sexta-feira, 5 de junho de 2009

Toques de Cabeça

A TAÇA JÁ NÃO É O QUE ERA
Por JMMA


Ainda dizem que a televisões só dão programas de chacha. Que o único interesse que as move é o nível de audiências. Enganam-se. No domingo assisti na TVI a um momento de serviço público verdadeiramente memorável. Directamente do Jamor, tal-qualmente aquelas transmissões em desuso que costumavam passar na RTP Memória.

Tipo ‘Os Malucos do Riso’. Se não soubéssemos que o episódio era novo ninguém daria pela diferença. E também naquele caso mal começou a anedota, a gente adivinhou logo o fim. Bem que o povo desejava o milagre mas teve de se conformar com a negação da Bíblia. Mais uma vez, ganhou o Golias.

Mas «a vaincre sans peril, on triomphe sans gloire», dizem os francius e é bem certo. A glória, afinal, não esteve no lugar cimeiro do pódio mas no imediatamente a seguir. No outro dia, em todos os jornais, a notícia era: o Paços não ganhou, o Paços não conseguiu... Aparentemente, más notícias para o Paços. Mas julgar isso é não perceber nada de gramática: o sujeito da acção (isto é, o herói da tarde) foi sempre o Paços.

O pior deste rasgo de serviço público foi a audiência. Ao que pudemos avaliar, a TVI à hora daquele jogo plastificado bateu todos os recordes da fraca audiência. Fora do Porto, o número de espectadores que seguiram a emissão dificilmente encheria uma sala de cinema. Em Paços de Ferreira, com o povo todo em Lisboa, esse número acomodava-se bem numa cabine telefónica. Nem quando o Madail tinha barba as coisas eram tão feias.

Para que, devido ao revés, não haja a tentação de sacrificar o serviço público televisivo (estou a pensar por exemplo nas franjas pobres do Porto onde haverá sempre alguém que não pode deslocar-se a «Marrocos») deixo ao chefe da TVI a seguinte sugestão:

- Faça com que o espaço do ecrã destinado aos jogos de consagração do Porto seja reduzido; destine a área restante à transmissão simultânea, como sucede na Sport TV durante os jogos da Champions, de todas as milhentas novelas que a estação passa diariamente. Verá que melhora.

Mas sejamos francos: a culpa de substituírem a final do Jamor por uma transmissão da RTP Memória não é do FC Porto. É todinha e apenas daqueles que não conseguiram lá estar.


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