Somos burros ou quê?
Tão coerente como o Benfica, que nesta época tem sido de uma regularidade verdadeiramente espantosa – consegue ganhar e perder sempre por 3 – tão coerente assim como os resultados do Benfica, só o Sporting. Ou melhor, as decisões da direcção sportinguista.
Refiro-me concretamente aos recentes desenvolvimentos do projecto de venda de património. O tal que andou empurrado de um lado para o outro, desde uma assembleia-geral abortada e outra que disse «não», até um «olá cá estou eu» festejado com beijinhos e abraços, depois de um simulacro de demissão que só serviu para pressionar as hostes.
Ignora-se completamente se o preço da venda foi justo; se os activos apesar de não desportivos eram ou não úteis, se geravam ou não rendimentos apreciáveis. Sabe-se apenas que a venda originou à volta de 50 milhões de euros, que a receita reverte para amortizar passivos bancários, e que os bancos credores (veja-se o pormenor!) deram o seu acordo à operação. (Pudera, para receber, não haviam de dar!)
E tudo o mais que se sabe além disto – que é nada –, é que o presidente considera a proposta «fundamental para o equilíbrio financeiro do clube» e por isso, batalhou e levou a dele avante.
Desculpem a ignorância do macaco. Mas o clube não havia já sido equilibrado financeiramente, aqui atrasado, pela maravilhosa gestão Roquete? Diz-se que a operação é considerada «fundamental». Mas 50 milhões, num passivo de 270 milhões, não passam duns escassos 18% ! – é isso que é «fundamental»? Ou será que esta operação é tão-só uma tentativa patética de sobrevivência? O alijar de carga em alto-mar para o navio não ir ao fundo tão depressa? Admitamos que não. Mas se não é isso, e já que perguntar não ofende: afinal a operação é fundamental para quem? Para os bancos que exigem ser ressarcidos dos seus créditos, ou para o grupo imobiliário que aparece aos trambolhões a protagonizar o negócio? Que excelente banda desenhada para crescidos!
«Aos trambolhões», sim, já que, segundo li, «à baila» veio apenas uma proposta de compra. A transparência nos clubes, realmente, é uma maravilha! Depois admiramo-nos dos milhões que andam por aí a voar-nos por cima da cabeça, sem se saber onde é que param. Confesso que já não sei o que possa surpreender-me. Não tarda muito, na gestão do nosso futebol só restarão dois tipos de pessoas: as que já foram apanhadas e as que ainda não foram.
Não sou «leão», portanto não estou aqui a assumir dores alheias. E nesta matéria também não sou anti-leão, nem anti-nada, a não ser a esquizofrenia dirigente que grassa no futebol. Também não tenho informação que me permita duvidar de pessoas que até prova em contrário tenho o dever (e quero) presumir como sérias. Estou só a reportar-me à opacidade dos métodos, a propósito de um processo que, infelizmente, me parece paradigmático.
A operação foi «limpa» e é boa para o clube? Oxalá. Mas então não nos venham explicá-la como se nós fossemos muito estúpidos. Bem sei que o vazio mental e o conflito primário se tornaram as únicas leis de percepção do futebol. Mas se nada dissermos ou quisermos ouvir sobre casos como o que está aqui em reflexão( qualquer que seja o clube onde tal se passe) é porque talvez estejamos já tão esvaziados como as bancadas de alguns estádios.
Tão coerente como o Benfica, que nesta época tem sido de uma regularidade verdadeiramente espantosa – consegue ganhar e perder sempre por 3 – tão coerente assim como os resultados do Benfica, só o Sporting. Ou melhor, as decisões da direcção sportinguista.
Refiro-me concretamente aos recentes desenvolvimentos do projecto de venda de património. O tal que andou empurrado de um lado para o outro, desde uma assembleia-geral abortada e outra que disse «não», até um «olá cá estou eu» festejado com beijinhos e abraços, depois de um simulacro de demissão que só serviu para pressionar as hostes.
Ignora-se completamente se o preço da venda foi justo; se os activos apesar de não desportivos eram ou não úteis, se geravam ou não rendimentos apreciáveis. Sabe-se apenas que a venda originou à volta de 50 milhões de euros, que a receita reverte para amortizar passivos bancários, e que os bancos credores (veja-se o pormenor!) deram o seu acordo à operação. (Pudera, para receber, não haviam de dar!)
E tudo o mais que se sabe além disto – que é nada –, é que o presidente considera a proposta «fundamental para o equilíbrio financeiro do clube» e por isso, batalhou e levou a dele avante.
Desculpem a ignorância do macaco. Mas o clube não havia já sido equilibrado financeiramente, aqui atrasado, pela maravilhosa gestão Roquete? Diz-se que a operação é considerada «fundamental». Mas 50 milhões, num passivo de 270 milhões, não passam duns escassos 18% ! – é isso que é «fundamental»? Ou será que esta operação é tão-só uma tentativa patética de sobrevivência? O alijar de carga em alto-mar para o navio não ir ao fundo tão depressa? Admitamos que não. Mas se não é isso, e já que perguntar não ofende: afinal a operação é fundamental para quem? Para os bancos que exigem ser ressarcidos dos seus créditos, ou para o grupo imobiliário que aparece aos trambolhões a protagonizar o negócio? Que excelente banda desenhada para crescidos!
«Aos trambolhões», sim, já que, segundo li, «à baila» veio apenas uma proposta de compra. A transparência nos clubes, realmente, é uma maravilha! Depois admiramo-nos dos milhões que andam por aí a voar-nos por cima da cabeça, sem se saber onde é que param. Confesso que já não sei o que possa surpreender-me. Não tarda muito, na gestão do nosso futebol só restarão dois tipos de pessoas: as que já foram apanhadas e as que ainda não foram.
Não sou «leão», portanto não estou aqui a assumir dores alheias. E nesta matéria também não sou anti-leão, nem anti-nada, a não ser a esquizofrenia dirigente que grassa no futebol. Também não tenho informação que me permita duvidar de pessoas que até prova em contrário tenho o dever (e quero) presumir como sérias. Estou só a reportar-me à opacidade dos métodos, a propósito de um processo que, infelizmente, me parece paradigmático.
A operação foi «limpa» e é boa para o clube? Oxalá. Mas então não nos venham explicá-la como se nós fossemos muito estúpidos. Bem sei que o vazio mental e o conflito primário se tornaram as únicas leis de percepção do futebol. Mas se nada dissermos ou quisermos ouvir sobre casos como o que está aqui em reflexão( qualquer que seja o clube onde tal se passe) é porque talvez estejamos já tão esvaziados como as bancadas de alguns estádios.
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