terça-feira, 12 de dezembro de 2006

As muletas dos cromos da Bola


Um dos vícios que tenho há já algum tempo é reparar nos vícios linguísticos que as pessoas usam durante as suas conversas. Nos cromos da bola, estas muletas linguísticas são encontradas a um ritmo vertiginoso. Por isso, não resisti a partilhar convosco o resultado da minha pesquisa. Haverão muitos outros, mas estes são para mim os mais evidentes.

PAULO BENTO:

Qualquer coisa que dissesse sobre as suas muletas linguísticas seria muito mau, quando comparado com o boneco criado pelos gatos fedorentos. Por isso, é melhor ficar assim!

SIMÃO SABROSA:

À pergunta do jornalista tipo: Hoje o Benfica jogou a pensar no bacalhau do natal?
Resposta do Simão: Sem dúvida, como rapazinhos que somos precisamos de comer.
Moral: Em 95% das respostas, Simão começa sempre com o “Sem dúvida”

LUIS FILIPE VIEIRA:

Discurso do presidente: hum, assumidamente o Benfica é o maior clube Português, hum têm que respeitar esta instituição, hum porque assumidamente esta instituição agora tem crédito na banca, logo quando se metem comigo, estão a meter-se com a instituição Benfica.
Moral: o presidente repete “hum”, “instituição” e "assumidamente" como se não houvesse amanhã e a composição das suas frases são como as batatas fritas onduladas.

FERNANDO SANTOS:

Comentário a um jogo: O Benfica voltou a sofrer 3 golos, mas na realidade fizemos um grande jogo. Na realidade faltou-nos serenidade e tranquilidade para podermos fazer mais. Se no próximo jogo tivermos mais serenidade e tranquilidade, as coisas podem tornar-se mais fáceis porque na realidade ele será muito importante para nós.
Moral: Na faculdade de engenharia onde o Engenheiro estudou, todos os livros técnicos deveriam ter logo no início: “na realidade”, “serenidade” e “tranquilidade”.

JESUALDO FERREIRA:

Comentário a um jogo: O Porto, Porto, Porto tem uma equipa, equipa nova e por isso pode, pode, pode, pode tornar-se numa grande, grande equipa internacional daqui a 2 anos.
Moral: As repetições da mesma palavra para pensar no que vai dizer a seguir são muito frequentes no professor.

MANUEL MACHADO:

Comentário a um jogo: Hoje a Académica jogou muito bem e neste contexto a vitória é justa. Estamos a formar uma boa equipa e neste contexto julgo que faremos um campeonato tranquilo.
Moral: Este treinador, que muito aprecio, gosta muito de contextualizar as suas ideias!

MÁRIO JARDEL:

Comentário a um jogo: Hoje o Jardel esteve bem e por isso os golos aconteceram de uma forma natural. Graças a deus que o Jardel está mais magro e por isso, os golos vão voltar. O Jardel vai marcar 20 golos esta época se deus quiser.
Moral: O homem tem uma tendência para falar na terceira pessoa, sempre com deus presente.

JAIME PACHECO:

Comentário a um jogo: Digamos que demos porrada até ao tutano, mas digamos foi porque não conseguimos atacar. Digamos que foi a melhor estratégia encontrada. Esta estratégia, digamos foi aquela que pensei que, digamos seria a melhor para digamos assim o Boavista ganhar!
Moral: O “digamos” é o pão-nosso de cada dia e para tornar a conversa num nível superior, o treinador dá umas pinceladas com a palavra “estratégia”.

3 comentários:

  1. como dizem os brasucas:

    "é isso aí meu irmão!!"

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  2. Excelente ideia esta de caçar as bengalas dos cromos. E como sempre sucede com as boas ideias, dá vontade de as desenvolver.

    Não só porque haverá outras bengalas nestes cromos, como há outros cromos com bengalas. Penso eu de que...

    Mas, para continuar a pesquisa do Vitor, confesso aqui que tenho uma dificuldade técnica. É que quando ouço um destes senhores falar, vem-me logo à ideia uma suposição: estará o gajo com flatulência?

    E pronto, a partir daí, já não consigo ouvir mais nada.

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