sábado, 4 de junho de 2011

Na Desportiva

APENAS FUTEBOL, É DIA DE REFLEXÃO

Por Quincas Berro D’Águia (*)


Da análise das duas semanas de campanha eleitoral, pode-se dizer que Cavaco corre o mesmo risco de Artur Jorge quando chegou ao Benfica e decidiu, para se afirmar, desmantelar toda a equipa de Toni, condenando o clube ao fracasso durante 10 anos. Ao contrário de Artur Jorge, Cavaco não quer (nem pode) fracassar durante 10 anos, até porque já só tem direito a um mandato, tal como Octávio Machado quando foi despedido do FC Porto na era pré-Mourinho. Por essa razão, Cavaco tem estado nestas eleições claramente à defesa, remetendo-se a uma atitude de aparente expectativa em relação aos diferentes clubes em campanha, passando-lhes a bola e dando-lhes a iniciativa do jogo. Todos sabemos que os primeiros minutos de um desafio são para analisar o adversário. Cavaco apostou assim numa estratégia de contenção, mas sem jogar tanto à defesa quanto o Carlos Queiroz ou o Paulo Bento, abdicando de um losango que seria mal visto pelos adeptos de direita, que gostariam de ver Cavaco fazer “jogo bonito”. Pelo contrário, Cavaco tem jogado à defesa mas com uma pressão alta sobre o Governo, como se viu na chamada do FMI, fazendo marcação directa ao Governo como faria José Mourinho. Ajudado em Belém por uma equipa coesa, sem grandes estrelas, Cavaco apostou num jogo táctico, de paciência, jogando simultaneamente com o relógio e com a (mais que certa) Sportinguização do adversário. Como ficou provado com Bettencourt, mais tarde ou mais cedo todo o político corresponde aos que não confiam nele.

(*) Pensador intermitente

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