Falar de arbitragem após uma jornada sem ‘casos’ de maior, requer uma explicação. Na verdade, justamente pela ausência de ‘sangue’ é que eu achei que valia a pena trazer o tema à colação. Talvez assim consiga explicar o ponto de modo que me entendam. Sem clubices nem reflexos pavlovianos.
O ponto é este. Não me lembro de nenhum treinador de qualquer clube "grande" ter reconhecido publicamente, no fim de um jogo, um erro de arbitragem favorável à sua equipa. Claro que a postura e o discurso dos dirigentes não deixam aos treinadores margem para esses cavalheirismos. Mas quem desse o primeiro passo de certeza que entraria para a história. Só que, o que observamos por aí está ao nível do melhor teatro de opereta.
Logo na primeira jornada, Paulo Bento queixou-se de um penálti mal assinalado no desafio com o Trofense. Mas ninguém o ouviu, na 2ª jornada, sobre o penálti que Bruno Paixão ignorou quando Postiga carregou Meyong no jogo de Braga. Nem na 3ª, sobre o fora-de-jogo de Postiga que Elmano Santos deixou impune no lance do primeiro golo contra o Belenenses. E muito menos na 4ª, sobre o penálti que Duarte Gomes não viu quando Postiga (sempre o mesmo) puxou o braço de Sidnei no dérbi da Luz.
Paulo, você não viu, pois não?... Mas deixe que lhe lembre: quando o pastor voltar a gritar «acudam que é lobo» como acha o Paulo que reagirá o povo, ainda que o seu apelo seja verdadeiro?
Mas não é só o Paulo. Achando talvez que nisto das arbitragens quem não chora não mama, também Jesualdo, mal refeito do empate em Vila do Conde se apressou a fazer o seu número de queixinhas. Não deste ou daquele erro, mas contra o Apito Dourado. C’um catano! Eu a pensar que o Apito Dourado era para sanear a arbitragem… Mas não, diz o professor que o Apito Dourado está é a «condicionar a competência» dos árbitros. Seja lá o que for que isso queira dizer, é caso para perguntar ao professor: quais árbitros?
O que vale é que no futebol há sempre boas e más notícias. A boa foi, já aqui atrasado, o presidente da federação ter sido solicitado para escolher o novo elenco do Conselho de Justiça. «Solicitado», e «por todos os sócios», como o senhor presidente (ainda/ex? demissionário) teve o gáudio de esclarecer à imprensa.
Não é preciso saber ler nas folhas de chá para perceber que isto é meter (melhor dizendo, manter) a raposa dentro do galinheiro. No entanto, ninguém diz nada (inclusive neste blogue). Enfeitiçados pela cartola, ninguém vê o coelho. Assim, nem dez apitos dourados serão suficientes para moralizar a gestão do futebol
Por estas e outras, é que os dirigentes do futebol me fazem rir, e os palhaços também. E depois, volta e meia, lá vêm o Paulo e os seus pares fazerem-nos ver que os bons árbitros são aqueles que só erram contra os outros.
Ora façam o favor de ir todos bugiar!