Colunista Convidado, por José Manuel Marques

ESPLENDOR NA RELVA

Quis o acaso entrar eu neste «blog» no momento em que todas as esperanças se alinham renovadas, na grelha de partida, para o arranque de uma nova temporada futebolística. Como os entusiasmos de uns são as desilusões de outros, breve se hão-de reacender as paixões, acentuar as críticas e divergir as opiniões. Adeus observação inteligente, adeus análise serena, «by-by» opinião imparcial.

Tenho para mim que para sustentar ao longo do campeonato a tarefa que hoje aqui inicio, se queriam pelo menos quatro pessoas.

A saber...

Primeiro que todos:

Jeremias – o profeta que recebeu de Deus o dom das lágrimas, e que, se acompanhasse o campeonato que se vai iniciar lamentaria melhor que ninguém, pela óptica imparcial do seu clube claro (!), as bolas na trave, os penalties por marcar, os foras-de-jogo indevidamente assinalados, os cartões mostrados ou por mostrar, e por aí fora.

Depois:

Um Matemático, de preferência com conhecimentos de física nuclear – para medir com rigor científico (na óptica do seu clube, claro!) os foras-de-jogo, as bolas fora e as bolas dentro e ainda a intensidade da canelada bem como a potência do empurrão na área. Principalmente esta, já que o penalty é a nossa principal inquietação.

Em seguida:

Um Padre – para pregar o sermão fúnebre dos que, no meio deste aparente presépio de santinhos que é o futebol, nele trabalham de boa fé e, conservando-se dignos, nada ganham com isso. Igualmente para exaltar a dedicação sublime dos adeptos, pagadores e sofredores (imparciais claro!) que querem é que o seu clube ganhe nem que seja por um só golo, marcado com a mão, em posição de fora-de-jogo, para além do tempo regulamentar.

Finalmente:

Um «comentador desportivo» – por ser o cientista da bola, o catedrático das tácticas de jogo, aquele que melhor do que os jogadores sabe como se deve jogar, antes dos treinadores verem as deficiências da equipa já ele viu tudo, e melhor do que os árbitros sabe imediatamente e de certeza absoluta se foi ou não foi falta.

Uma vez porém que não pode realizar-se para este trabalho uma colaboração tão completa digne-se o leitor favorecer-nos com a sua indulgência e enfastiar-se na nossa companhia, quando isso nos for possível.

J.M.M.A.