quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Colunista Convidado Residente, por JMMA

A LIGA E A MERETRIZ

Erra quem pense que a ‘liga’ é a tal peça gulosa, justa à perna, para além da qual já só existe a tanguinha. Ainda assim, neste caso, é algo que para lá das maravilhas da fachada sugere uma ‘ganda’ tanga. A meretriz ver-se-á quem é.

O caso tem a ver com a propalada sessão de balanço de cem dias na presidência da ‘liga’. Definitivamente, no nosso futebol, a palavra seriedade não se coaduna com a palavra dirigente.

A abrir, a notícia (DN) avança logo que o homem dos «100 dias» é um habilidoso: «com a habilidade ganha nos corredores da Assembleia da República», Loureiro «não se compromete muito». Mas deixa «pistas e avisos» …

Muito bem: «pistas e avisos» para quem? Não para ele, evidentemente. «Pistas e avisos» para os outros, que só têm que lhe estar gratos pelo alcance de tão clarividentes observações. Uma luz de inteligência a guiar os asnos (nós) no caminho da lucidez. Veja-se bem: (1) As finanças do futebol vão mal? Olha que espanto, «estão como as do País». (2) Problemas no futebol? A culpa é das «ameaças externas»: «Apito Dourado», «caso Mateus», «suspeitas», isso é tudo malandrices do exterior.

Ainda mais extraordinário: Depois dos 100 dias, «já se nota um novo ciclo no futebol profissional.» Desculpem-me, mas a esta não resisto. Vou repetir para que não haja dúvidas. Exactamente, diz Loureiro: «Já se nota um novo ciclo...»

Apenas uma dúvida: será que o homem dos «100 dias» … ‘nota um novo ciclo’ ou vê um ‘novo ciclo de notas’? Talvez a minha dúvida seja estúpida, mas olhando, por exemplo, à passada jornada – «novo ciclo» no futebol… bom, só se for para pior. Exceptuando o Benfica, que depois de fazer pela vida no Dubai teve que suar as estopinhas em Coimbra, o resto mais valia ter continuado de férias: jogos péssimos, competitividade nula, assistências miseráveis, nalguns casos até com menos espectadores do que gente nos velórios (Leiria 800 pessoas, Boavista 1 500, Nacional 2 200, etc.) Para não falar já do saneamento moral que o tal dos «100 dias» chuta descaradamente para canto com essa das «causas externas».

Enfim! Para encurtar a história vamos à cerejinha em cima do bolo. «Sim, mantenho-me em funções no Parlamento», diz Clone Loureiro. Queria ser presidente em exclusividade, mas a função não é remunerada…

Meus amigos: vou já escrever uma carta para a ‘liga’. Quero, quanto antes, tranquilizar o presidente-deputado que em minha casa terá sempre um pratinho de sopa quente e um copinho de leite à disposição. Poucochino mas é dado de boa vontade. À fome pelo menos não há-de ele morrer. E sempre ficará um bocado mais reconfortado para poder continuar a ocupar o lugar mais privilegiado do controlo do nosso futebol. Sem descurar a pátria…

Juro e assino por baixo que tudo isto veio no jornal e que tudo foi dito, por Clone Loureiro, sem sequer um vestígio de sorriso nos lábios.

Se querem entender como é que isto se liga com «a liga e a meretriz», liguem-me que eu explico.

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