Toques de cabeça

Um homem não pode ter dor de cabeça?

Por JMMA

O beijo de Iker Casillas à namorada (e jornalista) Sara Carbonero após a vitória da Espanha no Mundial foi um daqueles beijos para ficar na história dos beijos. Mas da mesma forma que beijos destes merecem ser celebrados, convém salientar que também há negas dignas da maior admiração. Recordo a tampa que o lateral-esquerdo espanhol Capdevila deu, por essa mesma altura, à repórter e ex-miss Argentina Romina Belluscio. Para quem não se lembra, eu conto a história. Numa daquelas entrevistas rápidas pós-jogo, a bombástica Romina perguntou a Capdevila se podiam repetir ali o beijo entre Casillas e a namorada. Ele respondeu-lhe: “não, não. Tu não és o meu tipo”. Depois riu-se muito e foi-se embora a correr.

O vídeo deste não-beijo também correu o planeta. Não só porque Romina é, a bem dizer, o tipo de qualquer homem, mas também porque vivemos num mundo radicalmente machista, onde a tampa de um homem a uma mulher bonita é quase inconcebível. Mas aconteceu. E contra eventuais suposições malévolas, convém talvez esclarecer que Capdevila por acaso tem mulher e um filho.

Esta coisa de só as mulheres terem direito à dor de cabeça e de um tipo ter de estar sempre pronto para multiplicar a espécie é um mito sexual que urge combater. Se o guarda-redes campeão do mundo nem sequer é imbatível entre os postes, por que razão há-de ser inesgotável entre os lençóis?Por isso, quando li no Jornal de Notícias de 3ª-Feira, que Iker Casillas cancelou à última hora uma entrevista à mexicana Gaby Elizalde, e que o motivo da recusa se prendeu com uma cena de ciúmes por parte da namorada do jogador, confesso que não acreditei.

Que a espectacular Gaby é, a bem dizer, o tipo de qualquer homem, disso não restam dúvidas. Basta atentar na foto que acompanhava peça do JN. Que o Iker já deu mostras de ser um capitão acutilante, cheio de espontaneidade e determinação sobretudo nas flash interviews, basta recordar o “beijogol”, como dizem os espanhóis. Ainda assim, desta feita, custa-me a crer que fossem os ciúmes da Sara Carbonero a obstar à combinada conversa com a mexicana. A maldade feminina não chega a tanto. Que diabo, um homem não pode ter, de repente, uma dor de cabeça? Porra de azar, Casillas!