sábado, 12 de abril de 2008

Colunista convidado, por JMMA

FUTEBOLÊS DE GEMA

MusicoMais uma jornada, mais uma volt a no carrossel bween da confusão, da embriaguez emocional e do charlatanismo. Coloquemos de parte para efeitos desta crónica e pelo respeito devido aos atletas vencedores, o dia em que o campeonato desfraldou no Porto as suas pompas. Mesmo assim sobra-nos para contar.

Poderíamos falar aqui do portista Pinto que, horas antes do seu clube se sagrar campeão, desmereceu a vitória e os atletas que a conquistaram, por via de um discurso de ódio e chantagem emocional proferido contra aqueles que não se deixam deslumbrar com o brilho da sua aura (eu, por exemplo), e que diz desprezar «como vermes». Pela parte que me toca, «Passe bem, senhor Pinto!»

Poderíamos falar aqui do benfiquista Vieira, dirigente propenso à rábula, que no fim de um jogo que (injustamente) não conseguiu ganhar, põe a boca no trombone em apelos patéticos «Ó da guarda!», fazendo lembrar o lingrinhas, isolado frente ao gigante, gritando «larguem-me que eu bato-lhe!»

Poderíamos falar aqui do ex vimarenense Pimenta que esta semana, à saída do Tribunal de Gondomar, disse que «o futebol português é uma mentira» (o que talvez seja verdade) e que o Apito Dourado não passa de um «apêndice». Recentemente condenado a pena de prisão, certamente fala do que sabe. Lá dentro, contudo, diz a crónica que «o seu testemunho em quase nada contribuiu para o apuramento da verdade». Porquê? Porque já não se lembrava.

Poderíamos falar aqui do silêncio ensurdecedor do chefe da Liga ou dos apelos idiotas do Madaíl à contenção verbal. Porque garante que as suspeitas denunciadas não têm fundamento? Porque promete abrir um processo sério de investigação? Não. Simplesmente, para que as denúncias propaladas «não provoquem grande agitação».

Senhor Madaíl, saiba uma coisa: nunca há desculpa em ser-se mau, mas há algum mérito em saber sê-lo. Essa honra temos que a prestar ao portista Pinto. Agora, o mais irreparável dos vícios consiste em fazer o mal por estupidez ou pactuar com ele por incompetência.

De tudo isto poderíamos falar aqui, mas hoje não. No futebol português há jovens Neros que sufocam em limites demasiado estreitos, e de quem os tempos vindouros sempre hão-de ignorar o nome e a boa vontade. Falemos hoje de um deles, só para variar. Deixo-vos com:

EXTRACTOS DE UMA ENTREVISTA AO DIÁRIO DE NOTÍCIAS

(Sábado passado)

Não gosta de ser português, não gosta da cultura portuguesa, disse-o em entrevista à Antena 1, mas dirige um clube que se chama Nacional. Vai mudar-lhe o nome?
Não! Um dia, se a Madeira for independente, o Nacional representará um clube nacional da República Independente da Madeira. O Nacional não tem nada a ver com a portugalidade. Estamos a atingir os 600 anos do achamento da Madeira e é possível hoje falar de uma idiossincrasia do madeirense que é distinta da idiossincrasia do português continental.

Acha que há uma maneira diferente de ser e de sentir entre uns e outros?
Acho. Não tenho dúvidas que os portugueses não gostam dos madeirenses e os madeirenses não gostam dos portugueses. O resto é tudo uma treta.

Também não gosta da língua portuguesa, porquê?

Não me diga que não tem dificuldade em falar português? Os portugueses quando viajam pelo mundo têm necessidade de falar outras línguas para serem entendidos. Qualquer inglês e francês deve sentir-se bem mais confortável do que um português.

Este homem que assim responde não é de Cartum nem de Jacarta. Come semilha desde pequenino e chama-se Rui - de Rui Barros e de Rui Águas – e Alves - de Bruno Alves e João Alves. Este Rui Alves é um futebolês de gema e a prova é que gosta de dizer coisas.

1 comentário:

  1. Em jeito de brincadeira, como está o futebol português, quando a Madeira for independente naturalizo-me madeirense. Sempre será mais fácil, do que naturalizar-me espanhol.

    Agora mais a sério. Lamentável. Mais um "Senhor" do futebol português. Parece que são escolhidos a dedo. Irra!!!

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