segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

NA DESPORTIVA


MADAÍL RECORRE PARA A ONU
Por Quincas Berro D’Água (*)


A assembleia geral extraordinária da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) chumbou a proposta de revisão dos estatutos de forma a adequá-los ao novo Regime Jurídico. O documento apadrinhado pelo Presidente da Federação, obteve 353 votos a favor e 147 contra. Preocupado com o impasse criado e as consequências desportivas e financeiras que daí poderão advir, Madaíl já requereu uma reunião com o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, para pedir a formação de um painel de peritos internacionais para monitorizar a situação, à semelhança do que foi feito no referendo do Sudão, e forçar os membros da assembleia a dar como aprovados os novos estatutos. “Cavaco Silva foi reeleito com 52,94% dos votos (quase tantos como os votos contra). Com 70,6% de votos a favor (mais do dobro dos votos contra) como é que me chumbam os estatutos! Como é possível!”, explicou Madaíl ao Presidente Ban. (O da ONU, ou o d’Os Ban, grupo musical do João Loureiro, ainda não pudemos confirmar, mas um deles foi de certeza.)

Por outro lado, depois dos problemas havidos na referida assembleia com o voto electrónico, que acabou por ser substituído pelo voto verbal, Madaíl conseguiu junto do Ministro da Administração Interna que os cartões do cidadão - a ideia mais genial e sofisticada de sempre para a realização de eleições -, passem a ser utizáveis nas votações da Federação. De futuro, o cartão de cidadão dos membros da Assembleia-geral da FPF irá definir logo o sentido de voto, para adiantar serviço e, sobretudo, para não haver surpresas.

(*) Serviço especial Fbicancas /WikiLeaks/Supermercados LIDL

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça


OBRIGADO, KING
Por JMMA

Numerosas figuras da nossa sociedade, na terça-feira, encheram o Coliseu dos Recreios em Lisboa, para festejar o aniversário do Eusébio.

Como tudo o que é extraordinário, a Gala do Eusébio, assim se chamava o evento, fez-me pensar, e os meus amigos bem sabem como isso é raro em mim.

Se 69 é número bizarro, se o “Rei” está vivo, qual então o sentido da celebração? Depois lá descobri.

É facto que em Portugal temos o hábito de só homenagear as pessoas depois de morrerem, altura em que a homenagem, parecendo que não, é apreciada pelo próprio com menor entusiasmo. Mas no caso das pessoas que vivem para sempre, como o Eusébio, as homenagens póstumas correriam o risco de ficar adiadas indefinidamente. Por isso, não só acompanhei pela televisão o desenrolar da festa, como achei muito bem que jovens como Ronaldo, e Nuno Gomes, Vitor Baía ou Zé Mourinho, prestassem as suas homenagens a Eusébio, antes que seja tarde e morram sem conseguir fazê-lo. Por outro lado, se o que dizem alguns dos presentes, enquanto vivos, já faz pouco sentido (estou a lembrar-me de Madaíl), imaginem como seria depois de falecidos.

Agora a sério. A minha admiração por Eusébio nasceu num momento particular, um célebre jogo em Amesterdão. A primeira parte, alucinante e imprevisível mas com ascendente da equipa madrilena, terminara com o resultado em 3 – 2, desfavorável ao Benfica. A segunda parte seria, contudo, completamente dominada pelos encarnados, que lograram o empate aos 50 minutos. A partir deste golo, o Benfica “encosta às cordas” a equipa espanhola e Eusébio arranca para uma segunda parte de luxo. "No lo creo", exclama a dada altura Di Stefano (um dos Deuses do Olimpo que marcou presença na Gala), ajoelhado com as mãos na cabeça, como mostram os vídeos do jogo, múltiplas vezes repetidos. Resultado final: 5 – 3. Benfica campeão europeu pela segunda vez consecutiva. Dois golos decisivos de Eusébio.

