segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça



AFINAL O TAMANHO NÃO CONTA
Por JMMA

Engam-se redondamente os que acreditam que as medidas físicas e os índices de velocidade e de força determinam a eficácia de um jogador de futebol, tal como se enganam os que julgam que os testes de inteligência têm alguma coisa a ver com o talento ou que existe uma relação entre o tamanho do pénis e o prazer sexual.

No futebol a habilidade é mais determinante do que as condições atlléticas, e em muitos casos a habilidade consiste na arte de converter as limitações em virtudes. As estrelas do Mundial de 1994 foram dois baixotes algo rechonchudos, Romário e Maradona. Graças ao seu minúsculo tamanho, o irlandês George Best conseguia escapar aos defesas espadaúdos, que lhe caíam em cima com tudo mas que não conseguiam travá-lo. Apesar de ter os pés a apontar um para o outro, ou graças a isso, Ricardo Quaresma tornou-se o mestre da trivela, sucedendo nesse talento ao internacional sérvio Ljubinko Drulović e ao brasileiro Rivellino, que, por sinal, em termos atléticos também não eram nenhuns titãs talhados por Miguel Ângelo.

Messi, bi-Bola de Ouro em 2010, à vista desarmada é a antítese do futebolista ideal: minorca (1,69 m), olhos juntos (holóptico), perneta (perna direita disfuncional). Mas, cá está, os futebolistas não se medem pela graça das linhas, como o discóbolo. E ainda bem. Futebol é uma ideia pessoal. Uma ideia que a partir dos sete anos todos temos: "Será que eu?..." E a partir dos 12 quase todos perdemos: "Afinal, eu ..." Por isso é que são necessários tipos como o Messi - para vivermos a ilusão.Se eu tivesse insistido, talvez...

Cristiano Ronaldo, vejo-o jogar, e sei que aqueles arranques não são para mim. Mas ser Messi estava ao meu alcance. Até lhe conheço o truque. Como bem explicou alguém entendido, Messi «sem perna direita, escolheu seguir a carreira à direita, onde não tem pé direito para centrar. Então, quando com bola, tem de obliquar para o centro povoado de adversários, a arranjar posição para usar a perna boa. Aí, ele, que é holóptico (olhos juntos), vê melhor ao perto que os dicópticos (olhos afastados) jogadores comuns, e guarda melhor a bola consigo. A necessidade aguçou-lhe o engenho.»

Eu, que ainda tinha maior necessidade (sou mau com os dois pés), que grande carreira podia ter tido... Vá lá, felizmente que o tamanho do pénis também não conta.

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