sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Colunista Convidado Residente, por JMMA


OBRIGADO, FELIPÃO (III)


Não é linear agradecer a alguém que ainda não acabou o seu trabalho. Em todo o caso, e já que o Vítor deu o mote, há alguns pontos que gostaria de acrescentar ao exercício de gratidão que aqui fez.

Scolari uniu os portugueses em torno da selecção, como há muito se não via. E uniu Portugal – mesmo de futebol se tratando – de um jeito em que muitos de nós deveríamos meditar. Assumiu objectivos claros e perseguiu-os com determinação; escolheu, entre os melhores, aqueles que achou que devia escolher; criou um espírito de corpo e firmou a ambição na força do colectivo.

Scolari foi imune às pressões externas e aos interesses particulares. Com Scolari, a selecção ganhou um estatuto de independência: acabaram os tempos da triste influência dos clubes na equipa nacional, em que se faziam convocatórias por telefone e até se sopravam nomes de titulares!

Além da força colectiva do grupo e do cunho de independência que conferiu à selecção, Scolari mostrou resultados: até agora, isto é, até à triste cena do murro no sérvio, tudo o que lhe era exigível cumpriu.

Além do mais, os anos de Scolari têm um mérito: aboliram essa manhosa instituição que dá pelo nome de ‘treinador português’. Com título de professor, bigode arcaico e uns conhecimentos de futebol que, no fundo, não eram mais do que o sumo das conversas de patuscadas com dirigentes desportivos e de uma espécie de ciência de balneário à hora do duche, o treinador português, salvo honrosas excepções, foi sempre um ‘flop’ à frente da selecção. Scolari pode não ser muito sofisticado, mas ninguém lhe nega um mérito: trouxe à selecção o pão-pão-queijo-queijo a que não estávamos habituados.

Até por isso lhe devemos gratos.

Como já disse, o ciclo Scolari poderá ter acabado com o disparate inadmissível no final do Portugal-Sérvia. Ou talvez até devesse, com vantagem, ter terminado logo após a brilhante presença na meia-final no Mundial 2006. Palpita-me é que um dia, ainda vamos ter saudades de Scolari.

OBRIGADO, FELIPÃO!

2 comentários:

  1. Acho piada que o principal mérito que reconhem ao socolari é o facto de ele ter conseguido unir os Portugueses. Mas isso foi o mais fácil. Sabem como?

    Bastou afrontar o Porto. Pronto. 90% da população caiu aos seus pés.

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  2. Sabia que eram pequenos, mas só ter 1.000.000 de adeptos e serem muito pequenos.

    Vá lá eu aumento mais um pouco 89%!

    "Que bom foi viver esta vitória num anfiteatro, longe do nosso país, em que 90% das pessoas eram Inglesas. Mais uma vez, Obrigado Scolari e Obrigado Ricardo. A derrota, na meia-final, foi normal e por isso nada a dizer do Scolari."

    Mas afinal Vitor, o Scolari é bom ou não é, em que ficamos!

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