COMPLEXO DE MORCÃO
Passava o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube, não o reverenciando em toda a grandeza devida, e acusando-o de evidenciar tiques atávicos de provincianismo. No tempo que não passava a passar o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube protestava por não ter razão para protestar, e o facto de não ter razão para protestar levava-o a passar o tempo a protestar de não protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube. Queixou-se ao médico de família que ultimamente não protestava por aí além mas que conhecia muita gente do seu clube que passava o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube. O médico de família queixou-se de não saber curar as suas queixas por estar habituado a tratar pessoas que não passavam o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube mas sim pessoas que se queixavam que passavam o tempo a queixar-se dos rins, do fígado, da vesícula, etc., e escreveu-lhe uma carta para um especialista em pessoas que passam o tempo a protestar que passam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube. O homem que passava o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube e que agora se queixava de não protestar por aí além começou logo por protestar pela demora das consultas, queixando-se à empregada do especialista que ultimamente não protestava por aí além logo a consulta era urgente e por isso não podia deixar de protestar. A empregada respondeu-lhe ser natural que ele protestasse pela demora das consultas uma vez que passava o tempo a protestar e que ela própria não tinha razões para protestar contra as pessoas que passavam o tempo a protestar, tanto mais que muitas das pessoas que passavam o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube também protestavam por outras coisas para além daquelas por que normalmente protestavam. Por exemplo, ultimamente o que mais protestavam era as Maravilhas do Mundo, disse a empregada. Aqui o homem que passava o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube mas que ultimamente se queixava de não protestar por aí além, como se de repente ficasse bom, desatou a protestar contra as maravilhas do mundo. À uma, pelo trabalho escusado de escolher sete monumentos universais pois um único – o «Dragom» – vale por todos; à outra, pelo facto de terem escolhido o Estádio da Luz como palco do evento, prova mais que óbvia de que a Fundação das Maravilhas do Mundo também «só vê a luz», assim se compreendendo, aliás, a razão dessa injustiça gritante que foi preterirem o «Dragom» em benefício de inutilidades arqueológicas como a Muralha da China ou reminiscências bíblicas e bolorentas como o Templo de Petra; injustiça gritante perpetrada contra o FCP por torpe boicote do Vieira, traiçoeiro sulista que só citar-lhe o nome uma pessoa reconcilia-se logo com a vontade urgente de passar o tempo a protestar que passam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube.
Ao fim de três horas de espera a ranger fúrias o homem que se queixava de não protestar por aí além foi finalmente atendido pelo especialista em pessoas que passavam o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube, mas ao entrar no gabinete do especialista não encontrou ninguém a não ser uma secretária vazia e uma janela aberta. Chamou a enfermeira que o escutou com a desconfiança com que as enfermeiras escutam as pessoas que se queixam de não protestar mas passam o tempo a protestar, e finalmente a enfermeira lá o acompanhou ao gabinete do especialista. De facto estava vazio. Em cima da secretária, apenas um livro: «Clubites, despeitos e malquerenças». Debruçaram-se da janela e viram o especialista em pessoas que passavam o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube a atravessar a rua, de mãos nos bolsos, pensando na maneira de acabar esta história.
O senhor doutor vai a banhos, agora só depois do Verão – rematou a enfermeira.
Passava o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube, não o reverenciando em toda a grandeza devida, e acusando-o de evidenciar tiques atávicos de provincianismo. No tempo que não passava a passar o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube protestava por não ter razão para protestar, e o facto de não ter razão para protestar levava-o a passar o tempo a protestar de não protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube. Queixou-se ao médico de família que ultimamente não protestava por aí além mas que conhecia muita gente do seu clube que passava o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube. O médico de família queixou-se de não saber curar as suas queixas por estar habituado a tratar pessoas que não passavam o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube mas sim pessoas que se queixavam que passavam o tempo a queixar-se dos rins, do fígado, da vesícula, etc., e escreveu-lhe uma carta para um especialista em pessoas que passam o tempo a protestar que passam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube. O homem que passava o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube e que agora se queixava de não protestar por aí além começou logo por protestar pela demora das consultas, queixando-se à empregada do especialista que ultimamente não protestava por aí além logo a consulta era urgente e por isso não podia deixar de protestar. A empregada respondeu-lhe ser natural que ele protestasse pela demora das consultas uma vez que passava o tempo a protestar e que ela própria não tinha razões para protestar contra as pessoas que passavam o tempo a protestar, tanto mais que muitas das pessoas que passavam o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube também protestavam por outras coisas para além daquelas por que normalmente protestavam. Por exemplo, ultimamente o que mais protestavam era as Maravilhas do Mundo, disse a empregada. Aqui o homem que passava o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube mas que ultimamente se queixava de não protestar por aí além, como se de repente ficasse bom, desatou a protestar contra as maravilhas do mundo. À uma, pelo trabalho escusado de escolher sete monumentos universais pois um único – o «Dragom» – vale por todos; à outra, pelo facto de terem escolhido o Estádio da Luz como palco do evento, prova mais que óbvia de que a Fundação das Maravilhas do Mundo também «só vê a luz», assim se compreendendo, aliás, a razão dessa injustiça gritante que foi preterirem o «Dragom» em benefício de inutilidades arqueológicas como a Muralha da China ou reminiscências bíblicas e bolorentas como o Templo de Petra; injustiça gritante perpetrada contra o FCP por torpe boicote do Vieira, traiçoeiro sulista que só citar-lhe o nome uma pessoa reconcilia-se logo com a vontade urgente de passar o tempo a protestar que passam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube.
Ao fim de três horas de espera a ranger fúrias o homem que se queixava de não protestar por aí além foi finalmente atendido pelo especialista em pessoas que passavam o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube, mas ao entrar no gabinete do especialista não encontrou ninguém a não ser uma secretária vazia e uma janela aberta. Chamou a enfermeira que o escutou com a desconfiança com que as enfermeiras escutam as pessoas que se queixam de não protestar mas passam o tempo a protestar, e finalmente a enfermeira lá o acompanhou ao gabinete do especialista. De facto estava vazio. Em cima da secretária, apenas um livro: «Clubites, despeitos e malquerenças». Debruçaram-se da janela e viram o especialista em pessoas que passavam o tempo a protestar que passavam o tempo a perseguir e a descascar no seu clube a atravessar a rua, de mãos nos bolsos, pensando na maneira de acabar esta história.
O senhor doutor vai a banhos, agora só depois do Verão – rematou a enfermeira.
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