terça-feira, 31 de maio de 2011

Toques de cabeça


Qual futebol! Isto não é sobre futebol

Por JMMA

Acho bem que os investigadores investiguem, que os juízes julguem e que os jornalistas jornalizem. Como podia não achar bem? Mas há um aforismo português que importa considerar: “cada macaco no seu galho”.

Ah, se os nossos investigadores judiciais se limitassem a investigar judicialmente! Não é por nada, mas se fossem o que são - e só o que são -, seriam muito. Por exemplo, investigarem judicialmente Jorge Jesus - isto é, fazerem as buscas necessárias e adequarem as buscas à lei - e chegarem, em devido tempo, a uma destas duas situações, sem ambiguidades: ou a investigação a Jorge Jesus leva-o a ser legalmente punido, ou a investigação a Jorge Jesus reconhece que não há motivo legal por onde lhe pegar. Chegados a uma situação ou à outra, os investigadores judiciais teriam sido o que são e que é aquilo por que lhes pagamos - investigadores judiciais.

Porém, há um atalho muito comum por cá. Sem ponta legal por onde pegar o investigado (porque realmente não há ou porque o investigador não investigou), trama-se uma fuga para o jornalista poder jornalizar. E este em vez de informar sobre o que se apurou, especula intensamente sobre o que porventura, talvez, cheira-lhe, alegadamente terá acontecido. Insinuam-se comissões indevidas, negócios esquisitos, contas no estrangeiro, fraude fiscal, escutas telefónicas, etc. e tal. Assim, até que ponto é o investigador a jornalizar ou até que ponto é o jornalista a judiciar, nunca o saberemos. Mas sendo esta crónica sobre investigações judiciais, termino aqui o assunto, pois já estou no domínio dos pescadores. Dos pescadores de águas turvas.

E é com isto que a malta tem de fazer um país. Não haverá uma troika que nos ajude?

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Toques de cabeça

EL PORTUGUÉS


Por JMMA



Broncas, trapalhadas, tiros pela culatra... Os pentelhos do professor Catroika, a africanidade do líder da oposição, o referendo ao referendo do referendo sobre o aborto, a propaganda tipo prof. Karamba; isto é, solução para todos os problemas dos portugueses: negócios, insucessos, recuperação de empresas, invejas, azar, impotência sexual, maus-olhados, calvície, álcool, droga, amor, dinheiro, sorte e saúde. E são isto profissionais.

Pois deixem-me apresentar-vos um amador: Paulo Futre, El Português. Há dias também ele esparvoou, deu tiros no pé. Falou em charters de chineses, parecia um pastor da IURD em trabalho religioso. O País riu-se dele.

Com os políticos sabe-se como são perigosas as explicações de trapalhadas. Quase sempre pioram. Começa-se por negar a necessidade de ajuda externa e acaba-se a dizer “fáchavor” à troika do fraque. Futre, quando, dias depois, veio a público justificar o deslize da candidatura às eleições, correu o sério risco de espalhar-se ainda mais. Mas não. Amorteceu o ridículo no peito, deixou-o cair e deu-lhe um “charuto” para a bancada. Deu entrevistas a jornais, foi a programas de televisão, riu-se de si próprio, olhou-nos de frente, sorriu-nos francamente e deu a volta por cima. Entretanto, numa magistral demonstração de como atrás da crise pode esconder-se uma oportunidade, surpreende-nos como rosto da campanha publicitária do Licor Beirão, em que os trunfos são precisamente a irreverência e sentido de humor patentes em “dicas” geniais precisamente sobre como vencer a crise.

Porém, “surfada” a galhofa eleitoral, Futre não se ficou por aí. Pleno de oportunidade comercial, acaba agora de fazer chegar às livrarias a sua autobiografia. “El Portugués” (Editora Livros d'Hoje) é a vida do grande futebolista contada na primeira pessoa. Não será, culturalmente falando, uma obra para guardar na estante, mas um testemunho genuíno, excêntrico e alegre de uma vida cheia, isso sim, é com certeza. Portanto, “sócio”, bem-vindo ao mundo de Futre.

Perceberam, senhores políticos?




quarta-feira, 25 de maio de 2011

Toques de cabeça


BENFICA ATÉ NO DEFESO JÁ PERDE...

