensar nisto, e ocorre-me ter o direito de o fazer.

Oxalá (digo eu), não venha isto a ser o início de algo bem mais complicado, ou pelo menos algo que pesará na contagem final.

(…)
A partir deste momento e até amanhã à noite, estou absolutamente concentrado na minha segunda paixão futebolística.

Que me perdoem os laivos de nacionalismo que a tantos agora ocorrem, mas sou desde pequeno um indefectível adepto do ‘Barcelona’, e não há ‘Mourinho’ (a quem para sempre serei reconhecido e de quem sou fan), ‘Ronaldo’ (o nosso melhor, que não - ao momento e a meu ver - do mundo), ‘R. Carvalho’ e ‘Pepe’, que me façam violar os meus votos de amor eterno ao grande ‘F.C. Barcelona’.
‘Més que un club’, simplesmente.
De resto, e não me levem a mal, tenho o ‘Real Madrid’ na mesma conta que tenho, em Portugal, o ‘Sporting’; digamos, usando de algum eufemismo, que não vou muito à bola com ambos.

Que seja um grande jogo, como estou certo será.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Falar Verdade a Mentir


O Benfica despediu-se hoje da Liga dos Campeões, ao perder por 3-0 em Israel com o Hapoel Telavive. O Footbicancas foi auscultar algumas reacções.

Luis Filipe Vieira confiante no futuro.

O presidente dos encarnados garantiu hoje, à saída do estádio Bloomfield, que o Benfica está apenas a atravessar uma fase menos boa, mas a Direcção mantém total confiança nos seus jogadores tal como na equipa técnica, esperando que uma vitória já na próxima jornada do campeonato, sobre o Beira-Mar, reponha a equipa na senda do sucesso. “Tudo pode acontecer, afinal, é isso exactamente que mostra a história da competição, onde os mais fracos muitas vezes batem o pé aos poderosos”, explicou o presidente benfiquista ao Footbicancas, incentivando os seus jogadores a “superarem-se” em Aveiro e a terem presente o exemplo da histórica vitória, esta semana, do pequeno Braga sobre o Arsenal. “Esperamos ganhar em Aveiro. Depois, bem, depois temos de ser realistas e esperar apenas fazer uma boa casa na Luz contra equipas grandes, como o Olhanense ou o Rio Ave”, concluiu Vieira.

‘A Bola’ garante que Jorge Jesus é o Roberto Bolaño do futebol.

“A Bola” também não se mostrou particularmente abalada com o triste adeus à Champions. Apesar da derrota, Jorge Jesus foi entusiasticamente comparado a Roberto Bolaño, o escritor chileno autor da obra «2666», unanimemente considerado o maior fenómeno literário da última década. “ Ambos fizeram uma obra-prima imensa, complexa, genial, admirada nos quatro cantos do mundo”, numa clara alusão ao “Baño de bola” que o Benfica acabava de dar ao Hapoel. No desenrolar da coversa com o representante d’ A Bola, Vilas Boas foi comparado a Dan Brown e Domingos Paciência a Corin Tellado.

Adeptos não vão crucificar Jesus antes da Páscoa.

Apesar do prematuro adeus à Champions, os adeptos benfiquistas prometem que não vão crucificar Jesus antes da Páscoa. O Footbicancas falou com um elemento dos No Name Boys, que costuma fazer cocktails Molotov numa bomba de gasolina da 2ª circular, que garantiu que os benfiquistas são muito religiosos e que, pelo menos até à Páscoa, o treinador não será crucificado pelos adeptos. Nessa altura, se as coisas não estiverem a correr bem então, sim, Jesus será açoitado, espancado, crucificado e a cruz colocada ao lado da estátua do Eusébio. E até haver um novo treinador, ficará guardada dia e noite pela claque para não se dar o caso de ele se lembrar de ressuscitar.


