sexta-feira, 28 de setembro de 2007

CÁ ESTOU EU DE NOVO, Por Laurinha O'Doe

Não escrevi nada nos últimos dois meses porque, como expliquei, fui ‘fazer’ a temporada de férias com a minha amiga Gorete. Um resort de luxo algures no Mediterrâneo, onde playboys revivalistas vão à procura de aconchegos de alma em shows de strip e sessões de relax. Uma espécie de Sport Lisboa e Saudade estão a ver?

Para cúmulo do azar, vários desses saudosistas ficaram perdidos por mim, coisa habitual mas que não deixa de ser uma maçada. Quero eu dizer que nestes dois meses a minha vida foi como uma clínica de desintoxicação sentimental. Passei o tempo a demonstrar aos meus darlings que não era a Emmanuelle e que não merecia o amor que me dedicavam. Apenas os seus mimos: umas roupitas Christian Dior, algumas jóias e até uma ou outra peça de arte. Os mecenas tardaram a desamparar-me a loja, mas isso são detalhes que não merece a pena contar. Detesto os epílogos das histórias de serviço, não gosto de os viver e menos ainda de os contar. Por isso permaneci muda.

Soube que, entretanto, na globoesfera se desesperava pelo meu regresso. Mas se torno agora, ainda exausta de tanto trabalho, é sobretudo porque estamos em vésperas do derbi Benfica – Sporting, e os queridos sabem como gozo nos jogos a doer.

Por falar em jogos a doer. Se houve coisa que verdadeiramente me impressionou (para além das fífias do Stojkovic na baliza do Sporting, e do sopapo mal aviado de Scolari nas fuças do sérvio) foi o alarido em torno da selecção nacional de râguebi.

Em primeiro lugar o que me confunde é, desde logo, a palavra Selecção. Como «Selecção», se não temos râguebi! Mas o mais extraordinário é que, perdessem por quantos perdessem, os lobos tiveram sempre garantidas umas festas na cabeça por parte da comunicação social. Já não falo do peso-em-frangos, que faz parte das idiotices do costume. Refiro-me aos títulos eufóricos com que a imprensa nos bombardeou - aquela mesma imprensa que, segundo o Vítor, se esquece do FCP: «Orgulho nacional», «Eles deram tudo por Portugal. Vamos retribuir», «Para nós, vocês foram os campeões do mundo». «Portugal perde na despedida do Mundial».

É preciso ter lata. Perdeu na despedida e em todo o resto! Mesmo tendo em conta os objectivos (modestos) anunciados, a dita selecção não cumpriu nenhum; perdeu todos os jogos e nalguns casos a expressão da derrota chegou a medir-se pela escala dos anos-luz. Enfim, maneiras de ver…

Há dias que eu também me vejo assim – quer-se dizer - mais gaja que a Angelina Jolie. Mais mediática que a Bruna Surfistinha. Às vezes até mais senhora que a Helen Svedin. Chego a imaginar o Figo a sussurrar-me ao ouvido: «Ao pé de ti, a Helen é uma chiquitita». São sensações. Não ando é a apregoá-las por aí em títulos nos jornais.

A ver se nos entendemos: não tenho nada contra o râguebi. Verdade. Até me comovi quando a seita medieval cantou o hino. Estavam tão exuberantes que se o Pasteur fosse vivo ainda os vacinava. Mas facto é que o râguebi não me entusiasma. Causa-me até alguma estranheza um desporto onde as quedas não são simulações para enganar o árbitro. Mas, pior que tudo é a sensação de absurdo originada pelo facto de a bola ser em forma de melão. Se a ideia é a direcção da bola ser imprevisível, porque não jogam eles com uma bola redonda no relvado do Sporting?

Au revoir. Beijinho, beijinho!

5 comentários:

  1. conhece a história da selecção de râguebi? NÃO.

    sabe o que os jogadores fizeram para estar no Mundial entre os melhores? NÃO.

    alguma vez praticou desporto ao mais alto nível? NÃO.

    então deixe de ser mais um portuguesinho do portugal profundo, triste, cinzenta, sempre de mal com tudo e com todos porque a sua vida não passa de uma miséria.