Por JMMA


Há dias, enquanto lia uma notícia no DN sobre o Benfica achei por bem cravar as unhas na minha própria carne para ter a certeza de que estava acordado. É sabido que os jornais pintam a manta para arranjar assunto que garanta as audiências, ainda para mais (quase) em período de defeso. Mas eu pensei lá em piruetas jornalísticas quando é o próprio DN que diz, e cito: "Vieira chama Octávio para impor disciplina no Benfica. O antigo treinador do FC Porto e do Sporting deverá integrar a estrutura do futebol dos encarnados na próxima época.”

Notem bem. Isto não são palavras do Futre. Isto não é uma investigação de Rui Santos. Isto não é um ejaculação oratória de Miguel Sousa Tavares n’A Bola. Isto são palavras que o insuspeito DN diz que o JN garante.

É certo e sabido que em Portugal, do qual o futebol é uma perfeita metáfora, os líderes tomam as grandes decisões como os construtores civis decidem o preço das obras: em almoçaradas. Não sei se as Grandes Opções do Plano se decidem assim, mas as grandes opções do SL Benfica, o DN (segundo diz o JN) faz crer que sim: “O culpado foi o Rui Costa. A gente força a demissão do gajo e contratamos o Octávio, qu'é qu'achas? Passa-me aí a garrafa...".

No Futebol Clube de Amares ou no Sport Clube Odemirense, sem menosprezar nem um nem outro, é capaz de ser assim. E talvez até seja giro: até na irresponsabilidade se pode encontrar um ponto de equilíbrio. Mas no Benfica, senhores ...?

O Jel, o do megafone que tem um irmão chamado Falâncio que canta "tutururuti...", esse grande maluco, concorreu ao Festival da Canção. É falta de ambição. Porque não concorrer às próximas eleições para a presidência do Benfica? A crer no que diz o DN, tenho a certeza que Jel conseguia um destino glorioso.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Última Hora


FC PORTO MUDA-SE PARA A LIGA ESPANHOLA

Por Zé Bento *


O presidente da Real Federación Española da Fútbol, Ángel María Villar, felicitou hoje o FC Porto por ter vencido “amplamente” a Taça de Portugal. Ao mesmo tempo, Ángel informou Pinto da Costa que pode começar a preparar a mudança de residência para Vigo pois, aconteça o que acontecer, na próxima época, o FC Porto tem garantida a sua presença na Liga Espanhola, na Copa del Rey, e até na Copa de la Reina se assim entender.

Embora seja patente que o FC Porto, neste momento, em Portugal, não tem concorrentes nacionais à altura, como prova o seu triunfo em toda a linha na época que ora termina, a deslocalização para Espanha é, pode dizer-se, meramente uma questão de ciúmes. Surge como reacção portista, por um lado, à recente desfeita do Secretário de Estado Laurentino Dias ao apoiar o Sporting de Braga na final da Liga Europa e, por outro, à absurda insistência na final da Taça em terras moçárabes.

O Footbicancas sabe que o FCP esteve indeciso entre as ilhas Caimão e o off-shore da Madeira e acabou por se decidir por Espanha porque, deste modo, acaba o problema dos jogadores quererem sair do clube para jogarem a Liga Espanhola. “Além disso”, confessa Reinaldo Teles, “parece que o Laurentino lá não manda nada e a Taça joga-se onde der mais jeito. Espanha tem o inconveniente do terrorismo, mas nós também levamos os Superdragões e fica ela por ela”.

Incontactável, Pinto da Costa, esta noite, com as pantufas com pompons calçadas e a Fernandinha a fazer-lhe cafuné, enquanto assistia pela RTP a mais um episódio da série “Mistérios de Lisboa”, começou já a delinear a próxima época, mantendo longa conversa telefónica com o empresário Jorge Mendes, que está mandatado para abarbatar qualquer eventual “fruta podre” que venha a surgir no regabofe de Alvalade.

O repóter ouviu Luís Filipe Vieira: “Tenho pena de ver partir o clube de que sou sócio. É um rude golpe na literatura de memórias, na indústria cinematográfica e na comercialização de bolas de golfe. Mas aplaudo de pé e se for preciso até levo o Pinto da Costa à entrada da A3 ou a Pedras Rubras, com champanhe e a cantar Apita o comboio”.

