quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Toques de Cabeça

VACA FRIA
Por JMMA


Antes do jogo com a Dinamarca (estava eu de férias) o país discutiu se devia aceitar Liedson na Selecção Nacional. Além de alusões a “virgens ofendidas no seu orgulho pátrio” (como se chamar mariquinhas aos outros marcasse pontos na discussão), vi esgrimir basicamente dois tipos de argumentos:

Argumentos do tipo porque torna e porque deixa: porque já com Deco tinha sucedido a mesma coisa e passou; e porque outros países fazem o mesmo.

E argumentos do tipo terminados em ’ico’: demagógico, épico, poético e até patético.

Argumento demagógico: Sim, porque também Nelson Évora e Obikuelu são naturalizados e ninguém faz ondas. Como se, em Portugal, estivéssemos habituados a ver fazer ondas quanto ao quer que seja que se passe nas outras modalidades que não o futebol.

Argumento épico: Sim, porque houve um tempo em que os portugueses se espalharam pelo Mundo e portanto, agora que o mundo quer espalhar-se pelo nosso país, só temos é que ser amáveis.

Argumento poético: Sim, porque se o país tem essa mistura de gente não há razão para a nossa Selecção ser imaculada.

E argumento patético: Sim, se a Nação em festa seguiu Scolari durante anos é ridículo que se arme em pura quando chega a vez dos jogadores.

Reconheço que a questão perdeu interesse a partir do momento em que Liedson, com aquele golo precioso contra a Dinamarca, conseguiu o milagre de manter a Selecção com o nariz fora de água, quando já estávamos todos a ver o navio a afundar-se a pique. Mas nem isso me fez mudar de opinião, e portanto volto à vaca fria. Já agora, não quero que dê azar.

Não acho que a Selecção tenha de ser uma espécie de cozido à portuguesa, obrigatoriamente com batatas da Beira Baixa, enchidos do Alentejo e couves do Alto Douro. E sei que ‘naturalizar’ (qualquer dicionário o confirma) é dar a um estrangeiro os mesmos direitos de que gozam os nacionais. Foi, aliás, nessa linha que o inefável Secretário de Estado do Desporto, às tantas julgou arrumar o assunto, também ele puxando dum argumento do tipo terminados em ‘ico’ (ou não fora ele um político). Em voz de decreto: “se o Liedson pode votar nas eleições por que razão não haveria de jogar na selecção!”

Como eu o compreendo. Só que a questão não é essa. Uma coisa é um atleta naturalizado ser chamado à Selecção. (Que isso é legal ninguém duvida, acho eu.) Outra coisa bem diferente é um atleta naturalizar-se porque faz falta à Selecção; aí é que já tenho muitas dúvidas. Mas, enfim, não há colestrol bom? Pode ser que o senhor secretário de Estado ache que também há batota boa.

2 comentários:

  1. O próximo é o Hulk!

    No entanto, falta um argumento a todos aqueles que o JMMA referiu:

    Eu acho que Portugal pretende, com as naturalizações, entrar directamente no Mundial de 2014. Isto porque, como toda a gente sabe, o mundial de 2014 é no Brasil. Ora, se tivermos mais do que 50% de jogadores Brasileiros, temos entrada directa e evitamos de andar a fazer contas com Hungrias e Maltas!

    E afinal de contas os Brasileiros são cá da Malta. Ou não...

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  2. isto so acontece porque quem disse um dia que o benfica seria espinha dorsal da selecçao nao cumpriu..palavras para que?BEM VINDO LIEDSON

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