Eu Carolino…
Parece-me claro que nos últimos dias não aconteceu nada de novo no reino do futebol. As «Veigarices» proporcionaram-nos alguns momentos de edificação e interesse. Tivemos a emoção da surpresa, o exemplo da auto demissão e, acima de tudo, o facto culturalmente enriquecedor de, muitos de nós, nos termos dado conta pela primeira vez da existência e significado da palavra «arresto». Assim vale a pena.
No entanto, depois disso, e já lá vão para aí três semanas – uma eternidade se considerarmos o ritmo com que os escândalos normalmente se sucedem no futebol português – infelizmente, repito, nada sucedeu que devamos considerar excepcional.
1. Orelhas arguido no caso Mantorras. Onde está a novidade? Já se sabia desde Agosto. E quando o tal jornal maroto noticiou que Vieira iria ser constituído arguido e Vieira gritou aos quatro ventos que não, que não era arguido coisa nenhuma, afinal ambos tinham razão. Pois se um dizia que «ia ser» e o outro dizia que «não era», como diria Sherlock Holmes, «Elementar, meu caro Watson!». Nós é que somos burros.
2. Caso doping de Nuno Assis ressuscitado. A Procuradoria-Geral da República (PGR), através de parecer emitido a pedido da Secretaria de Estado do Desporto, considera que o Conselho de Justiça da F.P.F. violou a lei quando decidiu arquivar o processo, e sustenta que este Conselho deve revogar a sua decisão. No Conselho de Justiça, assim como na F.P.F., não só ninguém se demite como ninguém tem nada a dizer. Normalíssimo. Há lá coisa mais banal do que um «Conselho de Justiça» ser apanhado a violar a lei!
Siga a dança!
3. Árbitros fogem à declaração de rendimentos como o diabo foge da cruz. O presidente da Liga (LPFP), acompanhado por representantes dos árbitros, esteve na Assembleia da República com o objectivo de "sensibilizar" os deputados para a «discriminação» que é o facto de a classe de arbitragem ter de apresentar declarações de rendimentos (registo de interesses) na sede da LPFP. E porque é que ninguém lhes deu um pontapé no traseiro, alguém sabe? Não porque se tivesse reconhecido que tal procedimento preventivo afinal não tem servido para nada. Mas, sim, porque na Imagilândia em que se tornou o reino do nosso futebol, árbitros que pretendem ocultar as suas fontes de rendimento não é conduta desabonatória, é antes matéria para ponderar com cafezinhos e bolos. Normalíssimo!
4. Avelino ataca em cuecas! Quando os sócios do F. C. Marco, reunidos há dias em Assembleia-Geral, procuravam uma solução para o descalabro financeiro do clube, viram a sessão completamente desestabilizada. De repente, Avelino Ferreira, ex-presidente do clube e ex-presidente da Câmara, irrompe pela sessão adentro vestido de pijama, roupão e de chinelos de quarto, e vai de partir a loiça toda. Qual extravagância demencial, qual quê! O futebol nacional há muito que deixou de merecer fato e gravata. «Normalíssíssimo».
5. Rebates de consciência. E vai daí, hoje, quarta-feira (13), de um dia para o outro: caso N. Assis em julgamento nas instâncias internacionais; aberta em Gondomar a instrução do processo «apito dourado»; Madaíl chamado a depor como testemunha de Valentim; apanhado mais um dirigente (Académica) nas malhas da corrupção e da venalidade; Assembleia da República debate lei anti-corrupção desportiva; Procurador-Geral da República (PGR) reúne com o titular dos autos para uma "análise global" do processo Apito Dourado; PGR informa que está a ler o «best-seller» do último fim-de-semana (e já vai a meio!). Etc. etc.
Como se vê toda a gente faz o que deve ser feito, tudo funciona às mil maravilhas e de uma coisa podemos estar certos – tudo ficará na mesma.
Do afã que hoje vai por aí, o mais que se poderá dizer, parafraseando a grande mestra da «língua», é: «eu carolino, tu carolinas, ele carolina…». Só isso. Porque, na verdade, tudo o que se passa é insuportavelmente banal. Frustrantemente déjà-vu. E amanhã é outro dia.