Eusébio era aquilo tudo que toda a gente diz: os golos do meio campo, as arrancadas a deixarem todos para trás, a força felina. Mas era também aquela força anímica que num ápice, como no jogo da final de Amesterdão (e tantos outros), resolve a quadratura do círculo. Aprendi, desde então, que um herói não é apenas aquele que vence. É alguém que acredita sempre e consegue tornar simples o impossível. Em miúdo, eu tinha em casa álbuns, bonecos, cromos, e ele foi o meu primeiro herói.

Pudesse o Eusébio voltar outra vez... Obrigado, King.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça


UMA IMAGEM QUE NÃO VALE UMA PALAVRA
JMMA



Hoje, no rescaldo do Benfica – Nacional, Jorge Jesus é o bombo da festa. Ao vivo e a cores, as imagens dizem o que dizem: alguém que queria bater, alguém que evita levar, gente à volta. As notícias em cima das imagens resumem: um desentendimento entre o treinador benfiquista e o jogador Luis Alberto, da equipa madeirense. Mas a pronta intervenção de vários jogadores e elementos da equipa técnica do Benfica evitaram que a confusão tomasse outras proporções. O cão de Pavlov que vive em mim sentiu-se logo assim: a favor do jogador alvo de agressão na forma tentada; contra o treinador descontrolado que se julga a tudo permitido. Porém, há sempre poréns, lembrei-me de um pormenor. As imagens não trazem som. Imagine-se que o jogador Luís tinha, por qualquer razão, insultado o treinador Jorge sobre uma questão íntima (o pai, a mãe, a irmã, ou outras coisas sagradas). Vai daí, mudei. Se foi esse o caso, o Jorge (por mais treinador que seja) tem o inalianável direito de dar nas trombas a um patife (por mais jogador que seja). Com as devidas e justas consequências, evidentemente! Sem subterfúgios, sem chicanas, nem discursos passa-culpas. Aqui na relva, como nos túneis. Tão simples, não é?


PS: E com isto lá transitou, sem julgado, mais uma vitória do FC Porto conquistada à custa de um penálti motivado pela deslocação do vento.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça



HOJE NÃO SE FALA DE FUTEBOL
Por JMMA



Não se pode. Amanhã vamos a votos para eleger o Presidente (não o do Sporting, o outro), e a lei impõe, na véspera, um dia de estágio para reflecção. Isto é desumano! Como é que um indivíduo há-de reflectir como deve ser, ao sábado, se já sabe de antemão que no dia seguinte não há futebol?!

Mesmo considerando o facto de que, por regra, as eleições onde o campeão em título se recandidata são, à partida, presumidamente menos competitivas, não me recordo de um campeonato tão entediante. E, se é verdade que as transmissões televisivas dos encontros (ditos debates) são praticamente inócuas no que respeita aos resultados, já as baixas assistências registadas exprimem um preocupante desinteresse dos adeptos pela competição, senão mesmo pela modalidade.

Dos seis candidatos em jogo, só dois, Alegre e Cavaco (tipo Porto e Benfica), disputam efectivamente o título. Os outros não conseguiram sair do papel de figurantes secundários, com o único objectivo de roubar pontos aos dois ‘grandes’, vulgarizando o nível de qualidade dos jogos ad nausea. Digo que são dois porque o Sporting (representado aqui por Fernando Nobre) quer pela força das circunstâncias em que competiu, quer pela sua manifesta dificuldade em geri-las, foi-se tornando também ele próprio improvável.

Sobre a forma como decorreu a prova, pode dizer-se que, dada a diferença pontual em relação ao líder, precocemente registada logo no arranque da prova, a estratégia de Alegre é forçar o prolongamento para poder decidir a seu favor num mata-mata. Quanto a Cavaco, pode-se dizer que fez o campeonato todo a jogar à defesa, não carregando sobre o adversário mas passando-lhe a bola e deixando-o tomar a iniciativa do jogo.

