sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Colunista Convidado, por JMMA




Acabe-se com ele e pronto!







1. Entrudo(ção)

Não costumo ser «pessimista», uma palavra que me irrita e que não sei exactamente o que significa, a não ser depois do apito final do árbitro em caso de desaire do Benfica. Mas se de facto acharem que sou «pessimista», parece que nisso pelo menos não sou diferente dos muitos que tal como eu também não se revêem na apropriação totalitária deste campeonato por um certo clube de equipamento azul, como vem sucedendo. Não há nada mais triste e mais sem esperança do que 10 pontos de atraso à 18ª jornada.

Diz o futebloguer Peliteiro, com ironia corrosiva, que «este campeonato começa a ficar um pouco monótono». Pois eu diria mais: este campeonato está a ficar insuportável. Diria até o seguinte: o maior problema de sempre da futo-esfera, ao qual a Liga deverá dar toda a atenção, é a chachada em que se converteu este pseudo-campeonato. Se o Rali Lisboa-Dakar foi cancelado; se a cerimónia de entrega dos Óscares está prestes a ir para o galheiro devido à greve dos argumentistas, não percebo porque é que não acabam de vez com esta malfadada Bwin Liga do nosso descontentamento. Faziam como os Globos de Ouro, rematavam a prova, sumariamente, com a entrega do título ao FCP numa conferência de Imprensa.

Já imaginaram como seria bom o mundo se não existisse campeonato? Eu não sofria de portofobia, o Leandro Lima não teria problemas em revelar a idade verdadeira, o Cardozo disfarçava melhor a prótese da perna direita, o Postiga não teria de emigrar para a Grécia, Camacho seria apenas o nome de um medicamento para os nervos e Pinto da Costa teria na mesma sido acusado porque é um tipo extremamente irritante. Seria um mundo de sonho, como o das capas do Suplemento J do jornal O Jogo!

Não é preciso ser médico para se perceber que o campeonato, tal como está, é uma doença que, além de destrambelhar os nervos à gente, provoca esclerose nos pescoços (de tanto olharmos para cima), afectando também um pouco a fala, como se comprova pelas paragens do Paulo Bento nos flashe interviews.

Há anos e anos, que os clubes de Lisboa querem dar-nos a ideia de que a moléstia vai ser erradicada. Nada mais falso! O mesmo se diz há séculos do desemprego, da SIDA e do Pito Dourado, e é o que se vê, uma desgraça! Que campeonato estranho, este: enquanto antigamente as pessoas iam ao estádio vingar as suas frustrações, agora, depois dos jogos, correm para casa para se curar delas… Enfim, se lá têm alguém que lhes dê bola.

2. Proposta ao blogue

Por isso, caros futebloguistas, pertinazes sofredores dos crónicos desaires da segunda circular, aqui vos deixo uma proposta para reflexão, a única forma que encontro de humildemente salvar o futebol em Portugal:

– Acabe-se o campeonato, já!
- Vamos mas é treinar para o Europeu, que bem precisamos.

3 comentários:

  1. Só não concordo com o términos do campeonato por dois motivos:

    1º - Já paguei bilhete para todos os jogos e por isso, exijo ver o espectáculo até ao fim;

    2º - Conheço muitos slb's e scp's que até gostam de levar tau tau, que é como quem diz, gostam de práticas que resvalam o sado. :)

    Finalmente, JMMA, confesso que continuo a ir ao estádio para vingar a frustação de não ganhar o euromilhões porque quando vou ao Dragão, ganho normalmente o meu Euromilhões (Lisandro's, Luchos's, Quaresmas's, etc's).

    Sugestão: Mude de cor e venha daí para o Dragão. Eu faço de cicerone!

    ResponderEliminar
  2. Um a ideia GENIAL!

    ResponderEliminar
  3. Quando as novas gerações de adeptos do Benfica ouvem falar do ‘Inferno da Luz’ devem sentir dificuldade em imaginá-lo. O prestígio do recinto inexpugnável, na realidade construído exclusivamente por equipas de grande capacidade e força, assentava sobre sequências enormes de vitórias ao longo das temporadas, que se tornou impossível repetir a partir de meados dos anos 90, mais exactamente a presidência de Manuel Damásio e a passagem de Artur Jorge pelo lugar de treinador.

    De facto, desde 1994, o Benfica sofreu em casa 23 derrotas, tantas quantas as registadas nos 50 anos anteriores. É uma transformação radical, para pior, que acentua a perda de influência social do emblema encarnado, entre as gerações mais jovens, com o mítico recinto a incutir cada vez menos respeito aos visitantes, nestes anos em que o marketing inventou o chamado ‘voo da águia’ a anteceder cada jogo – que se tornou até na única Vitória que os benfiquistas conseguem aplaudir na maioria das idas à Luz.

    As dificuldades evidentes do Benfica dos nossos dias trouxeram à baila uma justificação insólita de Camacho, para quem a pressão do próprio estádio se teria tornado insuportável. Uma declaração mais do que insólita, até qualquer português sabe que o Benfica, exceptuando no Dragão e em Alvalade, actua sempre perante um público maioritário e pressionante.

    Uma equipa que não consegue responder a essa pressão básica não está à altura das tradições do clube e não deixa grande margem para dar a volta à situação. Camacho e a sua equipa passam à História como dos mais frágeis, necessitando agora de operar uma absoluta transformação para escapar ao recorde negativo. Desde 1972, quando o campeonato passou a ter pelo menos 16 equipas, só uma vez o Benfica não chegou a pelo menos 10 vitórias em casa, mas esse triste recorde está seriamente em risco de ser igualado ou batido neste ano. Para fazer melhor que as nove vitórias da equipa de Autuori e Manuel José, em 1996/97, a de Camacho teria de ganhar as seis partidas que ainda lhe restam na Luz, o que se afigura altamente improvável considerando os antecedentes.

    É um facto que o ‘Inferno da Luz’ já não existe, extinguiu-se. A televisão, os jogos à noite, o acomodamento do público e, sobretudo, a demolição do Terceiro Anel apagaram lentamente essa ‘chama imensa’ que aterrorizou adversários nacionais e europeus décadas a fio.

    in correiomanha

    ResponderEliminar