Antes de mais quero agradecer a oportunidade que me foi dada para colaborar com esta instituição que é o Footbicancas. Foi-me atribuída a responsabilidade de escrevinhar umas coisas sobre o clube que tem como lema Esforço, dedicação, devoção e glória... o Sporting. Esta responsabilidade é partilhada com o Joaquim Claro compincha de clube e outras tertúlias mais.
Calhou-me nesta jornada a fava, a fava porque o jogo de hoje foi tão mau que me faltam adjectivos para alimentar a crónica desta semana. E digo isto porque para mim falar mal do Sporting não é fácil, mas com o jogo de hoje até acho que consigo.
Em fim-de-semana de sonho lá para os lados de Hollywood, com a entrega dos oscares, para os lados de Alvalade tivemos uma primeira parte digna de um filme de terror candidato aos Razzies (são os prémios atribuídos aos piores filmes do ano).
Com uma disposição táctica a que já estamos habituados com o famoso losango no meio campo, composto pelo valente Moutinho, o incipiente Nani a incógnita Yannick e o ensonso do Custódio atrás da dupla Liedson e Bueno El Louco. Na defesa reinou a serenidade do Polga e Caneira, o Veloso hoje sem ser brilhante lá cumpriu mas já teve melhores dias e do lado esquerdo parecia-me que não havia ninguém... antes não houvesse porque andou por lá o Ronny... medo, muito medo. E à frente da baliza o Ricardo. A equipa do Aves apresentou-se num 4-4-2 e quando atacava transformava-se com facilidade num 4-3-3 mas felizmente o trio da frente era macio. O Professor Neca disse antes do jogo que vinha jogar um futebol de ataque e aberto, ainda o cumpriu na primeira parte mas na segunda parte ficou fechadinho lá atrás e conseguiu um pontinho.
Ao Sporting cabia-lhe a missão de pegar no jogo, mas durante a primeira parte nunca o conseguiu fazer de maneira eficaz e apresentou um futebol atabalhoado e com percas de bola principalmente por parte do Ronny que não comprometeram mais porque como já disse o trio atacante do Aves era macio e a serenidade do Polga e Caneira ia dando para as despesas mas ainda assustaram. O meio campo não foi capaz de produzir uma jogada com princípio, meio e fim e a dupla atacante do Sporting nunca foi servida em condições.
Chegou o intervalo deste "filme de terror", e durante os 15 minutos para combater o frio que se fazia sentir em Alvalade dei por mim a pensar nas palavras do Peseiro durante a semana e meditava para mim próprio afinal ele até tem uma ponta de razão... mas qualquer equipa apresentaria um futebol melhor do que este apresentado durante a primeira parte. O Paulo Bento vai dar uma descasca no balneário faz uma ou duas substituições e isto muda para melhor, porque pior era impossível. Mas depressa me desenganei porque observava o aquecimento dos suplentes que eram potenciais candidatos às substituições e estavam numa amena troca de bola, tipo brinca na areia.
Começou a segunda parte e lá regressou o mesmo onze, continuei de coração apertado porque ainda lá vinham o Ronny e o Custódio, o castigo do Tonel fez recuar o Veloso e só por isto se percebe como o Tonel é importante nesta equipa, além de que quando está em campo apresenta um segurança e confiança de um bom central, ninguém diria isto há dois anos atrás, e permite o avanço no terreno do Veloso. Bom adiante e voltemos ao jogo.
Apesar de ter entrado com o mesmo onze, o Sporting entrou com outra disposição, não o disse antes mas nos dez minutos finais da primeira parte o Sporting melhorou um pouco e na segunda parte melhorou ainda mais. Já foi capaz de apresentar um futebol mais bonito, à lá Peseiro, mais pressionante que fez com que o Aves definitivamente se remetesse à defesa do resultado abdicando de atacar... mas as oportunidades iam escasseando. Ficou-me na retina por volta dos 6 minutos um bom cabeceamento do El Loco, corre que se farta este homem mas apresenta um futebol um bocado trapalhão, e um minuto antes um remate do Nani de fora a área que causou algum frisson. As bancadas animavam-se e puxava-se pela equipa, e a equipa finalmente ia correspondendo. Pelo menos já não se perdiam bolas infantilmente já conseguiam trocar a bola e o Aves não conseguia sair com tanta facilidade para o contra-ataque.