Cavaco optou assim por um jogo de contenção, nunca dizendo mais do que o necessário, nem sequer quando foi instado a esclarecer alguns esqueletos (tipo apito dourado) descobertos no armário. Ainda assim fê-lo sem jogar tanto à defesa como o desastrado Carlos Queiroz, abdicando de um catenaccio que seria mal visto pelos adeptos de Direita, que prefeririam vê-lo fazer “jogo bonito”. Pelo contrário, Cavaco jogou à defesa mas com uma pressão alta sobre o adversário, como se tem visto nos recados que foi mandando para dentro do terreno sobre algumas jogadas, como os cortes salariais na função pública ou a situação do crédito externo, num tipo de marcação directa como faria Mourinho.

Em relação à equipa em funções (capitaneada por Sócrates), Cavaco não quis cair no erro histórico de Artur Jorge, quando chegou ao Benfica e decidiu, para se afirmar, desmantelar a equipa de Toni, condenando o clube ao fracasso durante mais de uma década. E, de resto, o seu prestígio como treinador para o resto da vida. Aliás, se Cavaco anunciasse esse propósito, arriscava-se mesmo a não ser reconduzido, como sucedeu com Octávio Machado, quando foi despedido do FC Porto, na era pré-Mourinho.

Apoiado numa equipa sem grandes estrelas, Cavaco apostou claramente num jogo táctico, de paciência, esperando os erros do adversário, ciente de que não foi o Barcelona de Messi e Iniesta – foi, sim, o Inter de Diego Milito e Goran Pandev que venceu a Liga dos Campeões.

Triste campanha esta. Mas enfim, os dados estão lançados. Agora, resta esperar até domingo para sabermos com que resultados - e, depois, com que consequências, porque neste jogo de que estamos a falar (que, repito, não é futebol) isso é que conta.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

NA DESPORTIVA


O FMI JÁ ESTÁ EM ALVALADE

Por Quincas Berro D’Água (*)

O Footbicancas em Alvalade – Apesar de Sócrates tudo ter feito para impedir a indesejada intervenção do FMI em Portugal, a verdade é que (e esta é uma notícia de que só o Footbicancas e o professor Marcelo têm conhecimento) os Rui Santos e os Freitas Lobo estrangeiros, enviados pelo FMI, já estão em Lisboa para libertar o Sporting do jugo dos três D: Dívidas, Derrotas e Desilusões. Para se inteirarem do estado do clube, Dias Ferreira (outro D) levou esta noite os técnicos do FMI a assistir a “O Dia Seguinte”, comer uma bifana e uma mini numa roulotte e neste momento andam todos a fugir à frente de um bando da Juve Leo apostado em impedir a entrada da delegação e respectiva comitiva em Alvalade.

As razões da vinda do FMI remontam a sexta-feira, após o duplo desastre desportivo e directivo. Com efeito, ao que pudemos constatar, foi com grande emoção que três (repito, três) dos muitos milhares de sócios sportinguistas que elegeram Bettencourt, acorreram logo a Alvalade clamando pela continuidade do presidente demissionário, não se importando sequer com a venda de Liedson no Mercado Abastecedor de Lisboa (MARL) ao preço da maçã podre, se for caso disso.

Como se sabe, a presidência de Bettencourt, em 18 meses de mandato, fica marcada pela extraordinária reestruturação financeira do clube, através de uma operação inédita que está a ser seguida por economistas de todo o mundo (por uma razão qualquer apenas residentes em África), que consiste em reduzir o capital da SAD para metade. Na verdade, para um clube com 12 mil sócios, convenhamos que um capital de 45 milhões de euros é um desperdício, é como um tipo viver sozinho com um gato num palácio com 150 divisões! Desportivamente, outros feitos marcam também o mandato de Bettencourt: zero títulos, muitas polémicas, sucessivos directores desportivos (Pedro Barbosa, Sá Pinto, Salema Garção, Costinha, Couceiro), três treinadores (após o “forever”) e, ainda um amigo do peito - o Jorge Amado.

