quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Colunista convidado, por JMMA


MUDÁSTI!


Ontem, Scolari, nervoso, voltou a dar um ar da sua graça. Desta feita quem pagou foram os jornalistas. Criticou-os, resmungou e saiu da sala. Ao vivo e a cores, nas televisões, como na cena do tabefe ao sérvio. Mas o mundo não pára. A seguir às imagens, mil vezes repetidas, do destempero de Scolari, as notícias avançavam: a alemã Yvonne Buschbaum anunciou que vai deixar o atletismo e submeter-se a um tratamento para mudar de sexo.

A pensar de novo em Scolari, o cão de Pavlov que vive em mim reagiu assim: a favor do seleccionador; contra esses «gajos que se dizem jornalistas» (como diz o Vítor). A exibição foi vulgar, o final foi sofrido, mas para a história fica o mais importante: o apuramento para a quarta presença consecutiva no Europeu. Porém, há uns poréns.

Nas campanhas anteriores apreciei bastante que Scolari tivesse sido capaz de fazer da nossa selecção um exército permanente. Admirei a firmeza das suas posições. Gostei da maneira como soube medir os riscos de uma liderança forte e corrê-los sem subterfúgios. No Pró-Euro 2008, a sensação que tenho é que as coisas descambaram para a trapalhice. Em vez de exército permanente, voltámos a ter uma colecção «ad hoc» de vedetas reunidas sazonalmente, como antes se fazia. E foi o que se viu: exibições vulgares; máquina de calcular na mão, credo na boca; e um seleccionador, uma equipa, um país: tudo à beira de um ataque de nervos. Até no Dragão era notório o estado de enervamento (honra lhe seja feita), conquanto a selecção (entre actuais e ex) fosse quase toda do Porto, apenas Baía de fora. Será que o homem que desafiava crocodilos sucumbiu a uma raia?

Valha-nos nossa senhora do Caravágio! - lá ganhámos o empate.

Não, nem sempre está tudo bem quando acaba bem, pensei eu. Não há dúvida que o gaúcho tem mesmo escrito «arrogância» no corpo todo. Vai daí mudei. Os «gajos que se dizem jornalistas» (por mais cretinos que sejam) têm o inalienável direito de azucrinar os ouvidos a um trapalhão (por mais seleccionador que seja).

Se eu mudei de opinião; se Ivonne Buschbaum, medalha de bronze do salto à vara, vai mudar de vara. Haja esperança, talvez um dia o sargentão possa assumir-se com um pouco mais de humildade. Ficava-lhe bem, eu acho.

2 comentários:

  1. O JMMA antecipou-se. Ía falar deste caso, mas depois da sua crónica, já não tenho grande coisa a dizer.

    Sim senhor, louvo a sua mudança. O sargentão parece um flor de estufa. Isto é, ninguém lhe pode dizer nada, que o menino fica logo amuado.

    É caso para dizer: Uma varada bem dada nas costas do burro era pouco para a casmurrice do animal!

    PS: Só não percebi: "conquanto a selecção (entre actuais e ex) fosse quase toda do Porto, apenas Baía de fora". Alguma critica ou algum receio?

    Forte Abraço.

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  2. Receio nenhum. Apenas uma forma de enfatizar o mar de nervos que ia naquele Dragão. Se foi assim com tantos ídolos da casa, o que teria sido com uma equipa constituída mais à base da concorência...

    Crítica? Não. Apenas reflexão. Se a equipa que entrou no Dragão não foi feita para «engraxar» o público (não afirmo nem desminto), temos pelo menos de reconhecer que o tempo das convocatórias de combate (Bruno Vale, p.e.), esse já lá vai. Se bem ou mal, não digo, apenas concluo: MUDÁSTI!

    Bom fim-de-semana mas...
    Viva o Setúbal!

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