sexta-feira, 11 de maio de 2007

Colunista Convidado Residente, por JMMA



A SHUMACHER DAS ARÁBIAS


Agora que o campeonato infelizmente parece estar arrematado sem a menor ponta de emoção, prefiro ocupar-me de temas sérios. Como parece terem feito alguns destacados ‘futbloguers’ deste sítio, podia desertar para Manchester (com o fantástico Cristiano) ou para o Egipto (com o campeoníssimo Manuel José) e assim saborear algumas alegrias que, por cá, me são negadas. Mas não. Viro-me antes para o automobilismo internacional, já que assim sei que, pelo menos, contribuo para o ecletismo temático tão do agrado dos meus numerosíssimos (3!) leitores deste blogue. Vamos ao caso.

Laleh Seddigh, diz-vos alguma coisa?

Eu ajudo: começou a conduzir aos 11 anos; desenvolveu a perícia ao volante no trânsito caótico de Teerão; há três anos obteve licença para entrar no campeonato nacional. E vai daí… chegou, correu e venceu. É a campeã de velocidade do Irão. Num país onde as mulheres, além do mais, estão proibidas de assistir a eventos desportivos, Laleh bem merece uma ciber-chapelada!

E tem a modéstia que costuma ser apanágio dos maiores: «Aqui as estradas são mais perigosas que a pista», declarou a Shumacher das arábias para explicar o seu sucesso.

O resto da história vê-se no “boneco”, ou seja, no fotograma junto: uma mulher no primeiro lugar do pódio a segurar um troféu ao lado de dois marmanjos esgalgados, que não tiveram unhas para ele (troféu) nem pedalada para ela (Laleh). Depois, apenas chamaria a atenção para um pormenor de imagem que, por evidente ‘non sens’, vale por mil palavras: as vestes exóticas que servem de fundo ao troféu.

Numa região em que as mulheres são perseguidas se não aceitarem o código de vestuário islâmico, gostaríamos de acreditar que a razão de tal pormenor se deve, na sua estranheza, apenas e tão-só ao facto da campeã ser uma mulher de gostos simples. Mas duvido: Laleh tem 30 anos, é solteira e diz-se apreciadora de moda.

Que contraste!

Vendo a foto com a cena triunfal de Laleh, logo calhou deparar-me mesmo ao lado com uma imagem que, nos meus padrões de hedonista ocidental, classifico como uma autêntica homenagem à beleza feminina elevada ao «estatuto da Arte». Refiro-me ao cartaz do Crazy Horse, em cena numa sala de Lisboa, exibido por todos esses jornais fora. Posto isto, só pude dar graças a Deus: Bem-aventurado sejas, ó Todo-Poderoso, que na tua infinita sabedoria, achastes por bem não criar os portugueses, nem as portuguesas, à semelhança dos persas.

Bem vos avisei que desta vez o assunto virou sério.

Em suma: tanto quanto sei, a vitória de Laleh deu-lhe ainda mais ambição e ganas de competir. Sonha agora com a aventura da Fórmula 3. Termino, pois, com um apelo: Senhores manda-chuva lá do sítio: com ‘xador’ ou sem ‘xador’, não tirem o bruuum bruuum à menina!

3 comentários:

  1. E eu que gosto tanto de conduzir :)

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  2. "Agora que o campeonato infelizmente parece estar arrematado sem a menor ponta de emoção..." - que campeonato é que segue? o Inglês? o Italiano?

    Quando não tem hipótese, deixa de ter interesse!

    Tipíco de benfiquista recalcado...

    Viva o Estado Novo!

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  3. Se o senhor (ou a senhora)«Anónimo»
    souber por aí de um regime em que os adeptos do FCP vibram de emoção com os êxitos internos do Benfica, gostaria que mo indicasse.

    Para me salvar desta horrível afecção que o senhor (ou a senhora) diagnostica como benfico-morbidez, farei tudo o que estiver ao meu alcance.

    Desde já agradeço.

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