* Futebólogo e crítico tauromáquico / Footbicancas

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Última Hora

Sporting ainda está no Marquês de Pombal a comemorar o terceiro lugar
Por Zé Bento *

A vitória do Sporting em Braga confirmou um mito do futebol português, mas ainda assim de forma pouco convincente. Diz a tradição que num clássico, ganha a equipa que pior se encontra. E ganhou. Só que, por este raciocínio, o Sporting deveria ter ganho ao Braga por 45 a 0! Não obstante, assim que soou o apito final em Braga, um Godinho Lopes eufórico, lançou-se à estrada, foi a esgalhar até Lisboa, e só parou no Marquês de Pombal, no local mítico onde os sportinguistas costumam comemorar os aniversários dos Cinco Violinos e as chamadas de Hélder Postiga à Selecção. “Até chorei quando o Djaló fez o golo”, jurou esta tarde, ao Footbicancas, o presidente leonino já rouco depois de 24 horas seguidos a cantar “Só eu sei porque não fico em casa” a cavalo no leão do Marquês. Godinho Lopes fretou também um autocarro de dois andares que conduziu os jogadores pelas principais artérias da capital com chegada a Alvalade já de madrugada.

Ante a nossa perplexidade - “A 36 pontos do FC Porto, Dr. Godinho?” -, o presidende desceu da estátua e disse que se não fossem os roubos de arbitragem, o Sporting não estaria a 35 pontos do Porto, mas apenas a 30. E acrescentou: “O que dói a um Sportinguista não é ficar a 36 pontos do Porto, é ficar a 15 do Benfica! Fóra isso, repare, fizemos um campeonato tranquilo, sempre acima da linha de água! A Naval e o Potimonense matavam para estar neste lugar! Mas na próxima época o Sporting vai regressar ao lugar que é o seu por tradição, o que todos os sócios e adeptos desejam mais que tudo! Segundos, atrás do campeão Porto e à frente do arquirival da Segunda Circular”.

Há dois dias que Godinho Lopes não vai a casa nem toma banho. Apenas escreveu no Facebook “Estou feliz. Camus escreveu ‘O que eu devo ao futebol’ e eu digo ‘O que eu devo a Djaló!”

(*) Repórter, enviado nada especial a Alvalade.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Toques de cabeça


O CAMÕES
Por JMMA

Há um limite para além do qual a rivalidade clubística deixa de fazer sentido. Uma coisa são opiniões tendenciosas outra é facciosismo acéfalo. Não quero estar aqui a gabar-me mas (tirando o Benfica que às vezes me turva as ideias) eu cá sei ver as coisas. Sejamos sérios: a dura realidade é que o ano tem corrido bem ao Porto. O FC Porto fez uma época razoavelzinha e ontem tivemos uma novidade que deve tê-lo (ao Porto) enchido de satisfação. Manuel António Pina, poeta e admirável cronista do JN, venceu o Prémio Camões 2011. Vénia, vénia, vénia. Conheço mal o laureado. Mas gostei muito quando disse sentir-se “um bocado embaraçado, atendendo à qualidade das pessoas a quem já foi atribuído anteriormente o prémio”.

A meu ver, cada uma destas ocorrências (repito: uma temporada futebolística razoavelzinha e, agora, o Prémio Camões) constitui uma alegria de per se. No entanto, quando ocorrem em simultâneo, como agora sucede, temos de reconhecer que o Porto atravessa um verdadeiro estado de graça. Na verdade, para além de representar, no plano cultural, o mais prestigiado galardão literário da comunidade lusófona, o prémio em causa vem trazer ao Porto (dos portistas) uma vantagem decisiva. Já explico.

Desconheço as preferências clubísticas do distinto laureado. Mas seja ela qual for, quando as javardices do apito dourado se vão desvanecendo sob a acção conjunta da lixívia branqueadora e do tempo prescritor, os portistas devotos têm agora (em Pina) um novo argumento. Mesmo para lidar com confissões impressionantes como, esta semana, as de Jacinto Paixão, podem doravante atirar: “vai chatear o Camões!”. É ou não é sorte?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

MULTIÓPTICAS


ACHA QUE VIEIRA FEZ BEM EM AGUENTAR JESUS?


PEPE LOMBRIGA

19 anos. Auto-intitulado membro do movi- mento “Benfica aos Benfiquistas” para a marcação de eleições antecipadas.

Acho lá agora! Com essa de dizer que acredita que para o ano é que vai ser, o que Jesus está a dizer é que um dia há-de ser levado em ombros pelos sócios encarnados. É assim: a malta até está disposta a fazer-lhe já hoje essa vontade. ‘Levamos-e-o’ em ombros até à Praça do Comércio, e depois ‘atiramos-e-o’ ao Tejo.


