sábado, 16 de outubro de 2010

PRESSÃO ALTA


SE EU FOSSE BENFIQUISTA
POR JCR


Eis um cenário com o qual nunca me vi confrontado, mas que à luz da incessante busca pela verdade desportiva que me move, me disponho enfrentar.

Ocorrem-me pois algumas questões que, assim fosse eu benfiquista, gostaria de ver respondidas ou, senão tanto, pelo menos atendidas.

E porque o que busco são respostas imbuídas na mais absoluta seriedade, bom senso e boa fé, escolheria, porque óbvio e se fosse benfiquista, o meu Presidente como interlocutor.

Avanço pois, suportado numa história recente de sucessos desportivos e financeiros do meu Benfica, e escudado nas recentes gestões impolutas e à margem de qualquer reparo, nomeadamente de ordem ética.

1ª Questão – Arbitragens
Diga-me Sr. Presidente:
• Porque se escusou na transacta época a abordar este tema, sempre controverso, mau grado os diversos sinais de desagrado então veiculados generalizadamente pelos nossos adversários que, pasme-se, se sentiam prejudicados;
• Porque permitiu que o Sr. Olegário Benquerença passasse imune à arbitragem do nosso jogo para a Taça da Liga, em casa, com o Nacional da Madeira;
• Porque não se ofendeu com os sorrisos, que já então o Presidente da Comissão de Arbitragem apresentava ao país, quando dizia ser de excelência o nível da arbitragem portuguesa e, incoerente, apontava como possível haver parcialidade na actuação das equipas de arbitragem;

2ª Questão – Relação do FCP com o poder, ou a tese do sistema
Diga-me Sr. Presidente:
• Porque razão aceitou privar bem de perto com o Presidente do FCP, sendo um seu indefectível aliado, já depois de este clube se ter visto alegadamente associado aos assim designados casos ‘Calheiros’, ‘Guimaro’, e outros a que tantas vezes apelamos;
• Porque razão nunca exigiu que todas as escutas sem excepção fossem divulgadas, assim podendo provar ao mundo e a Deus que tudo quanto alvitram a seu respeito (e do defunto ‘Veiga’, e do nosso amigo e intermediário ‘Rodrigues’) não passam de calúnias de gente sem escrúpulos, que pensa poder usar o seu nome e o da nossa instituição em vão;
• Porque não exigiu que o nosso jogo fora com o Estoril em 2005, fosse disputado em Paris, assim desviando as atenções para aquilo que injustificadamente dizem ter sido uma jogada de bastidores (transferência do jogo para o Algarve);
• Porque aceitou (e aceita ainda, eventualmente), que o Dr. Mourão (o Sr. Presidente sabe quem é, e quem foi na estrutura do futebol português), se sentasse no nosso camarote presidencial, pouco após abandonar as funções que desempenhara na dita estrutura;
• Porque não exige que os nossos adversários passem a convidar para o seu camarote altas figuras do estado (e outros seus representantes) envergando o cachecol do clube, ao invés de se deslocarem às claras à casa da democracia para repastos entre pares de cor e coração;
• Porque permitiu que passasse incólume uma alegada inscrição inválida nas competições, de um jogador adversário. Porque não exigiu então, como devido, responsabilidades ao organizador da competição;

3ª Questão – Comunicação social
Diga-me Sr. Presidente:
• Porque não exige à generalidade dos jornais desportivos (e outros) e das televisões generalistas e temáticas, que passem a dedicar-nos atenção análoga à dedicada aos nossos adversários, e não baseiem os seus critérios – como dizem - em questões de índole comercial. Para quando merecermos o mesmo tratamento e respeito que os demais.
• Porque não exige igualmente à generalidade dos jornais desportivos, e também outros jornais, rádios e televisões, que passem a exercer a sua função (unicamente no que ao dever de informar concerne, que não nos espaços de opinião) no mais estrito respeito por regras consagradas no código deontológico da função que desempenham. Para quando merecermos, uma vez mais, o mesmo tratamento e respeito que os demais.
• Porque não se insurge contra a desinformação com que diariamente somos violentados, por critérios editoriais de ‘garotos’ que se sentam à mesa com os nossos adversários, para conceber estratégias de acção;
• Porque não se insurge contra o facto de alguns desses ‘garotos’ terem assento nas tribunas presidenciais dos nossos adversários;

4ª Questão – Violência
Diga-me Sr. Presidente:
• Porque não denuncia que um senhor tenha usado a antena de um canal de televisão adversário, para declaradamente incitar os associados desse clube ao levantar de armas contra nós;
• Porque não exige aos demais clubes atitudes de pacificação como a que vimos personificando ao longo das últimas semanas;
• Porque não os obriga a deslocarem-se ao ministério da tutela, para se retratarem pela quota-parte de responsabilidade que têm nesta matéria (aqui todos têm telhados de vidro), e mais do que solicitarem protecção, assegurarem que tudo farão para que no seu reduto ou ao redor, nada do que se já viu se repita;
• Porque não exige que deixem de nos caracterizar (a todos nós) como vândalos;
• Porque não exige que denunciem os casos de claques que ocupam (ou ocupavam) espaços nos seus estádios, e que aí reservavam material quase bélico, e cujos membros detidos vieram a ser confrontados com constatações/acusações tão graves como de “absoluto desrespeito e desprezo pela vida humana, capazes de levar ao extremo os seus intentos de violência para com membros de outras claques e/ou adeptos de outros clubes”;
• Porque não exige que nunca mais e, independentemente de quaisquer ponderosas razões, um qualquer cidadão seja importunado num qualquer aeroporto deste país, por uma meia dúzia de ‘capangas’ heróis a soldo;
• Porque não se insurge contra o facto de um autocarro de adeptos do nosso clube, ter sido incendiado à porta de um estádio/pavilhão adversário;
• Porque não se insurge contra o facto de o autocarro de uma nossa equipa de hóquei, ter sido invadido por adeptos adversários à porta de um estádio/pavilhão adversário, daí tendo resultado múltiplas agressões a jogadores nossos, particularmente a um que, face à brutalidade das mesmas, esteve em coma;

4ª Questão – Seriedade
Diga-me Sr. Presidente:
• Porque não exigiu que se vissem apuradas as circunstâncias em que um nosso dirigente foi agredido no túnel de um estádio adversário, como está documentado em filme, por seguranças desse clube, mau grado as comprovadas intenções por parte destes de evitar tais filmagens.
• Porque não exige aos demais competidores e adversários, que façam nortear a acção das suas equipas de segurança, pelos princípios de rigor e seriedade que impomos às nossas, nomeadamente as que actuam no túnel, cujo único móbil de acção é a salvaguarda da defesa de todos os intervenientes no jogo que aí circulam, e acautelar/garantir o respeito e mérito que a competição lhes reconhece.

5ª Questão – a última
Diga-me Sr. Presidente:
• Porque não exigirmos todos a uma só voz, que os adeptos dos nossos adversários deixem de viver os seus clubes de um modo quase alienado, que lhes cega a lucidez e os impede de avaliar o comportamento desportivo e a gestão efectiva dos seus clubes, com o distanciamento racional que nós nos impomos.

Muitas mais questões haveria a colocar-lhe, M.D. Presidente, não fora a consciência que tenho da impossibilidade de V.Ex.ª em atender a todos os meus pedidos, face ao intento heróico de busca da verdade desportiva a que tem entregue, com seriedade, o tempo que, graciosamente, nos vem dedicando.

Que nunca lhe faltem a força e a coerência.

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