MOURINHO DE VOLTA AO LEIRIA?
Por JMMA
Uma pessoa vai ao cinema e de repente esbarra no «Special One» - três metros de ecrã a olhar para nós com cara de zangado. Um tipo vai na rua a pensar no almoço e pumba, lá aparece o «Special One», com ar sisudo, a veicular slogans de guru espiritualista. E pergunta o transeunte que regressa a casa esfalfado depois de um dia de trabalho: «O nosso trabalho, a nossa paixão»..., mas quem é aquele sujeito com cara de convalescente? Bom, aquele sujeito é a nossa estrela planetária, José Mourinho, em fato de cerimónia para uma publicidade banal a um banco falido.
Convenhamos que não é fácil resistir a tamanho contraste. Imagino que para contratar Mourinho para modelo do Millennium tenha sido preciso uma batelada de massa – falou-se em 1 milhão de euros – coisa que, pelos vistos não falta ao Millennium. Mas depois de terem na mão o homem do momento o que é que fazem com ele? Uma superprodução à maneira? Um anúncio para ficar na história? Qual quê. Aperaltam-no de político manhoso, põem-no a recitar (recitar, é o termo) um palavreado balofo com entoação telenovelesca; e fazem um spot com a sofisticação de quem acaba de receber o seu primeiro «magalhães».
Lá fora, Mourinho é o treinador mais mediático do mundo, é um ídolo. Uma vez fiquei embasbacado perante um mega cartaz a anunciar uma marca de telemóveis (se não me engano), com Mourinho em grande estilo, a dominar todo o hall de uma das zonas de embarque do Aeroporto de Heathrow, em Londres. Cá dentro, lembro-me, por exemplo, de Mourinho, atitude super cool de James Bond, a saltar de uma avioneta, planar no espaço, abrir o pára-quedas e aterrar, imperturbável, sobre o terraço de uma luxuosa vivenda com piscina – ícone do “Portugal de sucesso” desses tempos.
Gosto de publicidade, acho que se aprende muito com ela e considero que temos uma das artes publicitárias mais criativas dentre o que já vi. Mas esta campanha com o José Mourinho crispado, às vezes, envelhecido, a falar num registo que não é o dele, caramba, é como se de repente o homem tivesse retornado aos tempos do União de Leiria, quando ainda era apenas um aprendiz de Villas-Boas e os publicitários nem sequer tinham descoberto as virtudes comunicacionais da barba de vários dias.
Enfim, o grande José veio atrás das notas e acabou a segurar toscamente o emblema de um banco em dificuldades. Na sua insignificância, a transformação em executivo da banha-da-cobra, é sintomática da nossa própria pequenez e de um pendor atávico para o amadorismo. «Não confio na sorte, confio no trabalho bem feito», diz o anúncio. Realmente, o mundo está cheio de ironias...
Convenhamos que não é fácil resistir a tamanho contraste. Imagino que para contratar Mourinho para modelo do Millennium tenha sido preciso uma batelada de massa – falou-se em 1 milhão de euros – coisa que, pelos vistos não falta ao Millennium. Mas depois de terem na mão o homem do momento o que é que fazem com ele? Uma superprodução à maneira? Um anúncio para ficar na história? Qual quê. Aperaltam-no de político manhoso, põem-no a recitar (recitar, é o termo) um palavreado balofo com entoação telenovelesca; e fazem um spot com a sofisticação de quem acaba de receber o seu primeiro «magalhães».
Lá fora, Mourinho é o treinador mais mediático do mundo, é um ídolo. Uma vez fiquei embasbacado perante um mega cartaz a anunciar uma marca de telemóveis (se não me engano), com Mourinho em grande estilo, a dominar todo o hall de uma das zonas de embarque do Aeroporto de Heathrow, em Londres. Cá dentro, lembro-me, por exemplo, de Mourinho, atitude super cool de James Bond, a saltar de uma avioneta, planar no espaço, abrir o pára-quedas e aterrar, imperturbável, sobre o terraço de uma luxuosa vivenda com piscina – ícone do “Portugal de sucesso” desses tempos.
Gosto de publicidade, acho que se aprende muito com ela e considero que temos uma das artes publicitárias mais criativas dentre o que já vi. Mas esta campanha com o José Mourinho crispado, às vezes, envelhecido, a falar num registo que não é o dele, caramba, é como se de repente o homem tivesse retornado aos tempos do União de Leiria, quando ainda era apenas um aprendiz de Villas-Boas e os publicitários nem sequer tinham descoberto as virtudes comunicacionais da barba de vários dias.
Enfim, o grande José veio atrás das notas e acabou a segurar toscamente o emblema de um banco em dificuldades. Na sua insignificância, a transformação em executivo da banha-da-cobra, é sintomática da nossa própria pequenez e de um pendor atávico para o amadorismo. «Não confio na sorte, confio no trabalho bem feito», diz o anúncio. Realmente, o mundo está cheio de ironias...
(Ver http:/www.millenniumbcp.pt)
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