SR. AMÉRICO

Líder de opinião da roulotte-bar “Sandro 2000”

Eu acho que em princípio, vamos lá, é preciso ver, não é assim uma coisa que, prontos. Agora dizem que o Mourinho não sei quê e que o Villas-Boas também é coiso. É capaz, mas como eu costumo dizer depende de, vamos lá, outras coisas, como por exemplo, talvez. Essa coisa toda, tá a ver?


RUI GOMES DA SILVA

Ex-dirigente promissor do SLB, electricista nas horas vagas. Só sabe o que se passa na Luz n’O Dia Seguinte.

Vocês, jornalistas, já deviam saber que o nosso presidente só tem uma palavra e é escusado andarem em campanhas que o Benfica não é um cemitério de treinadores. O responsável não é o treinador. As piadas de mau gosto do Pinto da Costa é que vão denegrindo o clube. Deixem lá o Jesus, que está identificado com a instituição e, além disso, é vizinho do presidente. Quando falta o carvão para o churrasco ele está sempre prevenido e pronto a dar-lhe uma mãozinha. O Benfica está acima dessas coisas das vitórias. O Benfica é o Benfica.


PAULO BENTO

Vencedor da montra final de prémios do Preço Certo. Antes disso, fazia de palhaço Ronald McDonald em part-time. Tornou-se célebre com a invenção de um novo provérbio: “Nunca digas forever”. Quando morrer quer ir num caixão em forma de losango.

Se fez bem ou mal não me pronuncio. Basicamente, não me pronuncio. Sem ser basicamente, também não me pronucio. Não seria correcto da minha parte neste momento pronunciar-me. Só acho uma coisa. Aquilo que o Domingos e o André fizeram, a forma como o fizeram, o facto de eu ter ganho a montra final do Preço Certo, tudo isso prova é que a idade não pode ser um vector de competência dos treinadores. Logo, se o Jorge é de uma geração diferente, e não foi por isso que ficou incompetente, é porque já era. Só me espanta é de o presidente Vieira não ter dito “Jesus forever”...

Por Zé Bento, repórter à solta

domingo, 8 de maio de 2011

Na Desportiva


Morreu adepto benfiquista que sobreviveu aos 7-1 de Alvalade e aos 7-0 de Vigo

Por Quincas Berro d'Águia *



Morreu na passada quinta-feira, aos 110 anos, o último sobrevivente da Grande Guerra. Claude Choules, que se alistou na Marinha inglesa aos 14 anos, sobreviveu às duas Grandes Guerras, incluindo as duas bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki.

O dia fatídico (5ª-F) foi também assinalado pela morte de Francisco Silva, de 92 anos, adepto benfiquista que sobreviveu aos 7-1 do Sporting em Alvalade, aos 7-0 do Celta de Vigo, à dispensa de João Vieira Pinto, ao facto de o Benfica só ter a Cinha Jardim e o Sporting ter a Carla Matadinho e a Floribella, ao hino dos UHF, à voz de cana rachada de Sílvio Cervan, às camisolas cor-de-rosa, que faziam com que os jogadores parecessem estar a integrar uma Gay Parade e à limpeza de balneário feita por Artur Jorge no início dos anos 90, algo como se alguém tirasse todas as obras de arte do Louvre e as substituisse por quinquilharia da Loja do Chinês.

A saúde de Francisco Silva vinha-se deteriorando desde a derrota do Benfica (3-1) no Estádio da Luz, para a Taça de Portugal, frente ao Porto. Ainda assim, disse à Benfica TV ser “um felizardo por ter sobrevivido este tempo todo e poder ver o Glorioso em mais uma final Europeia”.

Tal como no filme “Adeus, Lenin”, o filho Alexandre, temendo pelo estado de saúde do ancião, ainda tentou esconder-lhe a “queda do muro” em Braga, mas quando ele viu na televisão sem som a cara do presidente, nem disse mais nada – finou-se. “As vitórias são doces, mas certas derrotas são impróprias para diabéticos”, disse o médico legista à família. Por sua vez, em mensagem de condolências à família, Luis Filipe Vieira disse ter-se "fechado um alçapão sobre um período de pesadelos que ceifou milhões de vidas".


