quinta-feira, 28 de julho de 2005

Colunista Convidado, por Fernando Campos


SAUDADE

Os meus grandes amigos honraram-me ao dar-me a oportunidade de ser um colunista convidado deste espaço que, na sua ainda curta vida, segue firme e decidido pelo difícil caminho da qualidade.

Serei, seguramente, de entre os leitores deste blog, dos que menos percebem desta arte que é o futebol. Recordo, contudo, com grande saudade, os tempos cada vez mais longínquos em que as deslocações ao velhinho Estádio do Restelo eram uma constante entre um pai e o seu filho.

Eram tempos fantásticos. Talvez na época o Belenenses já não gravitasse entre os grandes. Talvez faltasse, até, algum brilhantismo técnico aos seus jogadores. Mas isso não importava. Aqueles homens eram, para mim, de ferro..... Eram enormes... Sobrinho, Mladenov, Mapuata, o saudoso José António.... Estes nomes ficaram-me na memória. Que me perdoem os tantos outros que, com a sua raça, também contribuíam para a força de belém, mas são estes que consigo recordar sem recurso a exercícios de memória.

Eram tempos fantásticos. Eu tinha sorte. O meu pai tinha lugar cativo e eu, dada a tenra idade, podia acompanhá-lo, uma vez que também era sócio. Era um lugar de convívio entre amigos, de salutar convívio. Lembro-me de ouvir muitos insultos a jogadores e árbitros. Na verdade, enriqueci muito os meus conhecimentos de calão naquele local. Confesso que também sussurrei alguns, porque a mais não me atrevia, dado o risco de apanhar uma valente palmada.

Tenho saudades. Não havia metade das polémicas de hoje. Os lances duvidosos eram comentados, sim senhor. Os favorecimentos dos árbitros a esta ou aquela equipa eram criticados, pois eram. Não sei se havia corrupção. Talvez houvesse. Mas isso não me interessa. Não são essas as recordações que tenho. Hoje não me consigo lembrar de nenhum lance duvidoso, de nenhum penalty por marcar, de nenhuma expulsão injusta. Lembro-me, porém, de alguns golos fabulosos, de algumas jogadas brilhantes e lembro-me, principalmente, dos aplausos com que os adeptos sempre presenteavam os jogadores no final de cada jogo, independentemente do resultado.

É assim que recordo o futebol. É assim que imagino o futebol.

Um abraço a todos.

Fernando Campos

3 comentários:

  1. Belo texto.
    O Bicancas tem tido sorte com os colunistas...

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  2. Eu lembro-me das tardes de Domingo no campo do já extinto Riopele, com laranjada e tremoços.

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  3. Amigo mário, retribuo o elogio, dada a elevada qualidade do "Metodologias de treino". Proponho o alargamento dos artigos do blog a outras equipas, cuja qualidade e/ou tradição justifique a sua inclusão neste prestigiado recanto da web. Fica a sugestão...
    Abraços.

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