sábado, 18 de julho de 2009

Agora percebi...




Ainda não tinha percebido o comportamente despropositado do Raúl Meireles, que quase bate no árbitro e chama-lhe maluco a 2 cm de distância, num jogo a feijões.

Só ontem, depois de ler as declarações do Meireles num jornal desportivo, se fez luz na minha cabeça. Dizia ele: "estou a tentar passar a mística do Porto, aos novos jogadores".

Este comportamento agressivo para com os árbitros, só se vê de forma repetida e diria até concertada, para os lados do Dragão. Eu diria que lhes está no sangue. É uma cultura.

Eles sentem-se protegidos e até incentivados nestes comportamentos, após anos e anos de impunidade.

Lembram-se do José Pratas a correr à frente de meia equipa do FCP?


3 comentários:

  1. Por falar de impunidade, permitam-me o (não sei se será assim tanto) offtopic.

    EFEMÉRIDE

    "Comemora-se" hoje, dia 18 de Julho de 2009, o 14º ano de um (dos) acontecimento(s) que marca(m), de forma profunda, o futebol (de forma particular) e, diria até, o desporto em geral.

    Permitam-me, enquanto cidadão português, apreciador de desporto e defensor acérrimo da honestidade e da moral, relembrar este episódio sórdido, onde a corrupção, promiscuidade, cumplicidade e subserviência andaram de mãos dadas – as célebres férias de Carlos Calheiros e sua família, no Brasil.

    Deixo transcrito, na íntegra, um texto que, apesar de poder parecer tendencioso por força da simpatia clubística de quem o redigiu, descreve, de forma divertida, a sequência de peripécias inacreditáveis e lapsos rocambolescos que envolveram um clube de futebol, um árbitro e uma agência de viagens.

    “No próximo dia 18 de Julho faz dez anos que o árbitro Carlos Calheiros, da Associação de Viana do Castelo, embarcou para o Brasil na companhia de familiares, para um justo período de férias repartidas entre o Othon Palace do Rio de Janeiro e o Hotel Sheraton do Recife. A factura da viagem e da estada da família Calheiros foi debitada pela Agência Cosmos ao FC Porto. Por lapso, como mais tarde viriam a explicar o próprio árbitro, o clube e o operador turístico. A efeméride merece ser celebrada por todos os que se preocupam com a causa da arbitragem nacional neste momento em, que passada uma década, se volta a discutir se os juízes de campo devem ser sorteados ou nomeados para dirigir os jogos da Super Liga. A data deve ser lembrada com insistência na face de todos os amnésicos compulsivos para quem, subitamente, os árbitros se transformaram na escória do futebol português. Só porque o Benfica conseguiu, ao cabo de onze anos, conquistar o título de campeão nacional? O episódio é, por ventura, o mais rocambolesco e o mais exemplificativo de uma época dourada em que os árbitros eram o máximo e só se queixavam dos árbitros os maus perdedores, os invejosos e os passarinhos. Celebremos, então, entusiasticamente o décimo aniversário da viagem de Carlos Calheiros ao Brasil. Foi a SIC quem trouxe o caso para a praça pública, a 1 de Novembro de 1996, e no dia seguinte os jornais desportivos e generalistas não tiveram outro remédio senão dar seguimento ao assunto. «Calheiros, engenheiro de profissão, viajou ao Brasil em Julho de 1995, na companhia da sua mulher e filha, e a factura da deslocação, da agência Cosmos e no valor de 761 contos, apresenta o FC Porto como a entidade a quem deveriam ser debitados os custos das férias. Estranha é também a forma como o ex-árbitro é identificado na factura. O seu nome completo é José Carlos Amorim Calheiros, e no documento aparece como José Amorim», lia-se no «Público». Calheiros reagiu ameaçando com a Justiça. O árbitro, em declarações ao «Independente», clamou e reclamou pela sua inocência: «Vou pôr a Cosmos e o FC Porto em tribunal, por difamação e abuso da minha boa fé. Limitei-me a aceitar uma viagem da Cosmos e agora aparece isto.»