    ResponderEliminar
  2. ISTO está escrito no site oficial do Mundial de râguebi. Acho que diz tudo

    Drinking Portugal`s spirit

    Portugal: SpiritedIf I am being honest the World Cup has been pretty boring so far, baring the odd match here and there, and with the pool schedule passing the half-way stage I don't see much hope of improvement.

    You would think the prospect of the knock-out stages would be something to look forward to, but sadly it is not the case. And there is one reason in particular for this lack of enthusiasm: Portugal will have gone home already. Yes, you did read that right.

    In a tournament where professionalism is the key ingredient we have seen the camaraderie of days gone by, forgotten, lost in the snottiness of an overly professional approach.

    Thank goodness then for Portugal, for whilst they have not set the tournament on fire with their rugby, they have added a special something to the otherwise mundane goings on.

    The highlight for me was their impromptu game of football with the All Blacks, despite having just suffered a huge defeat. This solitary act showed that the Portuguese are, in my eyes, above every other team at the tournament. They reached out to the All Blacks in a way unbeknown in the modern era, and credit to Dan Carter and company for accepting the challenge.

    Yet it goes beyond such acts, for Portugal have brought a unity to this tournament that we have not seen in rugby for a long time. For they are, with all due respect, the ultimate underdog, and there is not a soul who does not wish them every success.

    If you don't believe me, just listen to the crowds get behind them. Never has there been a more popular score than when Rui Cordeiro burrowed over against the All Blacks, to the delight of millions the world over. One senses maybe even Graham Henry cheered it on the inside, even if his stoic glare suggested otherwise.

    Everywhere they go they spread their love for the game, and there side is packed full of characters fulfilling their wildest dreams. That is what makes them appreciate every minute they spend at the World Cup, for they may never get such a chance again. The squads of Australia, South Africa, England, Wales and France all know there will probably be another World Cup for them, but not so Portugal.

    So whilst they have taken their rugby seriously they have taken a refreshing mindset off the field. They have not locked themselves away from the media and fans, instead they have embraced the entire package that is their World Cup.

    What price then for a Portuguese victory in their final game, one which they may actually go into as favourites. Surprising as that sounds for a team ranked 22nd in the world, Portugal have displayed a far superior brand of attacking rugby to Romania.

    I for one will be right behind Os Lobos, a side who have found a special place in my heart, with their unique approach to a tournament that so desperately needed a breath of fresh air. Let us pray that the IRB recognise as much and endeavour to push the second-tier nations forward, so that come 2011, the World Cup matches will not be as one-sided and boring. And finally, dare I say it, Viva os Lobos! Fazer-nos sentir orgulhosos esta terça-feira. Boa sorte e obrigado!.

    By Marcus Leach

    ResponderEliminar
  3. Uma vez que o «anónimo» do dia 29, sabe tanta coisa, até sabe aquilo que eu sei e que eu não sei(sem me conhecer!) - talvez pudesse esclarecer ao Footbicancas se a condição de «amadores» dos estimados Lobos inclui ou não o encargo doméstico de lavar as próprias camisolas.

    É que, olhando aos estratos sociais donde provem a maioria daqueles «amadores», é muito provável que cada um tenha a sua Maria ou a sua Svetlana a tratar-lhes do equipamento.

    Tem coisas boas, afinal, esse tal «Portugal profundo, triste e cinzento»...

    ResponderEliminar
  4. mas que estratos sociais? sabe do que fala ou fala por ouvir os outros dizer ou por haver essa tradição no râguebi? até da pedreira dos húngaros há jogadores no râguebi!

    mas o estrato social agora importa para o mérito de uma pessoa? desde quando? que raio de preconceito! eu sou pobre, mas se fosse rico e fizesse uma coisa bem não tinha mérito????

    e o que interessa isso dos equipamentos? o que importa é que eles tinham uma ambição e foram atrás dela. Não só a concretizaram como, apesar de saberem que iam perder pelo menos três jogos, lutaram em todos até ao fim! não é esta a essência do desporto?

    e mesmo que fossem profissionais também teriam esse mérito. a verdade é que não são. por mais que alguns intelectuais queiram desvalorizar o feito deles com esse argumento ridículo. Em 30, há 5 jogadores que vivem do râguebi, mas quem pensar que quando terminarem a carreira não fazem mais nada, como no futebol, está enganado.

    ResponderEliminar