Música no Coração, Pornografia na Bola
Um dia destes vi, pela enésima vez, o filme Música no Coração… Mas prefiro falar-vos de pornografia. O filme Música no Coração é bom, gostei muito, mas o porno-enredo é melhor.
Já se sabe: fim de ano que se preze inclui a passagem do filme Música no Coração na televisão. Enquanto novos e velhos se debatiam com filhós, presentes e bolo-rei, lá estava, como de costume, a Julie Andrews no écran a cantar estridentemente: The hills are alive with the sound of music.
Eu sei que o filme não é nenhuma obra-prima. Na verdade, é uma espécie de Floribella dos anos 30. Mas é já um clássico e, de facto, tem muito encanto. Não me lembro ao certo, mas devia ter sido dos primeiros filmes que vi quando comecei a ir ao cinema, e ainda me enternece vê-lo. Não sei o que é mais comovente: se a preceptora Maria (Julie Andrews) a entoar o Do-Re-Mi, ou se o capitão Von Trapp a cantar Edelwiss. Mas isso também não interessa, a questão aqui é mesmo o filme. Tantas vezes já visto, e, mesmo assim, não deixa de me inspirar surpreendentes associações. Até pornográficas!...
Desfilava, pois, no écran a Música no Coração, e como se estivesse no fundo dum sonho - talvez por estarmos numa época de balanços… vida velha, vida nova, etcétera e tal -, eis que vejo a história povoar-se de cenas e figurões bem conhecidos do tal famoso «sistema». Gente verosímil com atitudes e comportamentos inverosímeis. Histórias que estamos fartos de saber: rebentam e alastram para lá do admissível e, por fim, tudo se esbate com a naturalidade de uma canção de embalar. Exactamente como na Música no Coração. Querem maior pornografia?
Pois sim. O capitão Von Trapp (uma espécie de Madaíl) é, agora, pai de sete putos reguilas que ninguém consegue por na ordem. À frente do bando de batoteiros estão dois trastes do piorio que passam o tempo a ameaçar «Quantos são, quantos são…», «Bobi, Tareco!». Curiosamente, até o palácio, muito aristocrático, onde habitam, é uma espécie de FPF: por fora uma perfeita harmonia, por dentro uma total confusão. Às tantas, ao som encantador de ‘Climb Ev’ry Mountain’, eis que surge em cena a Madre Superiora do convento de Salzburgo. Decidida a por ordem na casa (tal como a procuradora Morgado) a Madre Superiora, lança mão aos dotes duma freira ‘sui generis’. Entra em acção a preceptora Maria, uma religiosa refractária às normas de conduta do convento. Uma espécie de Carolina, estão a ver?
Bom, a partir de certa altura, não posso precisar o que é que aconteceu. Ou fosse por causa de alguma taça supranumerária de verdelho, ou fosse por causa do ‘calor da noite’ – perdi o fio à meada. Quando acordei já o porno-enredo estava a chegar ao fim, e só nas breves imagens finais pude perceber o desfecho. A preceptora Maria Carolina, que afinal se revelara uma doce criatura, rapidamente se afeiçoou às crianças, quer dizer, aos trastes. Madail Von Trapp aliara-se a Carolina (perdão, Maria), que roeu a corda à Madre Superiora Morgado. E tudo termina, afinal, com o pessoal todo aos saltinhos nas esplêndidas e verdejantes montanhas dos Alpes cantando alegremente: ‘Bye, bye Justiça, Justiça bye, bye’. Como convém numa fita pornográfica!
Aceito que a tal taça supranumerária de verdelho, e aqueles curtos instantes em que porventura terei passado pelas brasas, me possam ter baralhado as ideias. Mas este final - parece-me -, constitui matéria para alguma reflexão. Não acham?
Um dia destes vi, pela enésima vez, o filme Música no Coração… Mas prefiro falar-vos de pornografia. O filme Música no Coração é bom, gostei muito, mas o porno-enredo é melhor.
Já se sabe: fim de ano que se preze inclui a passagem do filme Música no Coração na televisão. Enquanto novos e velhos se debatiam com filhós, presentes e bolo-rei, lá estava, como de costume, a Julie Andrews no écran a cantar estridentemente: The hills are alive with the sound of music.
Eu sei que o filme não é nenhuma obra-prima. Na verdade, é uma espécie de Floribella dos anos 30. Mas é já um clássico e, de facto, tem muito encanto. Não me lembro ao certo, mas devia ter sido dos primeiros filmes que vi quando comecei a ir ao cinema, e ainda me enternece vê-lo. Não sei o que é mais comovente: se a preceptora Maria (Julie Andrews) a entoar o Do-Re-Mi, ou se o capitão Von Trapp a cantar Edelwiss. Mas isso também não interessa, a questão aqui é mesmo o filme. Tantas vezes já visto, e, mesmo assim, não deixa de me inspirar surpreendentes associações. Até pornográficas!...
Desfilava, pois, no écran a Música no Coração, e como se estivesse no fundo dum sonho - talvez por estarmos numa época de balanços… vida velha, vida nova, etcétera e tal -, eis que vejo a história povoar-se de cenas e figurões bem conhecidos do tal famoso «sistema». Gente verosímil com atitudes e comportamentos inverosímeis. Histórias que estamos fartos de saber: rebentam e alastram para lá do admissível e, por fim, tudo se esbate com a naturalidade de uma canção de embalar. Exactamente como na Música no Coração. Querem maior pornografia?
Pois sim. O capitão Von Trapp (uma espécie de Madaíl) é, agora, pai de sete putos reguilas que ninguém consegue por na ordem. À frente do bando de batoteiros estão dois trastes do piorio que passam o tempo a ameaçar «Quantos são, quantos são…», «Bobi, Tareco!». Curiosamente, até o palácio, muito aristocrático, onde habitam, é uma espécie de FPF: por fora uma perfeita harmonia, por dentro uma total confusão. Às tantas, ao som encantador de ‘Climb Ev’ry Mountain’, eis que surge em cena a Madre Superiora do convento de Salzburgo. Decidida a por ordem na casa (tal como a procuradora Morgado) a Madre Superiora, lança mão aos dotes duma freira ‘sui generis’. Entra em acção a preceptora Maria, uma religiosa refractária às normas de conduta do convento. Uma espécie de Carolina, estão a ver?
Bom, a partir de certa altura, não posso precisar o que é que aconteceu. Ou fosse por causa de alguma taça supranumerária de verdelho, ou fosse por causa do ‘calor da noite’ – perdi o fio à meada. Quando acordei já o porno-enredo estava a chegar ao fim, e só nas breves imagens finais pude perceber o desfecho. A preceptora Maria Carolina, que afinal se revelara uma doce criatura, rapidamente se afeiçoou às crianças, quer dizer, aos trastes. Madail Von Trapp aliara-se a Carolina (perdão, Maria), que roeu a corda à Madre Superiora Morgado. E tudo termina, afinal, com o pessoal todo aos saltinhos nas esplêndidas e verdejantes montanhas dos Alpes cantando alegremente: ‘Bye, bye Justiça, Justiça bye, bye’. Como convém numa fita pornográfica!
Aceito que a tal taça supranumerária de verdelho, e aqueles curtos instantes em que porventura terei passado pelas brasas, me possam ter baralhado as ideias. Mas este final - parece-me -, constitui matéria para alguma reflexão. Não acham?
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