quarta-feira, 25 de julho de 2007

Colunista Convidada Residente, por Laurinha O’Doe


PORNOCHACHADA

«Não importa que o tema sejas tu própria, Laurinha», insistiu o Bicancas. E foi isso que realmente me fez aceder ao convite para fute-postar neste blogue. Apesar da minha juventude, pinoquei com muita gente - atletas, dirigentes, árbitros. Portantos, posso dizer que conheço o futebol - por dentro e a fundo. Mas quem Eu conheço como ninguém é Eu Mesma. Maneiras que acho que é um rasgo de honestidade para com os leitores falar do que se conhece. De qualquer modo o querido bicancas especificou-me: escreve sobre qualquer coisa de actualidade. Pensei logo: a actualidade é a capacidade de actuar. E eu possuo uma boa dose dessa capacidade. Sou a actualidade. Quero dizer que me convenci imediatamente de que o melhor e o mais interessante tema é Eu própria. E adorei ter-me lembrado disso, porque me considero não só um tema actual mas também bastante original, pois até agora ninguém se tinha lembrado de falar sobre Mim.

Foi neste ponto, porém, que a televisão me ofereceu uma alternativa: o incontornável enredo das manas Carol e Ani (atenção, ao espelho lê-se inA). Eu, que sou do mais moderno e do mais experiente que há, e a quem as emoções da vida, se não forem acompanhadas de mais alguma coisa, como diamantes, colares de pérolas, etc., quase nunca me comovem, a verdade é que aquele filme emocionou-me. Apesar de ser uma sex-symbol, sou também uma terrível sentimental.

Foi assim: Ani, gémea e sósia de Carol que é ex-noiva de um senhor que preside há um ror de anos ao mesmo clube, veio a público desmentir o que Carol escreveu num livro que tinha saído meses antes e que, na altura, fora lançado pela Carol em grande confraternização com a Ani. Disse a gémea de Carol que desaconselhou a irmã de escrever o livro, que o livro afinal era só para a irmã se vingar e pôr a ridículo o ex-noivo, e que a primeira versão do dito livro (que ela tem lá em casa guardadinha) tinha outra narrativa da sova que a Carol diz que mandou dar em não sei quem a pedido do senhor do futebol e que entre outras coisas fez da Carol uma testemunha fundamental num mega processo de viciação desportiva. Mais: a irmã de Carol, a mesma Ani que, grávida, havia sido pontapeada por um segurança do clube, acusa agora os polícias que conduzem a investigação de terem induzido depoimentos falsos, insinuando a existência de uma cabala contra o senhor do clube, seu querido e impoluto ex-cunhado. Curioso é constatar que tal como Carol só sentiu o impulso da honestidade quando o senhor que pagavas as contas saiu de casa, também a Ani só sentiu escrúpulos denunciantes contra a irmã quando esta, que lhe pagava as contas, se cansou da chulice.

A saga promete continuar. Portantos, não admira que uma trigémea e até uma quadrigémea de Carol possam ainda surgir com depoimentos bombásticos. Se necessário, até um gémeo do senhor do clube há-de também aparecer a assegurar publicamente que o dito senhor é duma honestidade a toda a prova, não dá peidos em público, dá apenas arrotos e cheiram bem.

Enfim, o que eu acho é que tudo isto tresanda demais a bacalhau e enferma de uma enorme falta de chá. E, “chá agora”, de uma vassoura que varra esta tralha toda (primeiro os senhores) para o xadrez a que tem direito. Perante tanta pornografia sem arte, uma coisa vos garanto: a realidade imita o porno. Somos tansos, ou quê?

Toda vossa,
Laurinha O’Doe.

1 comentário:

  1. Achei piada ao pai das gémeas, que veio dizer que a filha, de tão nervosa que estava a dar a entrevista, nem se lembrava bem do que tinha decorado.

    Cambada de ciganos!!!

    Não há ninguém que prenda esta escumalha toda.

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