sexta-feira, 4 de abril de 2008

Colunista Convidado, por JMMA


ROBERT DA COSTA MUGABE

O pior dos ditadores é o que nunca faz eleições.
O melhor dirigente desportivo é aquele que nunca perde o campeonato.

O segundo pior ditador é o que faz eleições e as trapaceia.
Melhor ainda do que o melhor dirigente é aquele que bem trafulha para mais vencer.

O terceiro pior ditador faz eleições e perde-as.
O dirigente que trafulha nem precisa.

Parece que Mugabe era desses, um ingénuo que se deixa surpreender pelo povo, nas urnas. Parece que no futebol português prosperam sob várias cores dirigentes desses, intrujas a quem as massas prometem venerar até à urna.

O que aconteceu esta semana no Zimbabwe deu razão aos ditadores precavidos: nada como uma eleição para o povo se armar em vivo. Muito do que se viu esta semana (inclusive neste blogue) a propósito das graves acusações levantadas ao FC Porto e seu emérito presidente deu razão aos endróminas: nada como uma vitória para o povo promover o diabo ao Olimpo.

No Zimbabwe os zimbabwianos mostraram uma ousadia tremenda. Agora, graças à ambição revelada, tão cedo nenhum ditador prudente cairá na mesma esparrela. Por cá, as massas clubo-dependentes mostraram mais uma vez o seu irredutível pendor para a palhaçada. Graças à desculpabilização do golpismo, doravante, defraudar o jogo faz parte das regras do jogo. Um pequeno passo para o FCP, um salto gigantesco para a Humanidade.

O povo é assim: libertam-lhe a mão para ele pôr um voto e ele aproveita para banir o ditador. O pobre do Mugabe deve estar arrependido. E chamam-lhe pretos. No futebol português é assim, por esta ordem: nega-se a burla, relativiza-se a falta, desacredita-se a prova, enxovalha-se a juíza, enaltece-se a obra e, por fim, entroniza-se o ídolo. Chama-se ‘massa adepta’.

Desculpem os meus amigos: não importa a cor com que se disfarcem, não me revejo nestes valores.

Talvez Mugabe voltasse a permitir eleições. Talvez. Mas com certeza revelava os resultados uma semana antes, para prevenir as fraudes. Quanto aos nossos venerados reis da muscambilha, bem que podem continuar à vontade na senda do ‘tetra’, do ‘penta’, do ‘hexa’, do ‘hepta’, do ‘octo’, and so on and so on. Por mim, só um pequeno pedido: revelem-nos a classificação logo no início de cada campeonato. Para evitar desconfianças malévolas destes vossos anjinhos ressaibiados.

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