terça-feira, 16 de maio de 2006

GOSTO DO SCOLARI, CONFESSO! (por JMMA)


Eu tenho um problema com Scolari. Sempre que dizem mal dele, apetece-me logo dizer bem. Pressões, jogos de bastidores, desconversas e críticas de conveniência por parte (e a favor) de alguns barões do nosso futebol puseram-me neste triste estado.

Não é a atitude mais inteligente de se ter, e eu tenho feito um esforço para ultrapassar o problema. Procuro esquecer-me da polémica estéril acerca da sua suposta saída para a selecção inglesa. Condenada desde logo por muitos daqueles que diziam não o querer cá!

Fechei os olhos e contei até vinte perante a denúncia de Blatter (Presidente da FIFA) sobre a existência de pressões exercidas «quer por políticos quer por empresários» para que Baía fosse chamado à selecção. Parece que agora o assunto já foi esquecido e ainda bem…

Ia caindo de espanto quando a banal expressão «dados técnicos e de balneário», utilizada acerca de determinadas não convocações, veio reacender guerras antigas, valendo ao técnico, campeão do mundo em título, o epíteto de «cobarde» (Pinto da Costa dixit). Como se todas as convocatórias não fossem feitas com base em «dados técnicos e de balneário»!

Fico perplexo quando ainda hoje vejo desdenhar dos resultados duma equipa que foram (só!) os melhores que Portugal jamais alcançou no seu historial: «Foi vice-campeão e nunca tinha sido. Foi campeão do apuramento para o Mundial e nunca tinha sido. Tem 12 ou 13 jogos sem perder…»

De facto, dizer bem do Scolari nesta altura não é a atitude mais ‘bloguisticamente’ correcta. É um pouco como meter a mão no saco com os gatos lá dentro. Estamos no início de um processo que nos vai conduzir à euforia ou à frustração. Brevemente, se soltarão todas as emoções para dizer bem (se euforia), para dizer mal (se frustração). Só que nessa altura – é como o Totobola à 2ª-Feira – já não tem graça.

Gosto do Scolari, confesso!

Gosto do Scolari, afinal, pelas mesmas razões que me levaram desde o início a apreciar o Adriaanse. Por ser teimoso e temerário, por não ter medo de falhar e se manter fiel às suas convicções apesar dos insultos e das manobras, e ainda por cima porque nos ameaça com o risco sério de nos levar longe. Alguém ousa descartar à partida essa hipótese?

E há um aspecto em que Scolari é simplesmente único no nosso País. Ninguém como ele para por os parvos dos jornalistas na linha. Nem políticos nem ninguém, só ele trata os jornalistas cretinos pelo nome próprio, isto é como merecem, isto é como cretinos!

Confesso que me causa alguma impressão ouvi-lo dizer em público «aqui quem manda sou eu»! Não entendo por que razão há-de um chefe puxar pelos galões e muito menos em público. Mas talvez este puzzle ainda não tenha as peças todas. Tal como o ouro, também em matéria de prepotência nem sempre o que parece é. Pluralismo sim, mas cuidado: os fogos não se discutem, apagam-se. E quando assisto à divulgação insidiosa de declarações de voto por parte de «sub» jogadores acerca de quem é o chefe, acho tudo isso jornalística e profissionalmente la-men-tá-vel.

Cá está, apetece-me logo apoiar Scolari.

Quanto à “lista dos 23”, acho que o maior elogio que se pode fazer a Scolari é dizer que não traz novidades. Compreendo as apreciações fundamentadas, feitas aqui no blog com ponderação e saber, nomeadamente por parte do nosso portista Vítor. Compreendo a apreensão e a expectativa que delas transparecem, como já transpareciam (sinal de honestidade de propósitos do autor) em relação a Adriaanse.

Mas uma coisa me parece óbvia: nos seus objectivos e na sua estratégia, Scolari não se limita a escolher jogadores, pretende fazer uma equipa. E uma equipa não se monta em duas semanas, nem se compra no bazar. É uma tarefa de anos, em que a consistência coaduna-se mal com a surpresa.

É também notório que para Scolari uma equipa é uma espécie de família, com cumplicidades e solidariedades que ultrapassam o limite das quatro linhas. O colectivo em detrimento das estrelas. O todo mais importante do que as partes.

É a selecção dele? Pudera, também era melhor que não fosse. Para isso mesmo é que lhe pagam.

Agora quanto ao «grande caso» para a comunicação social: a não convocação de Quaresma. Não sei se tecnicamente – com Figo, Ronaldo, Simão, Boa Morte – é assim tão grande o disparate. Mas confesso que teria muita dificuldade em escrever este apontamento se Quaresma tivesse sido convocado. Por pressão da comunicação social, não entenderia. Por decisão própria de última hora também não. E por coesão do «balneário» nem pensar por parte de alguém que, ainda há dias, numa boçal demonstração de mau ganhar insultava publicamente as mães dos rivais, alguns deles elementos desse mesmo balneário.

Finalmente, não sei o que se irá passara partir de hoje. Recordo-me, isso sim, do que se passou há dois anos. Scolari foi à televisão e fez uma proposta simples: acordem o amor-próprio, pendurem a bandeira nacional nas varandas e nos carros! E foi a festa que se sabe. Um brasileiro fez mais pela auto-estima dos portugueses do que anos consecutivos de rendimento mínimo garantido e de selecções nacionais formadas por referendo.

No final ajustam-se as contas. Por agora…

Viva Scolari!