Parece-me claro que nos últimos dias não aconteceu nada de novo no reino do futebol. As «Veigarices» proporcionaram-nos alguns momentos de edificação e interesse. Tivemos a emoção da surpresa, o exemplo da auto demissão e, acima de tudo, o facto culturalmente enriquecedor de, muitos de nós, nos termos dado conta pela primeira vez da existência e significado da palavra «arresto». Assim vale a pena.
No entanto, depois disso, e já lá vão para aí três semanas – uma eternidade se considerarmos o ritmo com que os escândalos normalmente se sucedem no futebol português – infelizmente, repito, nada sucedeu que devamos considerar excepcional.
1. Orelhas arguido no caso Mantorras. Onde está a novidade? Já se sabia desde Agosto. E quando o tal jornal maroto noticiou que Vieira iria ser constituído arguido e Vieira gritou aos quatro ventos que não, que não era arguido coisa nenhuma, afinal ambos tinham razão. Pois se um dizia que «ia ser» e o outro dizia que «não era», como diria Sherlock Holmes, «Elementar, meu caro Watson!». Nós é que somos burros.
2. Caso doping de Nuno Assis ressuscitado. A Procuradoria-Geral da República (PGR), através de parecer emitido a pedido da Secretaria de Estado do Desporto, considera que o Conselho de Justiça da F.P.F. violou a lei quando decidiu arquivar o processo, e sustenta que este Conselho deve revogar a sua decisão. No Conselho de Justiça, assim como na F.P.F., não só ninguém se demite como ninguém tem nada a dizer. Normalíssimo. Há lá coisa mais banal do que um «Conselho de Justiça» ser apanhado a violar a lei!
Siga a dança!
3. Árbitros fogem à declaração de rendimentos como o diabo foge da cruz. O presidente da Liga (LPFP), acompanhado por representantes dos árbitros, esteve na Assembleia da República com o objectivo de "sensibilizar" os deputados para a «discriminação» que é o facto de a classe de arbitragem ter de apresentar declarações de rendimentos (registo de interesses) na sede da LPFP. E porque é que ninguém lhes deu um pontapé no traseiro, alguém sabe? Não porque se tivesse reconhecido que tal procedimento preventivo afinal não tem servido para nada. Mas, sim, porque na Imagilândia em que se tornou o reino do nosso futebol, árbitros que pretendem ocultar as suas fontes de rendimento não é conduta desabonatória, é antes matéria para ponderar com cafezinhos e bolos. Normalíssimo!
4. Avelino ataca em cuecas! Quando os sócios do F. C. Marco, reunidos há dias em Assembleia-Geral, procuravam uma solução para o descalabro financeiro do clube, viram a sessão completamente desestabilizada. De repente, Avelino Ferreira, ex-presidente do clube e ex-presidente da Câmara, irrompe pela sessão adentro vestido de pijama, roupão e de chinelos de quarto, e vai de partir a loiça toda. Qual extravagância demencial, qual quê! O futebol nacional há muito que deixou de merecer fato e gravata. «Normalíssíssimo».
5. Rebates de consciência. E vai daí, hoje, quarta-feira (13), de um dia para o outro: caso N. Assis em julgamento nas instâncias internacionais; aberta em Gondomar a instrução do processo «apito dourado»; Madaíl chamado a depor como testemunha de Valentim; apanhado mais um dirigente (Académica) nas malhas da corrupção e da venalidade; Assembleia da República debate lei anti-corrupção desportiva; Procurador-Geral da República (PGR) reúne com o titular dos autos para uma "análise global" do processo Apito Dourado; PGR informa que está a ler o «best-seller» do último fim-de-semana (e já vai a meio!). Etc. etc.
Como se vê toda a gente faz o que deve ser feito, tudo funciona às mil maravilhas e de uma coisa podemos estar certos – tudo ficará na mesma.
Do afã que hoje vai por aí, o mais que se poderá dizer, parafraseando a grande mestra da «língua», é: «eu carolino, tu carolinas, ele carolina…». Só isso. Porque, na verdade, tudo o que se passa é insuportavelmente banal. Frustrantemente déjà-vu. E amanhã é outro dia.
Isto mais parece a Secília...
ResponderEliminarQue pântano!!!
pena não terem visto a SIC noticias de hoje (jornal das 22:00h, onde um advogado de Coimbra falou de uma forma clara sobre estes acontecimentos...