E pronto, fim de reportagem.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Toques de Cabeça



O BURRO SOU EU
Por JMMA

Um dia sonhei ser jogador de futebol. Um dia todos os miúdos que eu conhecia desejavam ser jogadores de futebol. Trabalhávamos para esse ideal horas e horas a fio, na rua ou no pátio da escola, a correr atrás de uma bola, a rematar à Eusébio, a defender à Costa Pereira, a cabecear à Torres, a centrar à Simões. Não havia nada, nenhum programa de televisão, nenhuma aventura, muito menos qualquer “T.P.C.” (trabalho para casa) que nos mobilizasse tanto, em que fôssemos tão sérios, quase profissionais. Na escola, à hora do recreio, corríamos das salas de aula para o pátio para jogar. Depois da escola corríamos para o “nosso campo”, um baldio atrás das nossas casas, para jogar mais.

Provavelmente, todos os portugueses pós Benfica europeu sonharam um dia ser jogadores de futebol. Mas agora, quando leio ou ouço alguns cronistas de futebol em Portugal – os chamados fazedores de opinião do indígena mundo da bola –, chego quase sempre a uma conclusão: Estes gajos percebem de futebol à brava, mas eu não percebo um caneco do que eles querem dizer. Aquilo são bissetrizes, expressões táctico-aritméticas, definições de espaços e losângulos para todos os gostos, transições para trás e para a frente. Mas o melhor são as metáforas e as citações. Cronista de bola à séria tem que usar pelo menos duas metáforas em cada parágrafo. Além de uma citação, que tanto pode ser de George Orwell como de Umberto Eco, ou de ambos.

Talvez os miúdos da escola continuem ainda a suspirar pelos intervalos das aulas para dar uns toques. Mas suspeito que este tipo de comportamento corre o risco de mudar num futuro próximo. Coitados dos miúdos, se ousarem seguir com atenção as análises científicas de alguns cronistas de serviço que por aí há receio bem que já tenham até alguma dificuldade em perceber o próprio jogo. A mesma coisa se observarem o ar sério, próprio de quem trata de problemas ao nível da física nuclear, que o CR9 (marca registada) faz quando se prepara para pontapear a bola. Ou se olharem para a cara crispada do Jorge Jesus a congeminar tácticas e a gesticular para dentro do campo.

Não, a ideia de que jogar à bola é uma coisa assim a modos que lúdica já não tem o mínimo sentido. Acho que acabou com o Ronaldinho Gaucho sempre a rir com os seus dentes de Bugs Bunny. Os senhores cronistas não brincam em serviço, aquilo é mesmo científico. Complicado, denso, chato, só ao alcance de algumas mentes privilegiadas.

O meu receio é este. Querem ver que um dia destes a miudagem leva os tempos de intervalo a suspirar pelo toque da campainha, para que termine o jogo, desejosos que recomecem as aulas de Matemática, Física, Química! Para poderem descansar o cérebro, evidentemente.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Toques de Cabeça

Lembro-me que...

Ainda o Mar Morto não tinha adoecido, nós os portugueses éramos muito melhores que os espanhóis. Ganhávamos grandes batalhas, jogos de hóquei em patins e um escudo valia duas pesetas. Hoje, a realidade é outra. Eles vêm cá passar férias, levam-nos o Mourinho, o Ronaldo, tutti quanti, e ainda por cima dormem a sesta e insistem em não perceber o português.

Este Verão foi demais. A Telefónica marcou um golo e Portugal tentou tirar a bola de dentro da baliza. Com um titubeante Henrique Granadeiro à ilharga, o ponta-de-lança da Telefónica, César Alierta, flectiu, contemporizou, tirou as medidas ao último reduto da PT e chutou em arco, longe do alcance do guardião da equipa portuguesa. Zeinal Bava bem se estirou mas era tarde. Estava lá dentro, era golo, ripa na rapaqueca, é disto que o meu povo gosta e, na tribuna de honra, Nuno ‘Ogoing’ Vasconcelos e Ricardo ‘BES’ Salgado pulavam nas poltronas, já a sentirem o dinheiro a cair-lhe nos bolsos. Mas quando os comunicados para a CMVM já estavam praticamente redigidos, a surpresa: um árbitro à Porto, José Sócrates, saltou da bancada, tirou o esférico dentro da baliza e declarou que não havia jogo. O avançado Alierta, na flash interview, declarou-se atónito com a estratégia «defensivista», um 5x5x1 com todos os homens atrás da linha da golden share. O jogo foi repetido, e voltámos a perder ( Vivo 0 – Telefónica 1). À volta de Queiroz vuvuzelas muitas.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Toques de Cabeça