Aos 60 minutos o Paulo Bento lá achou que apesar de já estarmos a jogar melhor assim não íamos lá. Parece que acordou para a vida, e tirou o Ronny. O Ronny, caramba não é nenhum Roberto Carlos, apesar de ter um remate forte parece muito ingénuo a jogar. A um lateral, pede-se que suba pelo seu corredor sem descurar as costas mas falta-lhe velocidade, depois complica aquilo que parece fácil e perdeu bolas infantilmente. Não me esqueço do recital de mau futebol que ele deu contra o Spartak de Moscovo e hoje repetiu a dose. Posso concluir volta Tello, ou então que se coloque o Caneira na Esquerda e o Abel na direita ou até o Miguel Garcia.
Respirou-se de alívio com a alteração e entrou em campo o Farnerud e uma nova disposição táctica. Com três defesas, o Yannick descaiu para a esquerda que até aqui foi outro que pouco se viu o Nani abriu mais na direita com o Farnerud o Moutinho logo à frente do Custódio no miolo. O Sporting continuava a dominar sem criar grande perigo, apertava cada vez mais o Aves como prova disso temos numerosos pontapés de cantos que foram marcados pelo Sporting. Num desses cantos a bola acabou por entrar mas o levezinho estava acampado no fora de jogo. Logo de seguida entrou o Carlos Martins para o lugar do Custódio, mais uma vez se respirou de alívio. O Custódio é um capitão mal amado, se no posicionamento defensivo até se safa bem e ganha muitas bolas de cabeça no meio campo, quando tem que construir jogo... é para esquecer, muito gosta ele de jogar para o lado e para trás. Recuou o Moutinho, que joga sempre em alta rotação, o Carlos Martins posicionou-se ao lado do Farnerud mas estes dois não se entenderam lá muito bem e pareceu-me que apareciam muitas vezes na mesma zona. Até ao fim do jogo ainda saiu o El Louco e as bancadas não gostaram. Não gostaram porque ainda está na memória os golos recentes que marcou e porque durante o jogo correu que se fartou e dava muita luta a quem lhe aparecia pela frente. Entrou para o seu lugar Alecsandro que nada fez para agarrar o lugar. O Sporting continuou a pressionar e a trocar a bola mas sem criar grandes oportunidades, mas o Farnerud ainda esteve perto do golo mas o Nuno defendeu e o Liedson chegou atrasado a um bom remate cruzamento do Carlos Martins.
Se a primeira parte foi um filme digno dos Razzies, já a segunda parte foi um filme da categoria B sem categoria para as nomeações dos Oscares que são já este domingo.
Não fiz referencia ao golo anulado na 1ª parte, a mim no estádio pareceu-me legal (pelo menos convinha-me que fosse).
Quanto ao Aves e em jeito de resumo, já o disse que na primeira parte ainda de pôs em bicos de pés e na segunda parte limitou-se a defender e bem. Uma palavra de apreço para o Sérgio Nunes que ainda lá anda e para o Nuno que também esteve bem na baliza... quanto aos outros tenho alguma dificuldade em fazer uma avaliação concreta porque à maioria não os conheço e no estádio não foi feita a apresentação das equipas pelo sistema sonoro só nos ecrãs gigantes não consegui ver toda.
Uma palavra final para a claque do Aves. Eram algumas dezenas e barulhentos, não muitos mas mais do que outros clubes maiores trouxeram a Alvalade, e nunca pensei que a uma sexta-feira gelada viesse tanta gente lá de cima para ver o jogo. Digo isto porque há outros clubes supostamente maiores que não arrastam tanta gente e não estão em último lugar.