Esta semana, os Gato Fedorento deram um espectáculo na Liga Portuguesa de Futebol. Só podiam ser eles. Se não fossem eles, só Os Contemporâneos que também têm "sketches" humorísticos sobre a actualidade que são de partir o coco. O Raul Solnado – lembram-se da Ida à Guerra? – esse não, porque já se reformou. E o Herman perdeu a graça e entrou em pousio. Só podiam ser os Gato Fedorento que até gostam de sketches representados à secretária.
O mais provável é que tenham visto mas, ainda assim, aqui vai: a cena passou-se na Assembleia-Geral da Liga de Clubes. Está tudo na fotografia a três colunas que ilustra a notícia. Num lado (devia ser o Miguel Góis), está o autor da proposta, o tal Presidente da Comissão Disciplinar da Liga que, aqui atrasado, deliberou a punição ao Boavista pelas tropelias praticadas no consulado dos Loureiros. No outro lado, a Mesa da Assembleia que revê o código disciplinar da Liga, e a presidi-la está um tipo (Ricardo Araújo Pereira) - expressão truculenta, farta barbaças, dá ares de major Valentão.
O que é que aconteceu à proposta? Está-se mesmo a ver: «Tentativa de corrupção não será punida», diz o título da notícia.
Logo a seguir, outra notícia: 40 ª sessão do julgamento do Apito Dourado, alegações finais. O Procurador manteve os termos da acusação ao presidente da Liga: 26 crimes de corrupção activa e dois de prevaricação. Apenas na época 2003/04!
Confesso, não esperava isto dum jornal ‘sério’. Esta foi a melhor cena humorística que me lembro, desde que, após a decepcionante derrota do Benfica na Luz frente ao Shakthar (0 – 1), para a Champions, Camacho teve aquela célebre tirada de que a culpa é da bola. «A bola quer entrar, entra; não quer entrar, não entra».
Sinceramente: não sei se hei-de rir, se hei-de chorar.
Se até aqui os dirigentes federativos do futebol, de certo modo, ainda pareciam interessados em manter as aparências, agora é evidente que já nem isso. O caso do major (acusado de 26 crimes de corrupção activa, só da época 2003/4) a presidir à revisão dos regulamentos disciplinares da liga, realmente roça o delírio. É pôr a raposa dentro do galinheiro.
ResponderEliminarCom cenas tão surrealistas, até aquilo que ocorreu ontem na reunião do Conselho (dito) de Justiça da Federação, veio confirmar apenas o que já sabíamos: a nível de dirigentes, o futebol português está transformado numa espécie de garagem do Farfalha.
Por todo o lado se vêem exemplos que não podem deixar de nos fazer pensar. Como o da contratação do novo seleccionador. Há duas semanas, Madail jurou à fé de Deus que iria deixar a presidência da FPF. Pois se assim é (Deus o oiça), a que título se permite agora esse idiota contratar o novo seleccionador?
Pode fazê-lo? Pelos vistos, até pode. Mas se pode, não devia. Obviamente que não devia. Toda a gente está farta de saber que qualquer direcção em fim de mandato, democraticamente, deve coibir-se de tomar decisões cujas consequências recaiam sobre as direcções seguintes. Essa a razão por que, ns últimos meses de mandato, os Presidentes da República vêem reduzidos alguns dos seus poderes constituicionais mais importantes. O mesmo sucede com os Governos, que, quando demissionários, passam automaticamente a governo de gestão.
Só o senhor Madaíl (que tão distraído é em relação a outras coisas) neste caso, não entende assim. Vai-se embora daqui a uns meses, mas não prescinde de ser ele a ditar o futuro da selecção até 2012.
Cá por mim, senhor Madail, digo-lhe muito sinceramente:
- se quer surpreender-nos, não contrate ninguém. Descontrate-se a si. Saia e deixe a porta aberta. Pode ser que o rio entre por aí dentro e limpe o estábulo duma vez por todas.
Apesar de a ideia ter a sua logica não pode ser praticada.
ResponderEliminarO calendário de qualificação para o Mundial indica que os jogos começam ainda este verão... muito antes do fim do mandato do Madail... e a selecção já precisa de alguém a comandar... pode ser uma má escolha... pode ser... mas antes uma má escolha que nenhuma escolha... é que se fôr má o próximo presidente despede... e contrata quem quiser...