terça-feira, 19 de outubro de 2010

Toques de Cabeça

SE EU FOSSE SPORTINGUISTA (2)
Por JMMA


O post anterior (Se Eu Fosse Sportinguista) especulava sobre o alcance estratégico da actual gestão do Sporting, por onde perpassa a ideia tantas vezes assinalada, de uma certa submissão doentia de Alvalade à supremacia ‘imparável’ do FC Porto. E - supremo atrevimento -, rematava perguntando o que achariam os sportinguista disso mesmo.

Perante o acaso (não previsto) de se ter realizado uma assembleia geral em Alvalade na passada quarta-feira (13), a resposta surgiu pronta e objectiva. No primeiro grande teste à popularidade junto dos sócios, JE Bettencourt obteve uma vitória clara: viu aprovadas as contas referentes a 2009-10 com uma expressiva maioria de 60%. Sabendo, porém, que este presidente foi eleito há pouco mais de um ano com 90% dos votos, e já que sobre as contas propriamente ditas, segundo reza a Imprensa, a assembleia leonina pouco se pronunciou, forçoso é concluir que os 40% de votos negativos pretenderam penalizar Bettencourt pela inconsequência da sua gestão.

Isto é, como um conhecido sportinguista explicava um dia destes no jornal A Bola, há sportinguistas que gostam de ficar em segundo lugar mas ainda há sportinguistas (os tais 40%) que gostam de ficar em primeiro lugar. Como a questão tem tanto de crucial quanto de inconciliável, alguns sportinguistas debateram-na ao sopapo.

A verdade é que Bettencourt, que às tantas terá gritado para a assembleia "Ninguém me ensina a lidar com o senhor Pinto da Costa" (DN, 15.10.10), ainda não compreendeu realmente a questão fundamental. Consciente ou inconscientemente, o presidente do Sporting insiste em ser um arauto do estatuto de secundarização do Sporting e, ainda recentemente, na Grande Entrevista à RTP, sem nunca beliscar nem ao de leve o FC Porto, socorreu-se várias vezes da farpa ao Benfica para disfarçar as suas fraquezas. Não entende que, com essa secundarização, instala-se a desmagnetização na ‘massa adepta’, e sem magnetismo pode haver presidência, mas não há liderança. Pode haver impulsos, mas não há soluções. Pode haver gestão, mas não há visão.

Não haja dúvidas: o caminho para o sucesso é outro. É por isso que a impressão com que muitas vezes se fica, olhando para o Sporting nestes anos subsequentes ao plano Roquete, de tão dispersos e tão desperdiçados esforços, lembra a famosa história do barão de Münchausen, que pretendia sair de um pântano onde tinha caído, puxando... pelos próprios cabelos!

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