quinta-feira, 10 de março de 2011

Toques de Cabeça



A TERRA GIRA AO CONTRÁRIO E OS RIOS NASCEM NO MAR?

Por JMMA

Confesso que o discurso que o nosso Presidente fez ontem no Parlamento, a assinalar o lançamento do seu segundo mandato, me deixou um bocado confuso. Cheguei a acreditar, tal como os Loucos de Lisboa, que “a Terra gira ao contrário e os rios nascem no mar”. Já estivemos mais longe. Mas enfim, admito que sou um leigo em política. E em economia, já agora. Se bem que, quanto à Economia, julgo ter os conhecimentos suficientes para perceber que as causas da pré-falência em que o País se encontra não vêm de ontem quando Cavaco redigia o discurso, nem tão pouco dos últimos cinco anos, em que Cavaco foi Presidente da República, mas já lavrava há duas décadas, quando Cavaco ocupava o cargo de Primeiro-Ministro. O aumento das desigualdades, a diminuição dos salários, a degradação dos serviços sociais, o desemprego que não pára, o Ensino que não presta, depois de décadas e décadas de mentiras sem desculpa sobre a «modernização” de Portugal, deixaram não só a “geração Deolinda”, mas o País todo, à rasca, sem futuro imediato ou mesmo longínquo.

Mas o mais extraordinário do discurso do reempossado Presidente não foi o facto ele espadeirar a torto e a direito sobre o estado do País, como se ele fosse um cruzado da Normandia acabadinho de chegar pela primeira vez a esta Terra Santa. O mais extraordinário é ele ter decidido surfar candidamente a onda "geração à rasca". O final do seu discurso consagrou-o aos jovens, dedicando-lhes a decisão de se ter recandidatado, gabando-lhes a disposição para uma política "mais limpa" e incitando-os a mostrarem às outras gerações o que valem. Até parecia que quem tomava posse era Cavaco Silva, o Jovem. É preciso ter lata.

Como se não bastasse de confusão, agora já noutro contexto, eis que surge um conhecido dirigente desportivo, por acaso (diga-se de passagem) recentemente sancionado pela justiça federativa a uma pena de dois de suspensão por provados actos de corrupção, eis que surge – dizia – com ares de virgem imaculada, a arengar ao País sobre o carácter universal da Lei. Ganda lata!

Bom, depois disto - pensei -, só me faltava agora ver a Cicciolina no púlpito com a Bíblia na mão a pregar as virtudes da virgindade. Ou isto, ou os «Loucos de Lisboa».

1 comentário:

  1. Dos melhores posts dos últimos tempos. Como dizem os franceses na "mouche"!!!

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