quarta-feira, 4 de maio de 2011

Toques de Cabeça


ODOR A CADÁVER, PEÇA EM DOIS ACTOS
Por JMMA

Já se vê que posso ser considerado ingénuo em proferir tal afirmação, mas, na verdade, divertimo-nos muito lendo os jornais... Por vezes chega até a parecer teatro.

Acto I (2008)

Ex-árbitro condenado com pena suspensa. Manuel Martins dos Santos e António Henriques, ex-membro do Conselho de Arbitragem, julgados por corrupção. O Tribunal de Gondomar condenou o árbitro Martins dos Santos a 20 meses de prisão, pena suspensa por igual período, no âmbito do processo Apito Dourado. O co-arguido António Henriques, ex-elemento do Conselho de Árbitragem da FPF, foi condenado a 28 meses de cadeia, suspensa por igual período. Veio no jornal (Nov. 2008).

Intervalo

Enquanto os espectadores, cá fora, fumavam distraidamente o seu cigarrinho, os réus recorreram, o Tribunal da Relação do Porto ordenou a repetição do julgamento e a sentença foi anulada - suponho, por irrelevância probatória das escutas.

Acto II (hoje)

Antigo árbitro Martins dos Santos detido. Martins dos Santos foi apanhado numa operação da PJ com dinheiro que lhe terá sido entregue por dirigentes de um clube de futebol alegadamente destinado ao suborno de um outro árbitro. Segundo Nota difundida pela LUSA, “A Polícia Judiciária, através da Directoria do Norte, identificou e deteve, na zona de Gondomar, ao fim da tarde de ontem (terça-feira), um antigo árbitro por presumivelmente ter recebido quantia em dinheiro para mover influências, no meio da arbitragem, no sentido de evitar a descida de divisão de um clube de futebol". Vem no jornal (hoje).

Alguns continuarão a achar que tudo isto não passa de uma cabala. Outros considerarão, inclusive, que as actividades ilícitas do seu presidente são apenas uma manifestação de inabalável amor ao clube. Cá por mim, de uma coisa estou certo: é tão absurdo acreditar que a viciação de resultados tenha começado na época de 2003-2004 como julgar que ela foi banida com os julgamentos pífios do Apito Dourado. E perante a amostra, nem é preciso requisitar aos ingleses os tais cães detectives, para perceber que, realmente, continua a haver aqui um forte “odor a cadáver”.

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