quinta-feira, 3 de junho de 2010

Toques de Cabeça

I’VE GOT A FEELING
Por JMMA


Cautela e caldos de galinha... parece ser a única divisa de Carlos Queiroz. “O produto final não será apresentado frente aos Camarões”, dizia na véspera o genial professor. E o que nos prometia, então? Depois de nos tranquilizar sobre os méritos do estágio na Covilhã - “foi fantástico” e “extremamente positivo”, “fizemos o possível” -, lá foi adiantando, sobre o embate de titãs com os Camarões, que “o grande objectivo é que ninguém se aleije”.

O xô prossor podia repetir se fáxavor? O grande objectivo é que ninguém se aleije... Para já um futebolista não se aleija, lesiona-se. Depois, qualquer jogo, por mais pelintra que seja, a menos que não passe de mera brincadeira, tem sempre no resultado a sua maior justificação. Ao que se sabe, os concorrentes de Portugal vão cumprindo com vitórias os seus programas de preparação. Mas a culpa desta anormalidade é com certeza dos treinadores, que devem ter pedido vitórias e golos para que as selecções se habituem a bater-se pelo sucesso. O que para o nosso guru só pode ser entendido como uma enormidade científica.

Enfim, o jogo com os Camarões serve também para “criar algumas aventuras”, “o importante é que todos estão a mostrar que querem jogar”... tudo isto me faz lembrar o outro (Artur Jorge) que desligava o som do televisor para pôr música clássica. O estado de alma acabou com esse outro como seleccionador. Se eu quisesse música contratava o maestro Vitorino de Almeida. Ora o que eu quero é golos.

Em todo o caso, parece que foi um bom ensaio. A Selecção Nacional não fez uma exibição de encher o olho, mas, diz a crítica, já jogou com mais motivação, deixando boas indicações para a África do Sul. Será? A minha primeira reacção foi pensar que mangavam comigo. Como é que através daquele magro aperitivo de camarões sem piripiri, ainda para mais em dose reduzida logo a partir da meia hora de jogo, se pode inferir que a Selecção já encontrou o rumo a seguir de modo a chegar, vencer e convencer, como?

Não sei, posso estar a ser mausinho. Mas a verdade é que enquanto certos treinadores até perdendo nos deslumbram, este Queiroz nem ganhando me convence. Nele, parece que tudo não passa de uma questão de etiqueta e mise-en-scène. Julgo que ontem percebi porquê. Como professor de Motricidade Humana Queiroz tem inevitavelmente um lado catedrático que o puxa para teses de mestrado. A de ontem foi sensacional: "temos de nos encontrar melhor com a bola”.

Tenho é um receio: assim não há vuvuzelas nem Black Eyed Peas que nos salvem. I´ve got a feeling.

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