Benfica – Naval (4-0)

UM LUGAR NO CORAÇÃO DA LUZ
Por JMMA


A história do futebol é feita principalmente de dribles e golos, mas há gestos raros que nos ficam carimbados na memória, e que no nosso imaginário têm mais força do que uma finta impossível. Perguntem aos benfiquistas qual o momento mais marcante da carreira de Rui Costa e nove em cada dez inquiridos não falarão nem de dribles nem de golos mas da comoção sentida aquando do «pior golo da vida dele», no estádio da Luz ao serviço da Fiorentina. Não há assistência genial nem pontapé de fora da área capazes de competir com aqueles olhos molhados – é por eles que Rui Costa será sempre lembrado.

Os adeptos de futebol são uma massa bruta e muitas vezes cruel, mas há instantes raros de surpreendente sensibilidade; cliques inesperados que podem baralhar os sentimentos e estremecer tudo. Foi o que sucedeu no jogo de hoje entre o Benfica e a Naval. O jogo estava prestes a terminar, o placard marcava 3-0, estava garantido o regresso tranquilizador do Benfica às vitórias dilatadas depois do desaire no Dragão. Mas, já o pano se preparava para descer, eis que Nuno Gomes, entrado para os cinco(!) minutos finais, depois de passar com ganas o guarda-redes da Naval , remata a bola de ângulo apertado para o fundo das redes, num lance rápido, milimetricamente desenhado. Goooolo!

Mas qual foi o momento mais emocionante do jogo? O golo, ademais tratando-se do golo 200 na presente edição da Liga? Não. Nada foi mais cativante, a meu ver, do que aconteceu depois do golo: o velho capitão a levantar os olhos ao alto, numa comovida dedicatória além-mundo que as câmaras captaram. O que representa esse gesto senão um desses instantes de rara grandeza que às vezes acontecem nos estádios, quando a persistência dá enfim frutos e o sofrimento de um jogador sem jogar se evapora com um arranque de raiva e um toque milimétrico na direcção da baliza?

Naquele olhar votivo, precedendo o carinho dos colegas e a ovação dos adeptos, a massa associativa viu simultaneamente todo o empenho, alegria e frustração de um jogador remetido para a condição de suplente, mas cuja dedicação à camisola jamais poderá ser posta em causa. Aquele momento de aparente comunicação transcendental fez tanto para a memória futura de Nuno Gomes na Luz quanto um hat trick ao Porto. E assim, estou certo, reservou Nuno Gomes um lugar no coração da Luz. Se preciso fosse.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

INQUÉRITO


MANUEL MACHADO (Mister)

Quer pela figura, quer por temperamento, quer pela forma peculiar como se expressa, cremos que o entrevistado de hoje do Footbicancas podia ser um venerando sacerdote em Paredes de Coura, uma personagem do século XIX saída de algum romance de Camilo, ou simplesmente o famigerado Homem do Fraque. Mas não, é um cromo do futebol. Se Guimarães não lhe deve de todo em todo o pão que come, pode afiançar-se que em grande parte lhe deve a alegria de dar água pela barba aos ‘grandes’.

(Entrevista escrita em 'manuelmachadês')


Já tirou pontos aos três grandes. Na última jornada foi em Alvalade contra tudo e contra todos, menos um. Agradeceu ao Maniche?

