terça-feira, 26 de abril de 2011

Toques de Cabeça


26 de Abril, Sempre!
Por JMMA

O 24 de Abril, afinal, até parece que não era tão mau como isso. A prova é que, segundo dizem, o escudo era uma moeda forte, o défice do orçamento não tinha birras e o Benfica fartava-se de ganhar. Qualquer passageiro de táxi reconhece o discurso. Mas, preocupante, é que um dos "heróis" da revolução em declarações de arrependido, elogiou a “velha senhora” ("Faz falta um político assim"). Confere. Houve erros. E alguns desastres e deslizes. Mas não brinquemos: nada que se compare. No geral foi muito bom. Eu curti.

Um dia, 13 anos depois (em 1987), tentei explicar ao Luis o 25 de Abril. O pobre do Luís (11 anos) bocejou de tédio. Semanas volvidas estávamos em festa. O Benfica, depois de ter sofrido a maior goleada de sempre aos pés do Sporting (1-7), vinga-se com uma vitória sobre o eterno rival que lhe dá o campeonato e outra na final da Taça de Portugal (2-1), conquistando assim a dobradinha pela 9ª vez na sua História. E o Luís, perspicaz como sempre, teve uma saída genial: “Isto é melhor do que o 25 de Abril!” E era. Ou não era. Era apenas o que naquela década podia haver de mais parecido com o 25 de Abril.

Agora a data já nem peça de museu é. E estamos algo atoladinhos, é verdade. Nada de choro sobre o leite derramado. É a vida. Deixar de ter problemas é que seria de estranhar. A vida é desequilíbrio permanente. Sem desequilíbrio não há movimento e a vida é movimento. Não é esperar sentado pelos senhores do FMI.

De todas as imagens que resumem Portugal, nenhuma me faz rir tanto como a do DN de hoje, a «avisar» que «Jorge Jesus quer Liga Europa resolvida na Luz». O ambiente no Benfica é tenso. Mas reparem que o «aviso» nem sequer diz eliminatória, diz a «Liga Europa»! E a ilustrar, a foto que se junta, em grandiosos festejos. É bem o espelho do país em festa, a mega-projectar TGVês, aeroporto, nova travessia do Tejo e, no entanto, com os «homens do fraque» à perna. Mas pronto: 26 de Abril, sempre!

Porquê o «26 de Abril»? Eu digo. Não há mistério nenhum. É porque é hoje.

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