RAP, TUDO REAL TUDO VIRTUAL
Por JMMA
Encontro Ricardo Araújo Pereira no vídeo (algo atrasado) da apresentação da biografia de José Águas, no Estádio da Luz, em 29 de Junho. “José Águas, O Meu Pai Herói”, da autoria da filha Helena Águas, Oficina do Livro.
Não falo do livro, que não sou crítico literário, nem pretendo sê-lo. Falo do apresentador. Ironia, justeza de tom e de estilo, gosto e arte de comunicar, sensibilidade – enfim, RAP, o humorista, ele próprio.
Tudo dito num tom formal e sério, quase queiroziano. Os devaneios mais extraordinário (clubísticos neste caso) são proferidos com a maior das naturalidades. Mas sem o parecer, o facto é que está a ironizar – ou então é isso que esperamos dele, e assim julgamos. E volta e meia a autodepreciação como técnica: “Eu que sou um palerma...”, diz ele a páginas tantas, por entre risos da assistência. Parece que quanto menos o interlocutor o levar a sério, mais possibilidades haverá deste se deixar levar com as suas fantasias. Uma certa afectação no modo de ser desafectado, digamos assim.
O que emerge à tona de água é apenas a parte visível do iceberg. O resto advinha-se. Há uma densidade oculta, um certo subentendido, como aquela que se sente nos quadros dos grandes pintores.
Gosto destas inteligências.
VEJA O VÍDEO:
http://www.youtube.com/watch?v=IHOe6fgSsFQ&feature=player_embedded#at=294
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