AGRADEÇO À FIFA
Por JMMA
Assim que se soube que a organização do Mundial de 2018 ia para a Rússia, a verborreia futebolesca invadiu o tempo de antena das rádios e televisões nacionais. Seguiram-se horas de ressaibo e dislates, apontando o dedo acusador à pretensa (e abominável) filosofia de negócio que terá imperado na decisão da FIFA. Ora aí está (!), os rublos e o gás do Kremlin impuseram-se naturalmente à concorrência europeia, principalmente à bondade superior do «nosso» projecto. Putin, Abramovich e companhia têm o dinheiro que move montanhas e, pelos vistos, votos da FIFA.
Pensei cá para mim: se a organização do evento tivesse sido atribuída à Espanha – perdão: à Ibéria – como seria fácil o falatório do mau perder! Sabendo que na Rússia, como noticia hoje a nossa imprensa, que nada em dinheiro, mesmo assim se questiona se “o custo para ter o Mundial 2018 não é demasiado elevado” e se “não corresponde à política dos patrícios na Roma antiga, em que toda a relação com a plebe se resumia à oferta de pão e jogos”... Se isti é assim, imagine-se então quanto não haveria para dizer, nesta perspectiva, da ‘vaquinha’ ibérica. Sobretudo do seu apêndice português, sem dinheiro, sem economia, sem futuro, apenas fiado na crença atávico-madailesca de que o sonho comanda a vida.
No meio de toda essa verborreia e fantasia nacionais, acabou por vir dos cidadãos o que, infelizmente, não ouvi dizer aos comentadores encartados: que a candidatura ibérica era uma vergonha, pela oportunidade, claro, e sobretudo pela inadmissível relação de menoridade face à Espanha, como a seu tempo escrevi. Agradeço à FIFA ter-nos poupado à concretização desse vexame.
Sem comentários:
Enviar um comentário