ResponderEliminaresse sim, não tem medo de abrir a boca...
porquê a insistência n'"Colunista convidado"?!?!?
ResponderEliminarPassem o homem a permanente!!!
Eu, Carolina
ResponderEliminarEm rigoroso exclusivo nacional, publicamos um excerto do livro "Eu, Carolina Salgado" por incúria não incluído na obra agora à venda em todas as grandes superfícies comerciais. Pelo manifesto interesse público do excerto, e depois de garantido o consentimento da autora, reproduzimoze-le-o… reproduzimo-si-o…reproduzimo-li-e-o… enfim, pomo-se-le-o já a seguir. Arre!
«10 de Abril
O Jorge Nuno está inquieto. Os nervos estão à flor da pele e já me assentou duas lambadas sem motivo aparente. Mas eu sei a causa. O FC Porto vai receber o Riopele para a Taça de Portugal e, sem caldinhos com os árbitros, ele desconfia que vai perder. Ofereço-me para mandar espancar o presidente do Conselho de Arbitragem da Liga. Diz-me que não, que dá muito nas vistas. Está a amolecer com a idade. E não me refiro só às capacidades para dirigir o clube.
11 de Abril
O alternadeiro do talho, aqui no Ameal, disse que não me fia mais nada sem ver dinheiro. Mandei espancá-lo com um barrote cravejado de parafusos, claro está. Eu não sou dura. Foi a vida que me fez assim.
14 de Abril
Está-se mesmo a ver: sexta-feira à noite e, em vez de sairmos, sua excelência quer jantar em casa com árbitros. E os ares sebosos dos tipos? Um é careca, o outro tem um bigode que me faz lembrar um azeiteiro que trabalhava no Calor da Noite. Só falam de foras-de-jogo e penalties. E só comem fruta e doces, os alarves! Há semanas que não se come outra coisa cá em casa.
Ao menos, não se perdeu tudo. O Jorge Nuno prometeu-me que me levava este fim de semana ao estrangeiro para ver monumentos e coisas assim. Vai ser tão romântico!
15 de Abril
Grande besta! O fim de semana romântico no estrangeiro, afinal, foi só eu, ele e… mais 300 Super Dragões em Gelsenkirschen. E a o monumento era o estádio dos alemães. Nunca fui tão apalpada na minha vida. Esta gente não sabe que eu sou uma senhora.
17 de Abril
As finanças recusaram a minha declaração de IRS: não me deixam deduzir a aquisição de um varão Inox nas despesas de "material profissional". Sabem eles que isto custa os olhos da cara? Ou pior.
Conheço um rapaz que é trolha em Freamunde. Muito jeitoso de mãos. Pedi-lhe para espancar o chefe do 13.º bairro fiscal do Porto.
18 de Abril
Afinal, era engano. O varão pode ser deduzido no IRS.
Se o chefe do 13.º bairro fiscal ainda tivesse nós dos dedos, poderia ser ele a fazer a dedução.
19 de Abril
O Jorge Nuno revelou-me hoje que vai voltar para a primeira mulher. De súbito, a minha memória reavivou. Estou a lembrar-me de tudo.
Tenho provas de que o Jorge Nuno esteve envolvido em todas as trapaças do século XX, desde a falsificação das notas do Alves dos Reis até ao atentado falhado contra o Salazar em 1930. E se a TVI me pagar mais, ainda posso comprovar que foi ele quem trouxe a peste negra e o maestro António Vitorino de Almeida para Portugal. E que o terramoto de 1755 só escavacou Lisboa e arredores porque ele mandou.
Disparates ou falsidades, seja o que for que vem no livro ou nele tenha sido por «incúria»,
ResponderEliminarhá uma que que ninguém pode desmentir: Pinto da Costa viveu 6 anos com a autora dessas acusações, que agora vêm diabolizar. Não foram seis dias nem seis meses.
(Rectifico)
ResponderEliminarDisparates ou falsidades, seja o que for que vem no livro ou nele tenha sido omitido por «incúria», há uma coisa que ninguém pode desmentir: Pinto Costa viveu sis anos com a autora dessas acusações, que agora convém diabolizar. Não foram seis dias nem seis meses.