Olham para o Maniche como se lhe faltasse uma peça. Acho injusto. Às vezes, é mesmo preciso um esforço para se ver o óbvio - isso acontece quando se beliscam os interesses próprios, ou simplesmente quando se embaciam as lentes com que estamos mais habituados a ver a realidade. E o óbvio, em Alvalade, foi isto: o resultado premeia a equipa que foi mais eficaz sem o benefício da arbitragem. A primeira parte fica manchada por um conjunto de erros que, felizmente, não condicionaram o resultado final. Não é por termos vencido que vamos diluir esses juízos menos correctos. Se quer a minha opinião, tirando o Benquerença (que grande visão!), o futebol está repleto de míopes e nem todos usam óculos.

Mas o grande caso do jogo foi o da expulsão do Maniche, ou não?

Em termos do Sporting, os lagartos têm é que agradecer ao Maniche, que é o verdadeiro maestro daquela equipa. Pela primeira vez esta época acertou um pontapé e foi logo expulso. Logo o Maniche, que, desde que o Sá Pinto se reformou, é ele o mestre de cerimónias do balneário do Sporting. E pela maneira como o Sporting jogou na segunda parte, não me admirava nada que ele também fosse o maestro das músicas do Zé Cabra. Aquilo era cada um pró seu lado, caneco!

Continua a achar que "Na vida um vintém é sempre um vintém e um cretino é sempre um cretino”?

Absolutamente. Vir alguém com os dedos em riste fazer-me pirraça, como me fez um estimado colega, o ano passado, quando a minha equipa ( Nacional) foi goleada na Luz, parece-me uma brincadeira de crianças do tempo dos calções sem braguilha. Tenho lá pachorra! A esse meritíssimo colega, presentemente a atravessar uma fase menos boa, lembraria apenas que isto de ser treinador de futebol é como o vinho das melhores castas: primeiro alegra, depois inebria e um dia azeda.

E o ‘manuelmachadês’, há boas possibilidades de se tornar uma língua oficial?

Oficial já é, do que se trata é de conseguir para o ‘manuelmachadês’ o estatuto de «língua de trabalho» na UEFA, a par com as cinco línguas que já têm esse estatuto (o inglês, o francês, o espanhol, o gilbermadailês e o luisfreitaslobês). Em Portugal, o ‘manuelmachadês é o idioma oficial de três jornais desportivos, seis programas televisivos (Prolongamento, Mais Futebol, Dia Seguinte, Pontapé de Saída, Jogo Jogado e Trio d’ Ataque), e ainda a segunda língua do Canal Parlamento, logo a seguir ao ‘politiquês’. Estamos, dirigentes e corpo técnico do Guimarães, todos a trabalhar em conjunto para conquistar um lugar na Europa, criando assim condições privilegiadas para a internacionalização do ‘manuelmachadês’. Como vêem, um idioma em expansão.


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

FCP: 5 - SLB: 0 (Relato)

Lembro-me que...

Queiroz acreditava no título mundial

Portugal ainda não garantira a presença no Mundial na África do Sul. Ainda assim, a confiança de Carlos Queiroz, seleccionador, para ultrapassar a Bósnia-Herzegovina, nos dois jogos do play-off, era mais que suficiente, pois o técnico falava mesmo na conquista do título mundial.

"Penso que a parte mais complicada é o apuramento. Se nos qualificarmos, Portugal será certamente um dos favoritos a vencer o Mundial de 2010 ou então a ficar no pódio", disse ontem Carlos Queiroz em entrevista ao site oficial da FIFA.

Esclareça-se que «certamente», conforme dicionário diz, significa 'com certeza', 'sem dúvida'. E que «ontem», segundo esclarece o Diário de Notícias, foi em 26-10-2009, há pouco mais de um ano.

