quinta-feira, 8 de março de 2007

Colonista Convidado Residente, por JMMA

Desaconteceu cada uma

Esta semana pode não ter acontecido muita coisa, mas ‘desaconteceu’ cada uma!

Depois de ter feito manchetes e agitado os meios económicos e políticos durante um ano, desaconteceu a OPA da Sonae sobre a PT. Face à não ‘desblindagem’ dos estatutos pelos accionistas da empresa ‘opada’, de repente, ficou tudo em águas de bacalhau. E o que prometia ser um encontro mata-mata decidido por penaltes após prolongamento, afinal acabou por se traduzir numa eliminação por ‘golo dourado’, marcado logo nos primeiros minutos de jogo. Isto é um destino nacional, até as OPA passam ao lado.

Mas o desacontecimento futebolístico da semana foi sem dúvida o de Stamford Bridge, onde o gabarito do Chelsea fez desacontecer a permanência do FC Porto na Champions. O sonho, que chegou a parecer possível, foi ‘Robbado’ aos portistas por um peru descarado, que bateu asas à frente do nariz de Helton e voou a meia altura para dentro da baliza. A p… da bola é assim, às vezes até parece a burra Euribor. «Esta equipa podia e devia ter passado a eliminatória. O FC Porto acabou por não ser feliz», vincou Jesualdo Ferreira. Não diria tanto. Enquanto o FCP (honra lhe seja feita) apostou tudo o que tinha e não tinha, o Chelsea apenas pôs em campo o necessário. Sorte? Já se sabe, quase sempre a sorte protege os melhores. Estou com o Vítor: «foram os ovos que fizeram a diferença». Também acho que o Porto sai da Champions com honra… O que não é pouco.

Ainda a propósito de Stamford Bridge. Manifestamente, desaconteceu inteligência quando os jornalistas, para acirrar as emoções patetoides antes do jogo, fizeram das declarações normais e lógicas dos treinadores uma espécie de rivalidade infantil do género ‘a tua pressão é maior que a minha’. Às tantas até parecia que ter Essien, Ashley Cole, Robben, Ballack, Lampard, Shevchenko, Drogba, etc. era uma desvantagem para o treinador; obriga-o a ganhar, logo, causa-lhe uma grande pressão. Conclusão: ser treinador do Aves é que é bom, pode-se até descer de divisão que não há pressão.

Entretanto, no Domingo, em Leiria, já havia desacontecido também uma porção de coisas extraordinárias. Desaconteceu campeonato dado que, tendo consentido o empate (quinto em seis jogos) muito provavelmente os Leões deixaram de poder intrometer-se directamente na questão do título. Desaconteceu a possibilidade de Liedson alinhar nas Antas, o que mostra (como disse o Luís) que, de facto, «o Liedson às vezes resolve mas ao contrário». Desaconteceu também lucidez na polémica levantada pelo Sporting em torno da punição do jogador, um hábito que se repete quando os resultados desiludem. Face ao que aconteceu ao Quaresma e ao Derlei, o que é que queriam? Aliás, faz-me particular impressão o facto deste presidente só reagir quando se afunda na tabela. Fora isso, e não obstante a bagunça que vai por aí com «apitos dourados» e companhia, Alvalade não vê tais escaramuças como dignas de seus cuidados.

Pior que tudo, porém, foi o que desaconteceu no FCP-Sp. Braga. Mínimos de Educação e Respeito desaconteceram vergonhosamente quando a claque dos super dragões tentou boicotar com hinos insultuosos e as obscenidades do costume, o minuto de silêncio em memória de Bento. Energúmenos destes, azuis, encarnados ou cor de burro quando foge, não fazem falta ao futebol, nem a coisa nenhuma.

Enfim, desaconteceu também – já se sabe – a qualidade do futebol nas vitórias magras do FCP sobre o Braga, e do SLB com o Aves, mas nem isso agora já vem ao caso, nem há espaço para mais. Por aqui me fico.

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