Queiroz, o Hitchcock dos Relvados
Por JMMAOntem pensava acabar morto ou simplesmente agonizante e, afinal, acabei imaginando o 11 de Julho, a comemorar a minha primeira noite como campeão mundial!
Foi um dia mexido. Comecei-o em rituais xamanísticos, implorando que os coreanos deixassem cair uma moedinha. Passei, depois e com o coração nas mãos, para Kim Jong-Hun, um seleccionador que a esta hora ainda está convencido que o Queiroz é o ‘Special One’ e que Bruno Alves quer dizer Bruce Lee em português. Podia ser mais ambicioso, mas o que me interessava, ontem, era só sobreviver. Sobrevivi... e saíu-me o Euromilhões.
Sete vezes gooooolo! Ontem, verdade seja dita, foi também o dia em que pensando em Carlos Queiroz, o professor da Faculdade de Motricidade Humana, pela primeira vez não tive desejo de fazer o único gesto de motricidade humana que conheço: o manguito. O homem, afinal, é o Hitchcock dos relvados: treina-nos para deixar o prazer sempre para mais tarde.
Virtualmente apurados para os oitavos-de-final, nada está ganho, é certo. Mas a nossa selecção pode, pelo menos, enfrentar o Brasil sem tremer. Aliás, depois do épico tareão à Coreia do Norte, quem está com cagaço é o Brasil.
Ao que sabemos através de fonte segura (a mesma que primeiro garantiu que a lesão de Nani afinal não foi na costela, mas sim uma entorse na língua por tocar vuvuzela) foi acordado entre as federações brasileira e portuguesa, a favor do equilíbrio no resultado, que os três brasileiros com nacionalidade portuguesa joguem pelas duas selecções. Isto é, na primeira parte alinham por Portugal e depois do intervalo trocam de camisola e alinham pela “canarinha”.
Os jogadores em causa estão eufóricos e, para evitar embaraços, não deverão cantar nenhum dos hinos. Deco, a pensar no futuro próximo, irá entoar o “Amor Sertanejo” de Lucas e Mateus. Pepe, o mais tuga dos três, já escolheu o “Atirei o pau ao Gato”. E Liedson, por consideração ao país que lhe mete todos os meses 200 mil euros na conta bancária, irá cantar um fado da Amália, o “Povo que lavas no rio”.
Vai ser giro.