quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Brasil-6 Portugal-2


Mesmo cheio de sono fiz questão de assistir ao jogo de Portugal.


Uma partida de futebol, onde militam Kaka, Robinho e Cristiano, só poderia ser um grande espetáculo. Depois, porque em toda a minha vida este seria o terceiro jogo que veria entre estas duas selecções. E depois ainda, porque o Brasil é o país que mais gosto depois do meu.


Sabia que uma rádio portuguesa iria retransmitir o relato de uma das maiores cadeias de rádio do Brasil. Assim fiz, televisão ligada, e relato empolgante do nossos irmãos brasileiros.


Os brasileiros começaram por respeitar a nossa Selecção, os resultados dos últimos anos eram espectaculares para uma país de 10 milhões de habitantes, diziam eles. E o primeiro golo português confirmou tamanho respeito. Sentia-me orgulhoso de tantos elogios radiofónicos.


Depois, em 10 minutos o Brasil deu a volta. O comentador de serviço dizia que era um feito notável da canarinha. O Brasil este ano ainda não tinha marcado um só golo no seu próprio país e a Selecção portuguesa era fortíssima. Segundo ele, até Cristiano Ronaldo era melhor que Káka.


Embora me continuasse a sentir orgulhoso, pressenti aquilo que os comentadores brasileiros ainda não tinham atingido (futebolisticamente inocentes, coitados). Portugal iria ser um "saco de batatas".


A partir daí, foi um atêntico bailinho da canarinha. Ele era toques de calcanhar, "pedalas", brasileiros a fintarem 3 e 4 portugueses numa só jogada, e golos falhados em catadupa. Naquele jeito "moleque" que só os brazucas têm, olhavam entre eles, riam-se (inocentemente), como não acreditando no dominio arrasador que estavam a ter sobre a Selecção das quinas.


A partir do quinto golo, os jogadores brasileiros já demonstravam pena dos portugueses, com palavras e gestos de conforto para com os adversários. Segundo as estatísticas, esta estava a ser a maior humilhação dos últimos 50 anos.


Apaguei a rádio, quando ouvi uma pequena provocação do comentador Brasileiro. Dizia ele: "não reconheço esta selecção portuguesa. Aliás, isto é mesmo uma selecção? Com Felipão, estes jogadores pareciam bem melhores. Se os outros brasileiros naõ jogassem por Portugal (Deco e Pepe), em vez de seis, teriam levado oito ou nove".


Deitei-me envergonhado e com orgulho ferido. Não por esta provocação, mas sim por ela ser verdade, e ainda mais pelo povo mesquinho que temos, que enquanto não viu Scolari fora da Selecção, não descansou.


Ganhava muito diziam uns, não convocava o jogador do meu clube diziam outros, tratava mal os jornalistas (coitadinhos) diziam ainda outros. Os resultados esses é que não interessavam, para a avaliação.


Quando se ganhava por três, outro treinador teria ganho por quatro, quando se ganhava no último minuto, outro tinha ganho na primeira parte, quando íamos à final, outros tinham ganho o campeonato. Era tudo tão simples, não era?


Agora têm o que merecem.

2 comentários:

  1. acho que este post merece um comment do Fama....

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  2. Para os detractores de Scolari na Selecção; tal como se viu, no passado recente, com os saudosistas de Camacho; ou mais remotamente com Toni, na Luz, está na cara:

    «Há duas tragédias na vida: uma a de não satisfazermos os nossos desejos, a outra a de os satisfazermos».[Oscar Wilde]

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