Mesmo assim, para a delegação do FMI o cenário é negro. A carrada de pontos perdidos pelos Leões (mais de 40%) supera em gravidade o peso do Estado na Economia portuguesa. Comparado com o magro diferencial entre golos metidos e sofridos pelo Sporting, o défice da balança comercial do país não passa de um fait divers. Os parceiros bancários do clube (BES e BCP) estão mais nervosos que os mercados da dívida pública. No mandato do presidente demissionário o valor em bolsa das acções da SAD sofreu um tombo de 43%, estando agora nos 14 milhões de euros, mais ou menos o mesmo que a cláusula de rescisão do Djaló. E, por fim, perante tamanho descalabro, até Ângela Merkel já avisou que quer ver o guarda-redes Hildebrand como titular, ou então o Sporting terá de sair da Taça Europa e Portugal terá de sair do Euro.

Constatando, portanto, que o Sporting afinal ainda está pior do que o País, os técnicos do FMI decidiram que as sessões de trabalho para a recuperação deverão decorrer na mesa de operações do afamado cirurgião e sportinguista Eduardo Barroso. E mesmo assim não é garantido que o paciente se safe.

(*) Alvalade. Serviço especial Fbicancas /WikiLeaks/Supermercados LIDL

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

NA DESPORTIVA



GOSTEI
Por Zé Bento (*)



Villas-Boas, que além de treinador de futebol revela uma especial apetência para a cultura, anunciou ao mundo antes do jogo com a galática equipa da II Divisão Série Sul, o Pinhalnovense, que a Taça é uma competição que “não queremos deixar fugir". Imagina o leitor por quê? Porque “interessa fazer história”. Veio o jogo. O Porto passou com euforia às meias-finais. E eu, que não sou de clubismos, até gostei.

Gostei sim senhor, gostei de ouvir o treinador que está no topo do mundo justificar no fim do jogo: «Tivemos muitas dificuldades porque encontrámos um Pinhalnovense com grande organização e com muita qualidade." É bonito elogiar os vencidos. Mas, eu, fanatismos à parte, tenho de felicitar o Villas-Boas por mais um sucesso notável: dantes gabava-se que fazia o Benfica parecer o Penafiel, mas agora até já faz o Pinhalnovense parecer o Real Madrid. Realmente, um bom treinador é aquele consegue sempre ir mais além.

Gostei. Gostei e muito, quando, já perto dos 80 minutos de jogo e com o estádio num silêncio ensuedecedor, nas bancadas do Dragão finalmente explodiu em uníssono o grito de «gooooooolo!» Na relva, o autor da celebrada proeza erguia os olhos e benzia-se em jeito de agradecimento para os Céus. Há muito que não presenciava tamanho suspiro de alívio.

Gostei. Gostei sim senhor, de ver o árbitro perdoar ao Pinhalnovense (equipado de azul e branco) uma falta que me pareceu susceptível de punição com grande penalidade. Além de ser bonito (para o interesse do jogo, bem entendido) mais uma vez se confirma a tradição. Já viram que é raríssimo haver um jogo no Dragão em que a equipa azul e branca não é beneficiada!

Gostei. Achei de morrer a rir a figura revisteira de Paulo Fonseca, o jovem técnico do Pinhalnovense. Uma espécie de pseudónimo de Elvis Presley, disfarçado para efeitos de flash interview com a poupa do Tim Tim e a boca do Topo Gigio. Gostei sobretudo quando, ao confirmar que passar às meias-finais era um sonho para o Pinhalnovense, o rei do rock’n roll rematou em directo para o mundo: “Quem sabe para o ano não o ‘consígamos’.

Que jogo!

(*) Benfiquista Bem Humorado

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça


MOURINHO, O PORTUGUÊS QUE DEU A VOLTA AO MUNDO
Por JMMA

O prémio de “melhor treinador do mundo” de 2010 é de Mourinho e assenta-lhe bem. Desde segunda-feira que toda a gente o sabe graças ao formidável concerto que a rádio, os jornais e as televisões nos deram sobre a Gala da Bola de Ouro, acontecida em Zurique. Havia dúvidas? Digamos que faltava o selo de garantia, e o que a FIFA veio agora anunciar ao mundo foi apenas a aposição desse selo.

