CAMPEÕES DO FAZ-DE-CONTA
Ganhar não é tudo. Aliás, há circunstâncias em que vencer até se assemelha demasiado com nada.
Vem isto a propósito da desvergonha a que se tem assistido ultimamente com a praga dos salários em atraso nos clubes.
Há vários anos que o relatório anual da Deloitte revela que a média de espectadores nos estádios portugueses é incrivelmente baixa: ronda os seis mil por jogo. Vê-se à vista desarmada que na maior parte dos jogos (inclusive dos da primeira Liga, já que da de Honra nem se fala) o número de espectadores pouco mais é do que o dos familiares dos jogadores e os amigos dos dirigentes dos clubes em confronto. Que se saiba a Liga nunca procurou qualquer solução de fundo para o problema. O mais que se tem visto são declarações vagas do género “urge encarar, urge reflectir”.
A qualidade do jogo e a credibilidade dos árbitros, que estão no cerne deste problema, são questões de somenos. Durante o Verão o que os sábios dirigentes discutiram acerbamente foi se os árbitros deveriam ser sorteados ou nomeados.
Até há quem jure que se joga bem no nosso campeonato. Quando um técnico conhecedor mal chega a Portugal e tem a frontalidade de dizer que no futebol português bate-se muito, joga-se pouco e ninguém diz nada, alguém o ouviu? Nem pensar! Gritou-se foi: Aqui d’el rei! Este senhor não passa de um desprezível «holandês com tiques de nazi» (sic, TSF).
Quanto à má qualidade dos árbitros, é curioso: todos concordam, mas cada um de sua vez. Isto é, os dirigentes tal como os treinadores só se lembram que os árbitros não servem quando as más decisões não lhes são favoráveis. Portanto, apesar das cenas a que temos assistido, com os actuais protagonistas não me parece que o enredo desta velha produção fantasmagórica alguma vez possa melhorar. Aliás, melhorar para quê, se há almas bem pensantes que até acham que os erros de arbitragem dão colorido ao futebol. Lindo!… É assim como achar que a dança do ventre é uma arte bonita, e porquê? Porque dá ideia que as bailarinas têm problemas de gases!...
Em Inglaterra, onde os estádios têm tradicionalmente taxas de ocupação da ordem dos 90%, parece que ultimamente estará a haver menos público. Que é que fizeram os ingleses? Correram a formar um grupo de sábios para encontrar soluções. Têm medo que depois de anos a criar uma liga exemplar algo de errado esteja a suceder. A Alemanha já resolveu o seu «apito dourado». Não precisou senão de um ano: Árbitros prevaricadores condenados a quase três anos de prisão efectiva, fora o resto.
Enquanto isso, em Portugal é o faz-de-conta em torno dos salários em atraso. Faz-de-conta a Federação: «Face à gravidade da situação a federação já pediu a intervenção estatal», diz a Imprensa. E fazem-de-conta os clubes caloteiros: Dizem que a culpa é sindical, é tudo tramóia do Evangelista. Manipulado pelo Jota Cristo!, ‘tá-se a ver.
Bom, como em Portugal urge reflectir mas não se reflecte, urge encarar mas não se encara, qualquer um pode dar os seus bitaites. Aqui estão os meus para a acabar com o jogo do faz-de-conta: (1) sistema de cartões vermelhos para os árbitros, (2) testes de doping às finanças dos clubes e (3) garantias bancárias no início do campeonato para cobertura de dívidas de ordenados.
Tenho dito.
Ganhar não é tudo. Aliás, há circunstâncias em que vencer até se assemelha demasiado com nada.
Vem isto a propósito da desvergonha a que se tem assistido ultimamente com a praga dos salários em atraso nos clubes.
Há vários anos que o relatório anual da Deloitte revela que a média de espectadores nos estádios portugueses é incrivelmente baixa: ronda os seis mil por jogo. Vê-se à vista desarmada que na maior parte dos jogos (inclusive dos da primeira Liga, já que da de Honra nem se fala) o número de espectadores pouco mais é do que o dos familiares dos jogadores e os amigos dos dirigentes dos clubes em confronto. Que se saiba a Liga nunca procurou qualquer solução de fundo para o problema. O mais que se tem visto são declarações vagas do género “urge encarar, urge reflectir”.
A qualidade do jogo e a credibilidade dos árbitros, que estão no cerne deste problema, são questões de somenos. Durante o Verão o que os sábios dirigentes discutiram acerbamente foi se os árbitros deveriam ser sorteados ou nomeados.
Até há quem jure que se joga bem no nosso campeonato. Quando um técnico conhecedor mal chega a Portugal e tem a frontalidade de dizer que no futebol português bate-se muito, joga-se pouco e ninguém diz nada, alguém o ouviu? Nem pensar! Gritou-se foi: Aqui d’el rei! Este senhor não passa de um desprezível «holandês com tiques de nazi» (sic, TSF).
Quanto à má qualidade dos árbitros, é curioso: todos concordam, mas cada um de sua vez. Isto é, os dirigentes tal como os treinadores só se lembram que os árbitros não servem quando as más decisões não lhes são favoráveis. Portanto, apesar das cenas a que temos assistido, com os actuais protagonistas não me parece que o enredo desta velha produção fantasmagórica alguma vez possa melhorar. Aliás, melhorar para quê, se há almas bem pensantes que até acham que os erros de arbitragem dão colorido ao futebol. Lindo!… É assim como achar que a dança do ventre é uma arte bonita, e porquê? Porque dá ideia que as bailarinas têm problemas de gases!...
Em Inglaterra, onde os estádios têm tradicionalmente taxas de ocupação da ordem dos 90%, parece que ultimamente estará a haver menos público. Que é que fizeram os ingleses? Correram a formar um grupo de sábios para encontrar soluções. Têm medo que depois de anos a criar uma liga exemplar algo de errado esteja a suceder. A Alemanha já resolveu o seu «apito dourado». Não precisou senão de um ano: Árbitros prevaricadores condenados a quase três anos de prisão efectiva, fora o resto.
Enquanto isso, em Portugal é o faz-de-conta em torno dos salários em atraso. Faz-de-conta a Federação: «Face à gravidade da situação a federação já pediu a intervenção estatal», diz a Imprensa. E fazem-de-conta os clubes caloteiros: Dizem que a culpa é sindical, é tudo tramóia do Evangelista. Manipulado pelo Jota Cristo!, ‘tá-se a ver.
Bom, como em Portugal urge reflectir mas não se reflecte, urge encarar mas não se encara, qualquer um pode dar os seus bitaites. Aqui estão os meus para a acabar com o jogo do faz-de-conta: (1) sistema de cartões vermelhos para os árbitros, (2) testes de doping às finanças dos clubes e (3) garantias bancárias no início do campeonato para cobertura de dívidas de ordenados.
Tenho dito.
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