Quem diria! Parece que foi há séculos ou, até, que nem nunca existiu. Ainda bem que eu não acreditei.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Toques de Cabeça


APAGÃO DO BENFICA FOI PROVOCADO POR UMA CEGONHA
Por JMMA

Segundo notícia do canal Benfica TV, o colapso do Benfica no domingo deveu-se ao choque de uma cegonha com uma torre de iluminação do estádio da Luz. “Precisamente à hora em que o jogo estava a começar. Foi uma coisa horrível”, confirmou um popular a quem aquela estação televisiva independente teve de pagar 500 euros para contar o que viu. “Parecia o 11 de Setembro. O animal fez mal a aproximação ao ninho, foi enfeixar-se entre os holofotes e começaram a sair-lhe relâmpagos pelo orifício natural. Para mim foi um suicídio.”

Segundo os órgãos sociais do Benfica, “tratou-se de um ataque concertado das cegonhas ao nosso clube. No final da Supertaça, já uma cegonha tinha esbarrado com uma linha de alta tensão e cortado a Luz em todo o País. No passado domingo, novamente uma cegonha kamikase colidiu com uma torre de iluminação do nosso estádio e o País ficou sem Luz entre as 20,15 e as 22,30 h. Prevemos que, depois da linha de alta tensão e da torre, o próximo ataque das cegonhas contra os interesses do Benfica tenha como alvo a Casa do Benfica de Alpendorada, o jornal A Bola, ou o Alan Kardec (desaparecido em combate no jogo do Dragão) se este entretanto já tiver sido encontrado.”

Os prejuizos no campeonato ainda estão por contabilizar, mas Jorge Jesus já chamou a atenção para o “efeito cegonha” na tabela classificativa. Para o técnico dos encarnados, “o treinador assume as consequências das suas opções tácticas, mas não nos tentem assacar responsabilidades na goleada nem nos 10 pontos de atraso porque, essas, são da cegonha”.

Também, por sua vez, os órgãos sociais do Benfica atacaram ontem Francisco Ferreira (o careca da Quercus), que nomearam "persona non grata" por "nada fazer para aplicar a lei, pelo que a arbitragem e a Comissão Disciplinar da Caça à Cegonha continuam na Federação de Caça e Pesca “Calibre 12”, quando já deviam estar na Benfica TV desde 1 de Julho".

Rais-partam as cegonhas!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

FCP: 5 - SLB: 0


Que maravilha!

Há muito que não me divertia tanto a ver um jogo de futebol. E digo isto sem nenhuma ironia, pois para além dos 5 secos, o Porto jogou muito à bola.

Os 5 contribuíram para o festival completo, mas é uma delícia ver aquele meio campo (mesmo sem Fernando)! O Belluschi abriu o livro de uma forma espectacular (estou curioso para ler a crónica do Miguel Sousa Tavares) e fez, a par de Hulk, gato (outra curiosidade, ver o que o fedorento diz deste jogo) e sapato de todos aqueles que lhe apareciam pela frente, do famoso corredor esquerdo da defesa do SLB. Para além do Belluschi, existiu ainda uma maçã que está cada vez mais madura, ficando cada vez mais longe do seu estado “podre”. O número 8 Portista dá muita tranquilidade e classe ao pulmão de qualquer equipa, sendo que o homem parece ter pilhas duracell! Muito bom (além se lembra do Meireles??)

Depois, vem o trio, não o de Odemira, mas o trio que tira o sono a qualquer um (adversário, pois a mim não me tira nada!). Na verdade, o Porto tem hoje em dia 3 jogadores na frente que são o desespero para qualquer defesa. Não é por acaso que os 3 estão no topo da lista dos melhores marcadores. Só fiquei com pena do Varela não ter feito o seu segundo golo, pois dessa forma a coisa ficava mais equilibrada entre os três. Todos eles foram excelentes, mas o Hulk esteve irrepreensível. O rapaz é mesmo uma força da natureza e proporcionou um momento que ainda hoje me faz rir: Na jogada do primeiro golo, ver a imagem do David Luis a gatinhar atrás dele para ver se o apanhava, é qualquer coisa de maravilhoso. O tal que, segundo JJ, tinha uma velocidade capaz de segurar o Hulk. Muito bom.