* Com Servilusa e Pacotes de lasagna Lidl

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Toques de Cabeça


Braga 1-0 Benfica (Liga Europa)

GLORIOSA DERROTA
Por JMMA


Ainda bem que a época, para o Benfica, acabou esta noite. Mais um jogo como o de Braga e é quase certo que me iria dar uma coisa má. Já tinha cometido a asneira de ir à Luz ver a auto imolação na meia-final da Taça de Portugal contra o Porto. Esclareço: a asneira não foi ir, foi ver. Sofrer três golos em 10 minutos depois de uma hora a engonhar à sombra do 2-0 da primeira mão, e acabar por perder a elinatória por 3-3 – sou franco, não há coração que aguente.


Hoje com o Braga foi outro daqueles jogos que a gente há-de fazer tudo para não contar aos netos, supondo que as exibições do Benfica nos permitem chegar a tê-los. Se ao Braga bastaram 18 minutos para virar a eliminatória, em 72 minutos (meus Deus, 4 vezes 18) o Benfica até tinha tempo suficiente para golear. Vi bracarenses nas bancadas a morder os cachecóis, convencidos de que era assim. No entanto, não parecia nada ser esse o propósito dos avançados encarnados. E já que a esperança de autogolo do Braga é hipótese a descartar, só agora encontrei uma explicação . Pura estratégia.


Sinceramente, gostava que o Benfica tivesse ido às duas finais (Jamor e Dublin). Mas, agora compreendo, que a derrota é o menos importante. O que interessa é que ao ser eliminado o Benfica colheu, estrategicamente, duas grandes vantagens. Façam, por favor, um esforço para analisar a situação desta maneira. Vantagem 1: Deixando cair a Taça de Portugal, o Benfica evitou ter de iniciar a próxima época a discutir com o FC Porto a Supertaça, em Agosto. Lembram-se como correu mal esse jogo ao Benfica no Verão passado e como o seu resultado marcou de forma desastrosa o desenrolar da época. E cedendo agora ao Braga a passagem para Dublin - vantagem 2: o Benfica antecipa para Maio os efeitos benéficos da vantagem 1.


Sem que eu percebesse, estes dois pesadelos, afinal, vieram realizar o sonho da minha vida. Já posso morrer. E neste momento quase me apetece.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Toques de Cabeça


ODOR A CADÁVER, PEÇA EM DOIS ACTOS
Por JMMA

Já se vê que posso ser considerado ingénuo em proferir tal afirmação, mas, na verdade, divertimo-nos muito lendo os jornais... Por vezes chega até a parecer teatro.

Acto I (2008)

Ex-árbitro condenado com pena suspensa. Manuel Martins dos Santos e António Henriques, ex-membro do Conselho de Arbitragem, julgados por corrupção. O Tribunal de Gondomar condenou o árbitro Martins dos Santos a 20 meses de prisão, pena suspensa por igual período, no âmbito do processo Apito Dourado. O co-arguido António Henriques, ex-elemento do Conselho de Árbitragem da FPF, foi condenado a 28 meses de cadeia, suspensa por igual período. Veio no jornal (Nov. 2008).

Intervalo

Enquanto os espectadores, cá fora, fumavam distraidamente o seu cigarrinho, os réus recorreram, o Tribunal da Relação do Porto ordenou a repetição do julgamento e a sentença foi anulada - suponho, por irrelevância probatória das escutas.

Acto II (hoje)

Antigo árbitro Martins dos Santos detido. Martins dos Santos foi apanhado numa operação da PJ com dinheiro que lhe terá sido entregue por dirigentes de um clube de futebol alegadamente destinado ao suborno de um outro árbitro. Segundo Nota difundida pela LUSA, “A Polícia Judiciária, através da Directoria do Norte, identificou e deteve, na zona de Gondomar, ao fim da tarde de ontem (terça-feira), um antigo árbitro por presumivelmente ter recebido quantia em dinheiro para mover influências, no meio da arbitragem, no sentido de evitar a descida de divisão de um clube de futebol". Vem no jornal (hoje).

