sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Toques de Cabeça


OBRIGADO, KING
Por JMMA

Numerosas figuras da nossa sociedade, na terça-feira, encheram o Coliseu dos Recreios em Lisboa, para festejar o aniversário do Eusébio.

Como tudo o que é extraordinário, a Gala do Eusébio, assim se chamava o evento, fez-me pensar, e os meus amigos bem sabem como isso é raro em mim.

Se 69 é número bizarro, se o “Rei” está vivo, qual então o sentido da celebração? Depois lá descobri.

É facto que em Portugal temos o hábito de só homenagear as pessoas depois de morrerem, altura em que a homenagem, parecendo que não, é apreciada pelo próprio com menor entusiasmo. Mas no caso das pessoas que vivem para sempre, como o Eusébio, as homenagens póstumas correriam o risco de ficar adiadas indefinidamente. Por isso, não só acompanhei pela televisão o desenrolar da festa, como achei muito bem que jovens como Ronaldo, e Nuno Gomes, Vitor Baía ou Zé Mourinho, prestassem as suas homenagens a Eusébio, antes que seja tarde e morram sem conseguir fazê-lo. Por outro lado, se o que dizem alguns dos presentes, enquanto vivos, já faz pouco sentido (estou a lembrar-me de Madaíl), imaginem como seria depois de falecidos.

Agora a sério. A minha admiração por Eusébio nasceu num momento particular, um célebre jogo em Amesterdão. A primeira parte, alucinante e imprevisível mas com ascendente da equipa madrilena, terminara com o resultado em 3 – 2, desfavorável ao Benfica. A segunda parte seria, contudo, completamente dominada pelos encarnados, que lograram o empate aos 50 minutos. A partir deste golo, o Benfica “encosta às cordas” a equipa espanhola e Eusébio arranca para uma segunda parte de luxo. "No lo creo", exclama a dada altura Di Stefano (um dos Deuses do Olimpo que marcou presença na Gala), ajoelhado com as mãos na cabeça, como mostram os vídeos do jogo, múltiplas vezes repetidos. Resultado final: 5 – 3. Benfica campeão europeu pela segunda vez consecutiva. Dois golos decisivos de Eusébio.

Eusébio era aquilo tudo que toda a gente diz: os golos do meio campo, as arrancadas a deixarem todos para trás, a força felina. Mas era também aquela força anímica que num ápice, como no jogo da final de Amesterdão (e tantos outros), resolve a quadratura do círculo. Aprendi, desde então, que um herói não é apenas aquele que vence. É alguém que acredita sempre e consegue tornar simples o impossível. Em miúdo, eu tinha em casa álbuns, bonecos, cromos, e ele foi o meu primeiro herói.

Pudesse o Eusébio voltar outra vez... Obrigado, King.

1 comentário:

  1. Os estrangeiros por norma não nos liga patavina.
    Fico espantado e orgulhoso, com a reverência, emoção e respeito que Eusébio provoca sempre que se deslocação a um país estrangeiro.

    Seja ele Inglaterra, Brasil, Japão, Rússia ou China!!!

    É realmente um património nacional. Pena só o ter visto jogar pela TV.

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