segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Colunista convidado, por JMMA


CÁ PRA MIM O FUTSAL…


Tenho de confessar que o futsal não me entusiasma. Acho-o até um jogo um pouco absurdo: dir-se-ia que é uma espécie andebol jogado com os pés. Além do mais, o recinto parece-me sempre demasiado pequeno para o que está a acontecer: não consigo ver as jogadas, apenas vislumbro impulsos e movimentos bruscos. Chamar futebol àquilo é tão estranho como seria designar as danças de salão por kikboxing. Evidentemente, nada impede que chamemos Xutos & Pontapés a um quinteto de violinos, só que não bate a bota com a perdigota.

Semelhanças entre futebol e futsal, se as há, não são parentesco: são coincidências. Podia pensar-se que a diferença entre as duas modalidades é apenas numeral (cinco em vez de onze); mas não, tenho para mim que é mesmo de ordem essencial. Por mais idênticos que sejam os megawatts de som em palco, nunca a banda filarmónica da Amareleja se confundirá com os U2, nem o Bono com qualquer vocalista do Trio Odemira.

Outra coisa que me intriga sobremaneira no futsal é o aspecto das bancadas. Os espectadores quietinhos, arrumadinhos, expectantes, mais parecem entretidos na quietude de uma plateia de teatro. Tão longe das massas frenéticas e dos castiços que conferem colorido aos estádios! Mas se algum entusiasmo observo nas bancadas, ainda assim isso me parece estranho. Tão estranho quanto seria alguém poder embriagar-se com vodka, apenas bebendo sumol por uma garrafa Smirnoff,

Não que não tenha acompanhado com simpatia a performance da equipa portuguesa no Europeu da modalidade, mas nem assim me tornei fã. Talvez que o futsal seja um exercício intimista que a minha sensibilidade ainda não conseguiu captar. Mas cá para mim, aquilo que eu acho mesmo sobre o futsal é que esta modalidade é como fazer amor: não é para ver, nem para comentar: é para praticar. Assim entendido, também como no amor: não tenho nada contra.

1 comentário:

  1. É verdade sim senhor. Há ali qualquer coisa estranha.

    Quando vejo futsal, não tenho a sensação do perigo das jogadas.

    Jogadas que me parecem perigosas, nunca dão golo, e aquelas que estão longe de dar golo na minha cabeça... acabam por sê-lo.

    Estranha modalidade esta, que tanto se pode estar a ganhar por 5-0 ao intervalo, como sair a perder por 5-7 no final da partida.

    por isso, prefiro apenas ver os últimos 2 minutos.

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