Bom, quanto ao jogo já foi tudo dito e mais dito. Não obstante, não resisto ao facto de dedicar esta vitória ao RAP, de dizer que o mestre da táctica foi mais uma vez cilindrado pelo Porto e de concluir que afinal o LFV tinha razão, quando no inicio da época andava a querer distrair os seus adeptos, pois provavelmente já sentia o que o esperava. É obvio que o campeonato ainda não está decidido (longe disso), mas que é uma vantagem muito significativa, lá isso é!

Nota: como devem calcular (pelo menos aqueles que me conhecem) reprovo totalmente as bolas e outros objectos que foram arremessados para as 4 linhas, tendo inclusivamente atingido o Roberto, mas os energúmenos existem em todo lado. Nesta nota, confesso, que existe uma excepção dado a imaginação da mesma. Falo do Frango que foi lançado para o terreno. A par do gatinhar do David Luis, este foi dos momentos que mais me ri no estádio. Concordam comigo que teve a sua piada e afinal de contas o Frango não faz mal a ninguém!

FCP: 5 - SLB: 0


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Toques de Cabeça

Porto - Benfica

GANHA O PORTO, DISSE-ME O ÁRBITRO
Por JMMA

Escrevam aí, porque quero que fique preto no branco: o Porto vai ganhar. Tenho bons contactos, socorri-me de fontes fidedignas, aquelas que sabem, e repito (leiam nos meus lábios): no domingo o Porto vai g-a-n-h-a-r. Isso digo hoje, e é garantidíssimo. Amanhã, já não sei. Se calhar, posso até jurar o contrário: o Porto perde. Tão certo como eu estar aqui. Tornem a ler-me os lábios: p-e-r-d-e. Ah, isso aposto o que quiserem!...

Olha, encontrei a palavra certa: aposto. Não é bem como no Euromilhões, porque aí é aleatório, apenas números a rolar numa tômbola. O que eu faço com o Porto-Benfica é mais Totobola - deixo-me influenciar. Leio O JOGO e tendo a pôr “1” para o Porto que joga em casa, vai de vento em popa e se acaso o adversário tem a veleidade de lhe tirar pontos mesmo com justiça, faz birra porque o árbitro não o favorece com penaltes inexistentes. Leio A BOLA e tendo a pôr "2" para o Benfica, que acaba de dar um baile de bola ao Lyon, numa noite que apesar das abébias ao adversário em fim de festa, chegou a anunciar-se perfeita, e que ainda para mais sabe que joga no Dragão uma cartada decisiva.

Portanto, considerando que o Porto tem menos 48 horas de recuperação do que o Benfica mas em contrapartida joga em casa, levando em linha de conta a batalha táctica, a leitura dos treinadores, as condições de humidade, pressão e temperatura e respectivo efeito sobre o cheiro da relva à hora do jogo, pesando os prós, pesando os contra, efectivamente, o que posso adiantar sobre o jogo é que «tendo a...», «se calhar», «possivelmente», «penso eu de que...».

Mas se amanhã me virem peremptório e sem dúvidas quanto à vitória do Porto é porque almocei com o Pedro Proença, ou porque o Bertino Miranda ou o Ricardo Santos, árbitros auxiliares nomeados para o Dragão, me sopraram um telefonema explicando que a culpa é do Bin Laden. Sim, como sugeriu recentemente um dos senhores da «guerra» em recado propalado a partir da Turquia, o Aimar e o Bin Laden jogam na mesma equipa.

Enfim, caro leitor, vá por mim que sou ingénuo. Quer certezas com três dias de avanço sobre o Porto-Benfica? Pois sim, tente o Pedro Proença, o árbitro genial que em 2009, nesse mesmo Dragão, conseguiu o prodígio de converter uma infracção do Lisandro num penalti do Yebda. Oxalá ele não saiba.