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  2. Mas a história da viagem de Carlos Calheiros ao Brasil não se ficou por aqui. De acordo com declarações de «um vice-presidente do FC Porto» ao «Público» o imbróglio terá tido início quando o ex-árbitro contactou o clube das Antas para que «o FC Porto, atendendo ao facto de ser um cliente habitual da Cosmos lhe conseguisse um preço especial». «O próprio Carlos Calheiros foi depois à Cosmos tratar das formalidades e, mais tarde, pagou ao FC Porto», acrescentou o anónimo dirigente portista. Esta versão foi confirmada pelo administrador da agência de viagens, António Laranjeiro: «Carlos Calheiros falou com o FC Porto para usufruir das condições especiais que a agência concede ao clube e acertou as contas posteriormente com o clube.» Calheiros apresentou uma perspectiva diferente do assunto: «Informei a Cosmos de que lamentava que, abusivamente, tenha feito seguir para o FC Porto as facturas e os recibos de uma viagem que eu pensava que me tinha sido oferecida e exigi que seja feita a emissão do recibo, que eu sempre pedi e que nunca me foi dado, para que possa liquidar a dívida.» O «Independente» revelaria que, na sequência da investigação da SIC, o ex-árbitro terá recebido uma carta do FC Porto, assinada por Diogo Paiva Brandão, director-geral do clube, confirmando que a factura estava contabilizada nas contas do FCP com o número 4144, com a data de 18 de Julho de 1995 e que foi liquidada pelo FC Porto à Cosmos. O semanário teve acesso a esse documento e transcreveu-o: «[a deslocação ao Brasil] foi indevidamente debitada ao nosso clube. Na realidade, devido ao facto de a factura ter sido enviada num conjunto de diversas outras, passou despercebida aos nossos serviços e não foi detectada a irregularidade da sua emissão. Por isso, e dado que o clube já liquidou, por lapso, o respectivo montante à agência de viagens, convidamos Vossa Exª a liquidar de imediato o valor, em escudos, de 761.713, nos nossos serviços para podermos considerar o assunto encerrado.» A verdade é que o assunto ficou mesmo encerrado. Foi esmorecendo nas páginas dos jornais, das ameaças de tribunal nunca mais ninguém ouviu falar, da presumível investigação da Polícia Judiciária também nunca mais ninguém ouviu falar e tudo leva a crer que Carlos Calheiros tenha, finalmente, pago a viagem que julgou ser uma benfeitoria desinteressada e tenha ainda hoje, em sua casa, emoldurados o recibo e a factura desses dez dias no Brasil. Tudo não passou de um lapso. Ou de vários lapsos, se quiserem. Nenhuma organização é perfeita. Era tudo boa gente. Ai que saudades, ai, ai.”

    Leonor Pinhão, In A Bola, Julho de 2005

    Episódios como este, os favores, o compadrio, os jogos de bastidores, a prostituição, as gratificações em dinheiro e em géneros e, porque não, a complacência das autoridades: eis as bandeiras do futebol português nos últimos 30 anos.

    n.d.r. Admito que a mente de alguns, após leitura do segundo parágrafo, os tenha levado, inadvertidamente, a nomes como Miklos Feher, Rui Costa ou Cherbakov. Mas não. Mortes, fins de carreira ou estropiamentos não garantem títulos...

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  3. Esta fotografia (refiro-me à 2ª) é absolutamente notável. Vale mais do que mil palavras. Mil? Mais do que todas as palavras que possam ser ditas sobre uma época (passada?)em que, fazendo jus aos métodos, se dizia que «a bola é redonda e ao fim ganha o Porto».

    E ainda há quem me venha falar em 'presidente-modelo'! Chiiiiissa!

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