Entretanto por toda a Europa futebolizada, os jornais espraiaram-se em dissertações elogiosas sobre o passado, os sucessos, o estilo, a vocação e mesmo sobre o carácter altivo do grande Mou. Em Portugal, por entre a mesma quantidade extraordinária de comentários entusiastas, assistimos ainda a derrames de sentimento nacionalista que vão ao ponto de ver no galardão de Mourinho a afirmação internacional de uma “escola portuguesa” de treinadores topo de gama. Quanto a mim, digo e assumo: no sentido em que falamos, Mourinho não é português.

Como se sabe, o português-tipo é prestável e acomodatício, qualidades louváveis mas que muitas vezes o fazem passar por bananas quando se impunha marrar a direito. A humildade e o receio perdem-nos. Mas daquela cerimónia em Zurique ficou a prova (mais uma) de que por Mourinho não perpassa nem um módico de humildade ou reverência. Muito menos de receio. Depois das palavras e abraços da praxe, Mourinho fez aquilo que o faz único. Cito o DN: “Tendo sido treinador do Inter e do Real Madrid, não gostou - disse para microfones que haveriam de amplificar as palavras (e ele sabia-o) -, não gostou que tivesse sido apresentado só como treinador do Real Madrid."

O premiado podia calar-se, já que o seu actual patrão é o Real Madrid e a opinião pública a que presta contas é a espanhola. Seria muito mais fácil não dar pretexto a irritações espanholas (que ontem já se fizeram ouvir). Quase certo que o português típico optaria por rasar o muro. Altivez num português é tão raro... Daí (desse brio de Mourinho) me parecer que, nós, mais do que do sítio onde nascemos, somos dos sítios onde vivemos. E se por alguma razão o “Special One” merece ser admirado na origem, não é por ter nascido nesse sítio, mas sim porque se tornou maior do que ele.

De todo o modo, e já que o “melhor treinador do mundo” é nosso, não se lhe chame Mourinho que tem conotação africana e, como se sabe, por cá há quem não goste. Chame-se-lhe Fernão. Fernão de Magalhães, o português que deu a volta ao mundo pago pelos espanhóis.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça



AFINAL O TAMANHO NÃO CONTA
Por JMMA

Engam-se redondamente os que acreditam que as medidas físicas e os índices de velocidade e de força determinam a eficácia de um jogador de futebol, tal como se enganam os que julgam que os testes de inteligência têm alguma coisa a ver com o talento ou que existe uma relação entre o tamanho do pénis e o prazer sexual.

No futebol a habilidade é mais determinante do que as condições atlléticas, e em muitos casos a habilidade consiste na arte de converter as limitações em virtudes. As estrelas do Mundial de 1994 foram dois baixotes algo rechonchudos, Romário e Maradona. Graças ao seu minúsculo tamanho, o irlandês George Best conseguia escapar aos defesas espadaúdos, que lhe caíam em cima com tudo mas que não conseguiam travá-lo. Apesar de ter os pés a apontar um para o outro, ou graças a isso, Ricardo Quaresma tornou-se o mestre da trivela, sucedendo nesse talento ao internacional sérvio Ljubinko Drulović e ao brasileiro Rivellino, que, por sinal, em termos atléticos também não eram nenhuns titãs talhados por Miguel Ângelo.

Messi, bi-Bola de Ouro em 2010, à vista desarmada é a antítese do futebolista ideal: minorca (1,69 m), olhos juntos (holóptico), perneta (perna direita disfuncional). Mas, cá está, os futebolistas não se medem pela graça das linhas, como o discóbolo. E ainda bem. Futebol é uma ideia pessoal. Uma ideia que a partir dos sete anos todos temos: "Será que eu?..." E a partir dos 12 quase todos perdemos: "Afinal, eu ..." Por isso é que são necessários tipos como o Messi - para vivermos a ilusão.Se eu tivesse insistido, talvez...

