BEM ME QUERIA PARECER…
Há dias num artigo de jornal deparei com algumas declarações curiosas dum destacado jornalista desportivo da nossa praça. Omito o nome até porque seria injusto isolar a árvore da floresta.
Diz o dito cujo: «O jornalismo desportivo tornou-se chato. O futebol é agora espectáculo em que as vedetas não são os jogadores e os golos, mas sim os dirigentes e os galhardetes que trocam antes dos jogos quentes. E são só esses que aparecem nos jornais».
Confesso que fiquei intrigado. Ora se quem faz os jornais são os jornalistas, por que razão não os fazem melhor? Pasme-se: Por medo!
Tal qual, ali escarrapachadinho preto no branco: «Por medo de perder a informação ou de sofrer represálias». Os vilões são os dirigentes, que são uns desbragados; os clubes, que decretam ´blackouts’, e os adeptos, que intimidam os jornalistas com apupos nas conferências de imprensa.
Admita-se (ainda que custe a aceitar) que sim - que num estado de direito vivendo felizmente em paz cívica -, sim, é natural o jornalista, que tem cu, ter medo. Mas se isto que declara o nosso avisado jornalista não é apenas uma provocação inter pares ou uma mera auto proclamação de impotência, então teremos de concluir que é um exercício (mais um) de hipocrisia e passa culpas.
De facto, não é preciso muito esforço para ver que a regra jornalística em relação ao futebol (e não só…) é a da «faca na Liga». Isto é, tudo aquilo que possa excitar a clubite, mesmo as situações mais inverosímeis, serve de matéria para disparatadas parangonas que adquirem claramente mais destaque informativo do que o Orçamento do Estado ou a corrida do Irão ao nuclear. Ainda por ocasião do último Porto - Benfica, a troca de mimos entre os dois presidentes foi, ao longo de uma semana, transformada em questão de elevado interesse nacional.
Em contrapartida, na quarta-feira seguinte (nem de propósito), no Estádio da Luz em torno da magnífica vitória sobre o Celtic de Glasgow (3–0), adeptos escoceses no meio das celebrações benfiquistas, aplaudiam as equipas com a alegria salutar de quem, mesmo na derrota, participa na festa.
Ora, que fazem os nossos notáveis jornalistas? A resposta é triste: em geral, ignoram.
Daí que o repetido discurso jornalístico (?) sobre o primado da verdade (a notícia é má porque a realidade é rasca) não passe de uma descarada desculpa para tranquilizar as boas consciências.
Enfim, se algum alarve de mau vinho armasse zaragata com os vizinhos de bancada, ou se no banco da equipa técnica algum tonto desatasse a debitar obscenidades em linguagem gestual, aí sim, teríamos de certeza uma semana de interminável roupa suja… Em nome da objectividade, claro.
Bem me queria parecer. Esta gente falta-lhe um parafuso.
Há dias num artigo de jornal deparei com algumas declarações curiosas dum destacado jornalista desportivo da nossa praça. Omito o nome até porque seria injusto isolar a árvore da floresta.
Diz o dito cujo: «O jornalismo desportivo tornou-se chato. O futebol é agora espectáculo em que as vedetas não são os jogadores e os golos, mas sim os dirigentes e os galhardetes que trocam antes dos jogos quentes. E são só esses que aparecem nos jornais».
Confesso que fiquei intrigado. Ora se quem faz os jornais são os jornalistas, por que razão não os fazem melhor? Pasme-se: Por medo!
Tal qual, ali escarrapachadinho preto no branco: «Por medo de perder a informação ou de sofrer represálias». Os vilões são os dirigentes, que são uns desbragados; os clubes, que decretam ´blackouts’, e os adeptos, que intimidam os jornalistas com apupos nas conferências de imprensa.
Admita-se (ainda que custe a aceitar) que sim - que num estado de direito vivendo felizmente em paz cívica -, sim, é natural o jornalista, que tem cu, ter medo. Mas se isto que declara o nosso avisado jornalista não é apenas uma provocação inter pares ou uma mera auto proclamação de impotência, então teremos de concluir que é um exercício (mais um) de hipocrisia e passa culpas.
De facto, não é preciso muito esforço para ver que a regra jornalística em relação ao futebol (e não só…) é a da «faca na Liga». Isto é, tudo aquilo que possa excitar a clubite, mesmo as situações mais inverosímeis, serve de matéria para disparatadas parangonas que adquirem claramente mais destaque informativo do que o Orçamento do Estado ou a corrida do Irão ao nuclear. Ainda por ocasião do último Porto - Benfica, a troca de mimos entre os dois presidentes foi, ao longo de uma semana, transformada em questão de elevado interesse nacional.
Em contrapartida, na quarta-feira seguinte (nem de propósito), no Estádio da Luz em torno da magnífica vitória sobre o Celtic de Glasgow (3–0), adeptos escoceses no meio das celebrações benfiquistas, aplaudiam as equipas com a alegria salutar de quem, mesmo na derrota, participa na festa.
Ora, que fazem os nossos notáveis jornalistas? A resposta é triste: em geral, ignoram.
Daí que o repetido discurso jornalístico (?) sobre o primado da verdade (a notícia é má porque a realidade é rasca) não passe de uma descarada desculpa para tranquilizar as boas consciências.
Enfim, se algum alarve de mau vinho armasse zaragata com os vizinhos de bancada, ou se no banco da equipa técnica algum tonto desatasse a debitar obscenidades em linguagem gestual, aí sim, teríamos de certeza uma semana de interminável roupa suja… Em nome da objectividade, claro.
Bem me queria parecer. Esta gente falta-lhe um parafuso.
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