Alguns continuarão a achar que tudo isto não passa de uma cabala. Outros considerarão, inclusive, que as actividades ilícitas do seu presidente são apenas uma manifestação de inabalável amor ao clube. Cá por mim, de uma coisa estou certo: é tão absurdo acreditar que a viciação de resultados tenha começado na época de 2003-2004 como julgar que ela foi banida com os julgamentos pífios do Apito Dourado. E perante a amostra, nem é preciso requisitar aos ingleses os tais cães detectives, para perceber que, realmente, continua a haver aqui um forte “odor a cadáver”.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Toques de Cabeça


EM ABONO DE LASHAWN
(PARA NÃO DIZEREM QUE È SÓ FUTEBOL)

Por JMMA


Lash quê? LaShawn Merritt. Atleta norte-americano, campeão olímpico dos 400 metros (2008) e mundial (2009), suspenso por 21 meses, por motivos de doping. O que tramou Merrit foi o raio da dehidroepiandrosterona. Parece nome de poção da Escola de Feitiçaria de Hogwarts, mas não. É um esteróide anabolizante detectado pelos testes porque o grande campeão (a pensar noutros pódios) usou um suplemento de venda livre para "aumentar o tamanho do pénis".

A suspensão, iniciada em 28 de Outubro de 2009, acaba em Julho deste ano, o que permitiria ao réu tentar o apuramento para Londres 2012, não fosse a Carta Olímpica determinar que qualquer atleta que receba uma sanção por dopagem maior que seis meses está impedido de competir nos Jogos seguintes ao término da sanção. Dizia hoje a imprensa, porém, que o Comité Olímpico Internacional (COI), a propósito deste caso, vai pedir com carácter urgente ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) para avaliar a justeza da regra.

Nada mais justo. E se os deuses do Olimpo não me levarem a mal o atrevimento, até lançava daqui um apelo a esses eminentes e sempre bondosos juízes do TAS: deixem correr o Mantorras... , quero dizer, o LaShawn!

Para já, o órgão supostamente sobre-alentado com a toma da tal dehidroepi... qualquer coisa, olimpicamente falando, não interfere na performance do atleta. E se o problema for a extensão do antecedente a outras modalidades, resolve-se bem. Basta acrescentar uma alínea que diga: o critério agora adoptado não se aplica às modalidades de salto à vara, barreiras e hóquei. E, já agora, talvez futebol, devido à importância do jogo de cabeça.

É que o tamanho do pénis parece que é como tudo: interessa a umas, mas não interessa a outras.

domingo, 1 de maio de 2011

Última Hora


FUTEBOL PORTUGUÊS NA CANONIZAÇÃO DE JOÃO PAULO II

Por Zé Bento*


Praça de São Pedro - O reconhecimento como milagre da presença de duas equipas portuguesas na final da Liga Europa, foi o facto decisivo que permitiu ao Vaticano concluir o processo rápido que culmina este domingo com a beatificação de João Paulo II.

Mas as regras da Igreja são claras: depois da beatificação exige-se ainda a confirmação de um novo milagre para o reconhecimento de um católico como santo. Este novo milagre poderá ser ou a manutenção da invencibilidade do FC Porto até final da época ou o 3º lugar no campeonato para o Sporting, em que quer os respectivos adeptos quer a Santa Sé fazem fé «por causa da imponente fama de santidade, gozada por João Paulo II em vida, na morte e após a morte».

Porém, a Congregação para as Causas dos Santos, do Vaticano, fez entretanto saber que não vê com bons olhos o actual conúbio da Igreja com o Futebol a propósito da canonização de João Paulo II. Mas o que considera ainda mais grave é o endeusamento que os adeptos vêm fazendo de alguns protagonistas terrenos, sejam eles atletas, treinadores ou dirigentes. Por mais que os acontecimentos extraordinários devam ser atribuídos à intercessão milagrosa de Wojtyla, para o adepto portista, por exemplo, Villas-Boas que nem sequer foi beatificado e embora estando sob as ordens de um simples papa, já é mais que um santo, é um messias, um deus vivo. O mesmo, de resto, que Jesus (mas Jesus é Jesus) no ano passado significou para os benfiquistas ou o Zeinal Bava para a PT. “Até os discípulos de Cristo tiveram dúvidas de vez em quando. O adepto não. Para os portistas, Villas-Boas vai salvar o Norte da crise, da fome, das alterações climáticas, da gripe suína e até das declarações do José Couceiro sobre as posições no Banco”, explicou o representante da Santa Sé, rematando a seguir: “Essa gente não vê que a Congregação para as Causas dos Santos nada tem ver com a Congreção para a Causa dos Bancos!”.


* Do L'Osservatore Cristiano para o Footbicancas.