Cristiano Ronaldo, vejo-o jogar, e sei que aqueles arranques não são para mim. Mas ser Messi estava ao meu alcance. Até lhe conheço o truque. Como bem explicou alguém entendido, Messi «sem perna direita, escolheu seguir a carreira à direita, onde não tem pé direito para centrar. Então, quando com bola, tem de obliquar para o centro povoado de adversários, a arranjar posição para usar a perna boa. Aí, ele, que é holóptico (olhos juntos), vê melhor ao perto que os dicópticos (olhos afastados) jogadores comuns, e guarda melhor a bola consigo. A necessidade aguçou-lhe o engenho.»

Eu, que ainda tinha maior necessidade (sou mau com os dois pés), que grande carreira podia ter tido... Vá lá, felizmente que o tamanho do pénis também não conta.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça



TUDO O QUE VOCÊ QUERIA SABER SOBRE UM ASSUNTO DE QUE EU NÃO SEI NADA

Por JMMA

Se já nos haviamos esquecido de Carlos Queiroz e das declarações suicidas ao jornal Expresso, em que o ex-seleccionador aludia ao “vice” da Federação como sendo “a cabeça do polvo”, agora é Avelino Ribeiro e Lourenço Pinto que vêm ter connosco. Afinal o polvo tem em Madail uma segunda cabeça: Gilberto Madail não está a contar tudo à FIFA, omitindo informações importantes em relação aos actuais e novos estatutos, acusa Avelino Rodrigues, o presidente da assembleia geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), secundado por Lourenço Pinto, presidente da Associação de Futebol do Porto (AFP). Eu, por acaso, já tinha desconfiado. Desde logo, quando se tratou de transmitir ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) as deliberações do Conselho de Justiça, em 5 Julho de 2008, referentes à ratificação do processo ‘Apito Final’, ditando a subtracção de pontos ao FC Porto. Mas agora, afirmados pelo douto presidente da APF, convenhamos que estes golpes têm mais peso. Para este dirigente, que tem liderado o movimento associativo que reprovou a adaptação dos regulamentos federativos ao Regulamento Jurídico das Federações Desportivas (RJFD) - uma atitude que já levou o Governo a retirar parcialmente o estatuto de utilidade pública desportiva à FPF -, só assim se compreende que não tenha ainda havido uma intervenção da FIFA, repudiando as novas regras que, garantiu, “violam as próprias normas deste organismo”.

Se já nos impressionava a ingénua corrida de providências cautelares por parte dos funcionários públicos para obstar ao corte dos vencimentos, aparece-nos mais uma providência, esta, para obstar ao corte com a actual direcção federativa: a providência cautelar interposta pela Liga de clubes com o objectivo da não realização de eleições para a Federação Portuguesa de Futebol, agendadas para o dia 5 de Fevereiro.

Se nos esquecemos deles ou supomos que eles vão passar despercebidos, porque ninguém é tão enfatuado tanto tempo, eles voltam, voltam sempre. A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) assegurou entretanto que irá estar ausente das eleições da FPF, do próximo dia 5 de Fevereiro, por ainda não terem sido adequados os estatutos ao novo regime jurídico.

Perceberam? Eu não. A única alternativa que resta a quem gosta de futebol é ir estudar Direito. E, mesmo assim, não há garantias de virmos a perceber o que se passa, uma vez que nem todos os juristas atingem certas subtilezas das leis do futebol. Para mim, que só esta semana comprei o livro de introdução ao estudo do Direito, só tenho uma coisa como segura. Vá lá, duas. Primeira: o que é bom para os pintos, normalmente é duvidoso para o futebol. Segunda: com especialistas desta envergadura no futebol, nunca falta assunto.