Entrevista muito interessante, e até com algumas tiradas hilariantes de Petit, ex-trinco do Benfica e actualmente a jogar no Colónia. Se tiverem um tempinho, aconselho. Aqui
Para aqueles que não quiserem ler a entrevista toda, deixo aqui um pequeno Best Of:
Quando estava a caminho dos treze anos fui operado a um joelho porque tinha uma perna mais curta que a outra. Fiquei parado ano e meio. A escola ficou para trás, lembro-me de ser expulso, não dava mais, disseram-me que eu era... inteligente de mais para a escola.
Explique lá como se envolveu nas eleições do Benfica, como mandatário do candidato Bruno Carvalho.
(desmancha-se a rir) Quer que lhe diga? Estava num restaurante e ligou-me um primo que trabalha no Porto Canal. “Olha, o Bruno, o meu patrão, pergunta se queres ser mandatário da campanha dele.” Eu só tenho o primeiro ano, não sabia o que queria dizer ser mandatário e disse-lhe: “Mete lá aí o meu nome.”
Uma vez partiu o maxilar [Benfica-Académica, no Estádio da Luz] e a sensação que deu foi que queria continuar dentro do campo.
Sim, pensava que ia continuar. Passei a língua, vi que não tinha os dentes mas julguei que era uma questão de estancar o sangue. Só quando o doutor Bernardo [Vasconcelos] me disse que o maxilar tinha ido para trás é que percebi que estava pendurado. É a minha maneira de ser, dou tudo...
Com Trapattoni se calhar tinham menos e foram campeões.
No ano do título éramos poucos mas alguns de qualidade, como o Miguel, o Luisão, o Fyssas, eu e o Manuel Fernandes, o Simão, o Nuno Gomes e o Geovanni. Depois tínhamos dois salvadores, o Karadas, que entrava para bater neles, no ataque ou na defesa, e o Mantorras, que fez golos importantes.
Também era um rapaz envergonhado quando chegou à selecção?
Claro que sim. Antes só via aquela gente pela televisão! Quando lá cheguei alguns tinham sido eleitos os melhores centrais da Europa (Fernando Couto e Jorge Costa), o Figo lutava para ser o melhor do mundo. Nunca tinha imaginado estar perto, quanto mais jogar ao lado deles! Às vezes dizia alguma coisa e ficava à espera a ver o que respondiam, para ver se continuava a falar.
Tratava os craques por tu ou por você?
Até dá vergonha. Não sabia se devia dizer “Figo”, ou “Luís”. Não me conheciam de lado nenhum, nunca tive percurso de selecções, só tinha ido à selecção B fazer dois jogos. Depois saltei logo para a selecção A e era olhado de lado porque era jogador do Boavista. Havia muito respeito e às vezes os mais novos tinham de ouvir uma palavra e fechavam a matraca. Se calhar tratei alguém por senhor algumas vezes. Ia dizer “Luís”? Ou “Figo”? Nos treinos eu nem pedia a bola e quando a roubava entregava-a logo a eles, porque tinha vergonha de dizer “ó Figo”, “ó Rui”, “ó Pauleta!”. Ficava no meu cantinho.
Para aqueles que não quiserem ler a entrevista toda, deixo aqui um pequeno Best Of:
Quando estava a caminho dos treze anos fui operado a um joelho porque tinha uma perna mais curta que a outra. Fiquei parado ano e meio. A escola ficou para trás, lembro-me de ser expulso, não dava mais, disseram-me que eu era... inteligente de mais para a escola.
Explique lá como se envolveu nas eleições do Benfica, como mandatário do candidato Bruno Carvalho.
(desmancha-se a rir) Quer que lhe diga? Estava num restaurante e ligou-me um primo que trabalha no Porto Canal. “Olha, o Bruno, o meu patrão, pergunta se queres ser mandatário da campanha dele.” Eu só tenho o primeiro ano, não sabia o que queria dizer ser mandatário e disse-lhe: “Mete lá aí o meu nome.”
Uma vez partiu o maxilar [Benfica-Académica, no Estádio da Luz] e a sensação que deu foi que queria continuar dentro do campo.
Sim, pensava que ia continuar. Passei a língua, vi que não tinha os dentes mas julguei que era uma questão de estancar o sangue. Só quando o doutor Bernardo [Vasconcelos] me disse que o maxilar tinha ido para trás é que percebi que estava pendurado. É a minha maneira de ser, dou tudo...
Com Trapattoni se calhar tinham menos e foram campeões.
No ano do título éramos poucos mas alguns de qualidade, como o Miguel, o Luisão, o Fyssas, eu e o Manuel Fernandes, o Simão, o Nuno Gomes e o Geovanni. Depois tínhamos dois salvadores, o Karadas, que entrava para bater neles, no ataque ou na defesa, e o Mantorras, que fez golos importantes.
Também era um rapaz envergonhado quando chegou à selecção?
Claro que sim. Antes só via aquela gente pela televisão! Quando lá cheguei alguns tinham sido eleitos os melhores centrais da Europa (Fernando Couto e Jorge Costa), o Figo lutava para ser o melhor do mundo. Nunca tinha imaginado estar perto, quanto mais jogar ao lado deles! Às vezes dizia alguma coisa e ficava à espera a ver o que respondiam, para ver se continuava a falar.
Tratava os craques por tu ou por você?
Até dá vergonha. Não sabia se devia dizer “Figo”, ou “Luís”. Não me conheciam de lado nenhum, nunca tive percurso de selecções, só tinha ido à selecção B fazer dois jogos. Depois saltei logo para a selecção A e era olhado de lado porque era jogador do Boavista. Havia muito respeito e às vezes os mais novos tinham de ouvir uma palavra e fechavam a matraca. Se calhar tratei alguém por senhor algumas vezes. Ia dizer “Luís”? Ou “Figo”? Nos treinos eu nem pedia a bola e quando a roubava entregava-a logo a eles, porque tinha vergonha de dizer “ó Figo”, “ó Rui”, “ó Pauleta!”. Ficava no meu cantinho.
É uma verdadeira peça de antologia.
ResponderEliminarAtenção Curral de Moinas, atenção Liga dos Últimos, atenção Gato Fedorento - aqui têm um diamante por lapidar.