11 comentários:

  1. Eu cá gostei muito mais deste Post do que alguma vez gostarei do casmurro Scolari. O caro JMMA tocou em dois pontos que para mim são fundamentais:
    1- "aqui quem manda sou eu". Um líder não tem a necessidade de dizer que é líder. O Management Standards Centre diz que "liderar é fornecer uma orientação, facilitar a mudança e alcançar resultados através da utilização eficiente, criativa e responsável de recursos". Pois bem, para mim o Scolari:
    - não orienta (a qualidade dos nossos jogadores é que o orientam);
    - não facilita a mudança (com ele não há mudança);
    - nem utiliza de forma eficiente, criativa e responsável os seus recursos (como já o disse, existem bons recursos que por cá vão ficar e existem maus recursos que vão passear até à Alemanha).
    Logo não acho que seja o bom líder que ele pensa que é, nem acho que que seja o líder que a nossa selecção necessita.

    2- "Para Scolari uma equipa é uma espécie de família". Concordo perfeitamente. A família coloca sempre em primeiro lugar os seus, independentemente do seu valor.

    Será este um bom seleccionador?

    Mas como diz: "No final ajustam-se as contas. Por agora…"

    Detesto o Scolari.

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  2. Amigo Vitor no final você diz tudo (detesta o Scolari!!!).
    E se hesiste culpados para você ter essa opinião do Sr. Scolari são o Vitor Baia e o Sr. Pinto da Costa.
    Pensava que depois desta época tinha mudado de opinião, será tambem detesta o treinador do seu clube.
    Esquece-se que o Sr. Scolari foi campeão do mundo e finalista do europeu de selecções.
    SCOLARI O GRANDE!!!!!

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  3. Caro JMMA,

    Concordo, em linhas gerais, com o seu post. A excepção prende-se, essencialmente, com as razões que invoca para a não convocação do Quaresma. Concordo com a mesma mas não pq tenha "etiquetado" algumas das senhoras que os filhos vestem (literal ou em sentido figurativo) de vermelho, até pq este foram os mesmos que, sem o gosto inebriante da vitória, tiveram uma atitude semelhante para com quem se preparam para aplaudir (leia-se Cristiano Ronaldo).

    Só o seguinte reparo - "apreciações fundamentadas, feitas aqui no blog com ponderação e saber, nomeadamente por parte do nosso portista Vítor" - esta passagem de mão pelo pêlo do Bítor era desnecessária...


    Caro Vítor Peliteiro,

    Ultrapasse, de uma vez por todas, esse "ressabianço" em relação à não convocação do Baía e ás "orelhas moucas" do Filipão em relação ao seu Presidente.

    Definições académicas de liderança, consigo arranjar-lhe uma 100 (tão ou mais respeitáveis que a do seu Management Standards Centre).

    Facto - o homem é campeão do mundo em título (tb lhe apresento uma mão cheia de treinadores q não o forma com a Selecção Brasileira...) e vice-campeão da Europa (tb lhe indico uma série treinadores de paises organizadores de provas desta dimensão que não conseguiram o acesso à final).

    Cumprimentos a ambos

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  4. Eu gosto do Scolari, porque ele faz "gato sapato" do poder instituído. Leia-se jornalistas, e dirigentes desportivos que outrora tinham influência no seio da selecção.

    Será que não é respeitável a decisão de deixar o Quaresma (temos lá o Simão, Boa Morte, Figo e Ronaldo) e o Baía (por razões de balneário) de fora????

    O português é um povo extremamente ingrato. Talvez com Oliveiras, Artur Jorges e Humbertos Coelhos, andávamos todos satisfeitinhos.

    Quem deixa Romário de fora, com a pressão de centenas de milhões de brasileiros completamento loucos pela Selecção, e de pressões de governantes brasileiros (recordo que nesse ano se sagrou campeão do mundo), estas criticas devem ser cócegas para ele (e ainda bem).

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  5. Daqui a 12 anos serei feliz... (a nível futebolístico claro) Mourinho como treinador da nossa selecção!
    Por enquanto, estou com o Vítor:
    Detesto o Scolari
    P.S – lembro-me de terem criticado tanto o Deco por ser “brasileiro”, não sei que amor é este agora mas ok!

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  6. Imagina tu Vítor, que o maravilhoso Scolari não convocava nem o Simão, nem o Nuno Gomes nem o Petit, como será que reagiriam os nossos amigos bloguistas do SLB??
    ;))

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  7. Caro «Anónimo» das 10:41,

    Concordaria consigo se a referência que menciona fosse «passar a mão pelo pêlo». Só que não é, ou pelo menos não era essa a intenção.

    Eu não devia dizer isto, mas...

    Acho eu: o «Bitor», apesar de ser portista (risos), às vezes (risos) diz coisas acertadas (risos).

    E depois, sabe: Em futebol não há verdades irrefutáveis. Nem a nossa.

    Saudações bloguistas.

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  8. pois é maior,sou postista,mas expliquem-me o k vai fazer o r.costa????

    a seleçao de tds nos deveria ser a melhor,e la nao estao os melhores,por isto esta nao é a minha seleçao é a seleçao de um palhaço que anda a gozar conosco.

    a situaçao com o agostinho?isso foi de homem?

    desculpem la,mas o gajo é palhaço,e ainda por cima nao explica os motivos das suas opçoes,porque?quem nao deve,nao teme....


    sera que nao é desta que vai pro SLB????????


    abraço e vivam os sub21,ai sim estao os melhores

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  9. É bem verdade Rita.
    O pessoal é que gosta do Baía! Não sei se repararam, mas não falei no Baía. Vocês e que estão a falar. A minha opinião do scolari nada tem a ver com o Baía. Essa fase já passou!

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  10. Este Bruno Pereira é mesmo bronco!!!
    Tenho que dar razão a um anónimo que por aqui andou uns tempos a implicar com este Bruno. Mas... bolas... não há alma que aguente...é mesmo um chato!!!

    José Fonseca

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  11. É o chamado, verdadeiro adepto portista!!!

    :)))

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