PREC, Disse Ele
Gonçalves Pereira, alegando que as decisões proferidas pelo CJ da Federação a respeito dos recurs os do Boavista e do FC Porto careciam de fundamento legal, veio alertar a nação para os perigos revolucionários a coberto daquele Conselho. PREC, disse ele.
Se bem se recordam, PREC – Processo Revolucionário em Curso –, é a expressão por que ficou conhecido o movimento político de esquerda que derivou do ‘25 de Abril’ e ao qual se ficou a dever, historicamente, a balbúrdia das nacionalizações assim como a fuga para o Brasil de alguns primo-divisionários do tempo do outro campeonato. Portanto, perante a iminência duma tal hecatombe, logo que pôde, o FootBicancas foi indagar sobre os verdadeiros contornos da ameaça vermelha.
Entrevistado pelo FootBicancas, o sustentáculo da democracia (G. Pereira) explicou que as suas afirmações não são um delírio, e que o país tem mesmo que estar vigilante em relação ao obstrucionismo declarado dos cinco conselheiros extremistas, insubmissos aos interesses do FCP. “Agentes mal disfarçados do totalitarismo, vão de certeza tentar fazer uma revolução para acabar com a ‘primavera pintocostista’ no nosso futebol e obrigar-nos ao exílio no Brasil”, explicou o sr. Pereira. “A sorte é que já falei com o Madail e ele garantiu-me que, aconteça o que acontecer, apoiará o nosso plano para travar a intentona. Chamamos-lhe a estratégia PCTN, ou seja, Providência Cautelar por Tudo e por Nada”, esclareceu.
Mas a providência cautelar é uma espécie de chuto para canto do direito administrativo – observámos nós. Na melhor das hipóteses serve apenas para ganhar tempo e organizar a defesa quando o adversário já invade a área. “Evidentemente, a providência cautelar (como o nome diz, acautela) não resolve. Mas dá tempo para a viragem necessária.”
Como assim?
Foi aqui que o grande vigilante da democracia ameaçada verdadeiramente abriu o jogo. Elogiou os estrategas de campanha de Robert Mugabe e a forma como estes conseguiram inverter a derrota sofrida na primeira volta das eleições no Zimbabwe, nomeadamente através do contacto feito na rua com os eleitores. E acrescentou: “Madail, excelente Presidente, como se viu quando deu o dito por não dito na UEFA levando o Comité de Apelo a adiar uma decisão que se adivinhava severa, já avalisou o plano.”
O ‘plano’, ao que o FootBicancas apurou, consiste na contratação do ‘staff’ do presidente do Zimbabwe para fazer campanha pelo ‘sim’ ao recurso do FC Porto na reunião do CJ em que se irá repetir a votação. “São técnicos de marketing muito eficazes na abordagem pessoal”, disse Gonçalves Pereira, visivelmente optimista após os primeiros contactos com elementos federativos zimbabwanos, em Harare. “E no CJ os votantes nem sequer andam armados”, concluiu.
Já que assim é, podemos estar descansados. O PREC não passará.