quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Toques de Cabeça

Sobre o MST, com pachorra
Por JMMA

Chamemos-lhe Miguel Super Tripeiro para não confundir o original com o “karaoke”. Sobretudo porque não se deve confundir culto com cultura. O artista, bem entendido, é o MST, escritor bestseller, repórter, jornalista e comentador político. O reverso é assim como uma espécie de Carolina que não passou do alterne.

Miguel Super Tripeiro descobriu num artigo do jornal «Sol» a “golpada” de Luís Filipe Vieira e resolveu partilhá-la connosco num artigo d’ A Bola, que teve eco no Footbicancas, em 28/Julho. Nada contra. Expor convicções com base no disse-que-disse não me parece próprio de um grande jornalista nem tão-pouco o método ideal para debater assuntos no espaço público, mas como se sabe MST topa tudo a léguas e tem as suas intuições em enorme conta.

Lido e relido o artigo, eis o que fica: alguém deve dinheiro a alguém, por via de negócios havidos entre ambos. A dívida vence-se em Setembro, logo, interroga-se MST, que nada tem a ver com quem tem a pagar nem tão-pouco com quem tem a receber: será que aquele ‘alguém’ vai poder pagar ao outro ‘alguém’? E eu, que antes desta crucial incerteza vivia alegre, comia bem e dormia descansado, passei a ter pesadelos, falta de apetite e até vertigens: será que pode pagar? Oh deuses! Não sei o que será mais cruel se a dívida, se a dúvida.

Mas não, «A mim, as dívidas (…) não me interessam nem me ocupam — excepto se, como também se pode inferir da notícia de o «Sol», elas vierem a ser cobertas, no todo ou em parte, pela Caixa Geral de Depósitos», esclarece MST no fim de três longos parágrafos, 430 palavras, 2 557 caracteres, quase metade do artigo a falar precisamente e apenas daquilo que diz não lhe interessar. Aqui, disse eu para os meus botões: Chiça, botões, o que seria se lhe interessasse! Quanto à Caixa Geral de Depósitos cobrir as dívidas, isso sim, concordo. Como dizia o outro Caixa é banco e bancos – em particular no nosso país – são instituições perdulárias que passam a vida a distribuir o dinheiro sem mais nem quê, apenas em função da cor das camisolas. É mesmo caso para estar de pé atrás, senhor Miguel.

Por último, a grande questão: estamos ou não estamos perante um chocante caso de tráfico de influências, feito por um clube de futebol a favor de uma empresa? E é isso crime? MST diz que sim. Pois, então, se assim pensa, devia ter já denunciado formalmente o dolo às autoridades competentes. Antes mesmo de vir rentabilizá-lo em artigos de jornal pagos à linha. Esse é o único ponto que interessa reter.

Contudo, não é por isso que critico MST. O futebol é um fenómeno de grandes emoções onde a racionalidade fenece. Há que ser compreensivo. Já aquela parte gaga e gasta da perseguição ao FCP custa-me mais a aceitar. «E pensar que, depois do grande regabofe entre câmaras e clubes a pretexto do Euro-2004, o único «escândalo» que ocupou a imprensa e o Ministério Público foi a permuta de terrenos entre o FC Porto e a CMP!», queixa-se MST. Pior do que a clubite militante de MST é este ar de superioridade moral. O FCP é incomparavelmente virtuoso e invariavelmente perseguido e ele, MST, não perde uma oportunidade de nos lembrar disso. Caro MST: bem sei que a Justiça em Portugal não passa de uma roda quadrada. Por que razão então, a elogia quando essa mesma Justiça sentencia a absolvição do FCP e do seu presidente, é capaz de me explicar? Se foi com esta coerência que avaliou os negócios do Benfica com a Euroárea, temo bem pela inocência de Vieira.

O problema de Miguel Sousa Tripeiro é mais grave do que parece: não é o daltonismo que lhe faz ver o mundo a azul, é a militância. A militância é o patamar profissional da clubite. Quer dizer que se o FCP fosse um partido que eu cá sei, MST era o director do Avante. Por isso, e para terminar, dá para reformular a frase que hoje li sobre a Europa: MST, cronista d ‘ A Bola, não existe. Eu conheço-o.

2 comentários:

  1. Faço minhas, as palavras do JMMA.

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  2. Estranhei foi MST falar de "golpadas", "tráficos de influências" e afins.

    Será que o que tem em casa não lhe chega e sobeja??

    Moralistas há muitos!

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